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Revelado aos 12 anos em Terra Nostra, ator declara: "Vou carregar o Tiziu para minha vida"

André Luiz Miranda relembra os bastidores da novela que chega nesta segunda-feira (9) ao Globoplay

"Era uma criança com um papel de muito destaque naquela trama, que marcou a minha vida e a de muita gente", avalia André Luiz Miranda - Foto: Montagem NT
Por Walter Felix

Publicado em 09/11/2020 às 05:00:00

André Luiz Miranda foi uma das revelações de Terra Nostra, novela exibida entre 1999 e 2000 que chega ao Globoplay nesta segunda-feira (9). Com apenas 12 anos, ele deu vida a Tiziu na história de Benedito Ruy Barbosa dirigida por Jayme Monjardim. Foi o primeiro papel do ator que seguiu na carreira artística, como conta, aos 33 anos, em entrevista exclusiva ao NaTelinha.

“Era tudo novo para mim. Lembro da primeira vez em que fui ao Projac [hoje Estúdios Globo], aquela fábrica de sonhos. Tudo que eu via na televisão estava ali na minha frente. Trabalhei com grandes atores, que brincavam e tinham muito carinho comigo”, recorda André Luiz Miranda. Em Terra Nostra, ele contracenou com Antônio Fagundes, Débora Duarte, entre outros nomes de peso.

Bastante elogiado por sua atuação na época, o ator revela que Tiziu é, até hoje, seu personagem mais lembrado pelo público. “Vou carregar o Tiziu para minha vida. Eu era uma criança com um papel de muito destaque naquela trama, que marcou a minha vida e a de muita gente. Muitos quando me olham hoje ainda veem a carinha do Tiziu”, conta.

Estrear em uma novela das oito, marcada por grande audiência, foi um desafio que o menino encarou com leveza e naturalidade. “Quando você é criança, não tem a real dimensão das coisas. Estava ali fazendo o que sempre gostei. Era quase trabalhar brincando, ou brincar trabalhando (risos)”, diz André Luiz.

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Reconhecido como ator mirim, André Luiz Miranda nunca abandonou a carreira

Após o sucesso em Terra Nostra, André Luiz Miranda seguiu como ator. Atuou em Floribella (2005) e Avenida Brasil (2012), entre várias outras produções. Seu trabalho mais recente em novelas foi Malhação: Vidas Brasileiras, entre 2018 e 2019. Ele nadou contra a corrente dos artistas mirins que não conseguem se firmar na carreira com a chegada de adolescência.

“Sempre gostei de tudo relacionado à arte. Desde meus 4 anos, fazia peças e dançava na escola. Fui eu que pedi para minha mãe me levar a uma agência, porque queria ser ator desde pequenininho. Entrei pela primeira vez em uma agência aos 7 anos”, comenta.

Para outros pequenos artistas, contudo, o “encanto” acaba se perdendo. “No começo, pode ser até divertido, mas depois a criança ou o adolescente descobre que não é aquilo que quer para vida inteira. Tive sorte, porque no período mais difícil para o ator, que é a adolescência, em que muda o corpo e a voz, trabalhei muito, emendei um trabalho atrás do outro. Fora que sempre amei atuar, o que tornou toda essa transição muito mais fácil”, avalia André Luiz.

Aos 33, casado e com uma filha pequena, ele voltará ao ar no ano que vem como Gyasi, em Gênesis, próxima novela bíblica da Record. As gravações, interrompidas pela pandemia do coronavírus, serão retomadas ainda em novembro. O ator também está na série de humor Galera FC, do Grupo Turner, com Maicon Rodrigues no elenco, que deve ir ao ar em breve na TV a cabo.

Ator ressalta importância do protagonismo negro na TV: “Precisamos contar a nossa história”

Ambientada no início do século XX, pós-abolição, a trama de Terra Nostra trazia reflexos do período de escravidão no Brasil. Ao longo da trama, Tiziu desenvolve uma amizade por Matteo (Thiago Lacerda), imigrante italiano contratado para substituir a mão de obra escrava nas plantações de café.

A densidade dos assuntos abordados escapava da compreensão do ator de 12 anos. “Até porque, naquela época, nos livros com que eu estudava na escola, e também na própria novela, a história do negro não era contada de fato. Vinte anos depois, muita gente ainda não tem a dimensão da importância que é falar sobre esse tema”, afirma André Luiz.

Ele nota a ausência de protagonismo negro inclusive nas novelas que abordam o período da escravidão. “Temos a maior população negra fora da África, mas, nas novelas brasileiras, de 40 ou 50 personagens, no máximo quatro são negros. O que vemos na TV é reflexo da nossa sociedade: todos esses processos comunicativos no dia a dia promovem uma política de exclusão do corpo negro e limitam também os lugares que ele ocupa.”

“Essa falta de representatividade do negro na TV influencia a constituição da identidade da população. A arte tem um poder transformador e, por meio dela, podemos conscientizar. Precisamos ter uma forte campanha para o protagonismo negro, inclusive com autores, produtores e diretores negros. Precisamos contar a nossa história como ela é de verdade, com os nossos olhares, angústias e subjetividades”, frisa André Luiz.

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