"Fala sem conhecimento"

Rodrigo Faro sobre rótulo de "programa choradeira": "Quem fala isso, não conhece"

"Hora do Faro" estreou em 2014 e vem consolidado no segundo lugar de audiência

Divulgação/RecordTV
Por Thiago Forato , com Gabriel Vaquer

Publicado em 29/04/2017 às 08:15:47

Rodrigo Faro está há três anos nos domingos da RecordTV. Vice-líder do horário, já alcançou a ponta diversas vezes, batendo nomes consagrados neste dia, como Silvio Santos e Fausto Silva.

Em entrevista exclusiva ao NaTelinha, concedida nos bastidores do "Hora do Faro", ele fala como se prepara para gravar o programa e diz que desacelerou ao abraçar muitas marcas. "Escolhemos só as marcas bem grandes, bem fortes, para estar comigo", orgulha-se.

Faro promete que deste ano seu novo cenário não passa: "Estava previsto para dois anos atrás. O importante é ter fé", brinca ele.

O apresentador diz que quem rotula seu programa como uma "choradeira", não o assiste. "Quem fala isso, fala sem conhecimento", declara.

Confira a entrevista na íntegra:

Não posso fazer um programa só de palhaçada. Tem que ter de tudo.

Rodrigo Faro

NaTelinha - Você é um cara que não erra quando grava. Como você se prepara antes? Como você foca para ser o mais natural possível e ser mais próximo do ao vivo?

Rodrigo Faro - É verdade. Eu estudo o roteiro, leio antes de gravar. Sempre. Até para gravar merchandising, não sou aquele cara que grava e: "poxa vida, sou tão bom que vou fazer de primeira". Não acredito nisso. Para sair de uma coisa que tá escrita, tem que saber o que tá escrito.

Uma coisa que eu faço muito, ninguém sabe: antes do programa, eu venho pra cá, pego cada quadro e disseco o quadro, como começa, como se desenvolve. Vou lendo tudo. O que tenho dúvida, pergunto. A gente muda alguma coisa quando acha que não tá legal, inverte ordem, quando acha que pode perder o ritmo, porque precisa desse ritmo, senão, não consegue ficar quatro horas no ar. O segredo de não errar e gravar como se fosse ao vivo, é esse: estudar e saber muito bem antes.

NaTelinha - Você veio do teatro, fez novela e veio aqui apresentar, ninguém confiava. Hoje, é um dos Top1- que mais fazem progaganda no país...

Rodrigo Faro - Sem dúvida. Cheguei a ser Top1 alguns anos atrás, mas por opção própria, optamos por dar uma diminuída.

NaTelinha - Tava cansando?

Rodrigo Faro - Não é nem cansando. São marcas muito grandes, tem que tomar cuidado pra não ficar exagerado. Escolhemos só as marcas bem grandes, bem fortes, para estar comigo. Isso para as campanhas. Para merchandising não, são 10 por programa. É uma loucura dar conta de tudo isso.

NaTelinha - Vamos voltar para o programa. Você tem um concorrente que tava no ao vivo e voltou para o gravado. Você ainda tem o desejo de ser o ao vivo? Como você vê o programa da Eliana? Como você vê sua concorrência?

Rodrigo Faro - Ela deixando de fazer ao vivo, perde a estratégia de breaks, ir junto... Mas eles continuam fazendo isso no gravado, mantém o insert de plateia aplaudindo.

É uma estratégia normal que muitos programas fazem. Mas quando você tá ao vivo, fica mais bonito pra quem tá em casa. Assim, o que eu vejo dos nossos concorrentes, não só da Eliana, mas do Fausto e do "Roda a Roda", é isso, todo mundo se mexendo.

A Eliana foi fora comprar vários formatos. O Faustão também. Eu já vi esse quadro assim, de gente que se veste de outros artistas... Todo mundo tá se mexendo, se reforçando pra essa batalha.

Não sei se vai continuar a "Dança dos Famosos", mas temos reformulado nossos quadros, nosso cenário vai vir. Estava previsto para dois anos atrás, mas vamos ver se sai. O importante é ter fé. O projeto tá pronto, e depois que começar a executar... Não vai ser mais arena, vai ser tipo teatro.

Nota da redação: O quadro "de gente que se veste de outros artistas", citado por Faro, é o "Show dos Famosos", que estreou no último domingo (23) no "Domingão do Faustão" e é a versão brasileira do original "Your Face Sounds Familiar", que já foi produzido pelo SBT com o título de "Esse Artista Sou Eu".

NaTelinha - Você comemora audiência em casa no Instagram. Como você acompanha seu programa?

Rodrigo Faro - Sempre que posso, gosto de assistir. Audiência é super importante, mas quero ver o programa como um todo, como um organismo mesmo. Como estão posicionados os intervalos comerciais, a edição dos VTs, a sonorização, eu assisto com outros olhos. Mas, às vezes, me vejo emocionado.

NaTelinha - Você olha como telespectador?

Rodrigo Faro - É. Acabo embarcando como telespectador e acabo vendo.

NaTelinha - Há alguns meses, você levou um menino no palco para conhecer o cantor Leonardo e chegou a liderar a audiência, porém, depois surgiu que a criança já conhecia o sertanejo. Conte a linha do tempo dessa atração.

