Na estreia de "Verão 90", veja o que mudou na dramaturgia desde a década de 90

A nova novela das 19h, “Verão 90”, estreia nesta terça-feira (29) levando ao ar o estilo de vida dos anos 90, tão cultuado pela geração dos 30 e poucos anos. Muita coisa mudou de lá para cá e também na dramaturgia houve alterações significativas.

A reportagem do NaTelinha pesquisou críticas e textos desde os anos 90 até os dias atuais em referência à teledramaturgia brasileira para entender melhor as diferenças entre o jeito de se fazer novela na época e agora.

A principal alteração ao que basicamente todo crítico observa nos últimos 15, 20 anos se dá justamente na forma de se levar ao ar uma obra. Antigamente, autores e diretores não tinham grande preocupação com ritmo e dinamismo em cena.

Em um curso de roteiro, a autora Thelma Guedes chegou a explicar o tema: “Antigamente os autores podiam escrever cenas de cinco, seis minutos sem grande preocupação, hoje, o público não aceita esse tipo de formato”.

De fato, ao se observar novelas da década de 90, como por exemplo “Por Amor” (1998), de Manoel Carlos, era possível observar grandes cenas de diálogos entre personagens. Mesmo autores considerados mais ágeis, como Silvio de Abreu, não tinham grandes preocupações com o tamanho da cena. “A Próxima Vítima” (1995) exibia sequências consideradas longas para os padrões atuais.

Atualmente, o que se vê no ar são cenas curtas e constantes mudanças de takes. Neste caso, a cultura também modificou o estilo de se dirigir. Se planos longos e abertos eram bem aceitos nos anos 90, vide “Pantanal” (1990), nos tempos modernos isso poderia ser considerado um risco para o diretor.

Em entrevista ao Estadão em 2008, o próprio diretor de “Pantanal”, Jayme Monjardim, chegou a comentar que considerava inviável um remake da novela justamente por conta do dinamismo que as telenovelas estavam ganhando.

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Embora aparente ser uma grande homenagem ao estilo de vida dos anos 90, é bastante improvável que “Verão 90” opte por levar ao ar uma novela típica daquela década. Isso porque, segundo a crítica especializada, não há mais espaço para aquele modelo de folhetins no Brasil atual.

Vale lembrar que uma produção já tentou algo semelhante e não obteve êxito. “Boogie Oogie” (2014), novela das 18h e que até outro dia ostentava o título de pior audiência da história no horário, fez referência aos anos 70 e tentou homenagear até o estilo dos folhetins daquela época.

“Verão 90” estreia nesta terça-feira (29) no horário das 19h da Globo, substituindo "O Tempo Não Para".