Rodrigo Faro - O que aconteceu é que eu usei a palavra "conhecer" ao invés de "encontrar". Ele havia dito que conhecia o Leonardo. Era isso que a gente sabia. Mas não sabíamos que havia feito um programa, porque isso aconteceu em Barretos, num jornal em Barretos. Um minuto num jornal lá. Ninguém sabia.

Eu sabia que ele tinha estado num show com Leonardo. Ponto final. Era essa a informação que nós tínhamos. E eu falei, porque fiquei emocionado, o menino chorou, Leonardo chorou e eu usei a palavra "conhecer" e não "encontrar". Vai da opinião de cada um. O que é conhecer, é de cada um.

Todos choraram. Todos são atores? A emoção que ele tinha tido não foi nem 0,01%. O que aconteceu foi isso. Obviamente que temos jornalistas imparciais, que sabemos, mas não vou falar, que por uma coincidência, esse jornalista foi levantar isso como se estivéssemos como se quiséssemos enganar as pessoas.

Eu construí minha carreira em cima de verdades, e jamais faria algo que não fosse verdade. Houve uma tentativa de tentar denegrir a imagem do programa, mas não prejudicou em nada. Pelo contrário, ajudou mais ainda. O tiro saiu pela culatra.

NaTelinha - O que te incomoda?

Rodrigo Faro - Quando o assunto é muito pesado, me incomoda. Não consigo fazer o jornalista. Não consigo não me envolver. A gente evita, tomamos cuidado de fazer histórias pesadas, porque o domingo tem que ser mais leve. Não dá pra fazer um programa policial no domingo à tarde. Na vida, tem histórias alegres e tristes, mas tudo é a maneira que você conta essa história.

NaTelinha - Você acha um exagero quando dizem que seu programa é só choradeira?

Rodrigo Faro - Quem fala isso não assiste ao programa. Quem fala isso, fala sem conhecimento. Não sabe que tem o "Dança, Gatinho", não sabe que eu me fantasio... Quando você começa a incomodar, né?

Quando acabou "O Melhor do Brasil", muita gente se perguntou que Rodrigo viria? No sábado o "Rodrigo era, nossa, no sábado"... Estreia o "Hora do Faro", completamente diferente! Que choque, hein? Com histórias mais sérias... Aí aparecem os arquitetos de obra pronta.

De repente entra o "Vai dar Namoro": 20 pontos. Homenagem, 17. Entra minhas visitas na casa dos artistas, coisas que ninguém faz... E aí? Não posso fazer um programa só de palhaçada. Tem que ter de tudo. Tem que ter um momento que a criança vai se identificar mais, mas tem que fazer um programa que todos se identifiquem com aquele assunto. Por isso o "Vai dar Namoro" continua, o "Dança, Gatinho" continua...

As pessoas que falam isso não conhecem o programa ou são arquitetos de obra pronta. Temos incomodado muito. Tanto em audiência como em faturamento.

Na televisão, domingo à tarde, você sabe que sempre vai aparecer alguém contra seu programa. Mas, graças a Deus, quando aparece algo assim, só dá mais forças pra sabermos que está no caminho certo.

NaTelinha - Vamos falar do cara que te deu o "Troféu Imprensa", Silvio Santos!

Rodrigo Faro - Nos primeiros anos eu fiquei meio assim, mas nos últimos dois anos... Parece que as pessoas ficam esperando meu encontro com o Silvio. Principalmente a partir do quarto ano. Porque no primeiro ano ele cagou pra mim. No segundo falou do "Dança, Gatinho". No terceiro ele falava "nosso colega, grande apresentador". No quarto dei colante da Lady Gaga pra ele. No sexto dava conselhos pra ele e dona Íris dançar em casa. Já tava ensinando nudes, selfie e outras coisas. Fiquei 20 minutos no ar no "Troféu Imprensa". Ele me trata muito bem. É sempre muito legal.

NaTelinha - E sobre a Vera Viel? Você olha com uma paixão pra ela. Imaginou ficar 20 anos com ela?

Rodrigo Faro - Nunca. Quando vi a Vera, tinha certeza que seria ela. Esse ano faz 20 anos. Dia 13 de maio de 2017, 20 anos que conheci a Vera. A mãe, a esposa...

Se ela tiver um compromisso, se a filha tiver alguma coisa, ela larga tudo e vai cuidar dessa criança. São coisas... Além de ser linda. Ela é mais bonita ainda por dentro. Eu pretendo envelhecer com ela. Ficar com ela pra sempre.

Minha família é uma família de grandes mulheres. Minha avó, de 93 anos, minha mãe, minha mulher... Minha avó tá superbem, com a graça de Deus. E é isso. Sou um homem cercado de mulheres. Sou melhor por ser cercado de mulheres. Elas me fazem um homem melhor.

NaTelinha - Seu contrato acaba este ano?

Rodrigo Faro - Em janeiro ou fevereiro de 2018. Já começou a loucura, né? Oficialmente, não começamos a conversar ainda. Apenas recebi um telefonema para que a gente começasse a discutir isso. Vai demandar um tempo. Vamos ver o que vai acontecer.

A minha ideia é ficar porque em time que está ganhando não tem porque mexer. O programa é um sucesso de faturamento e audiência. Tem tudo pra gente se acertar. Venho de um contrato de oito anos. Estou aguardando, essa primeira reunião pra resolver. Tem a parte artística, comercial...

Li um monte de coisa falando de outras emissoras, mas não tem nada. Se tivesse, eu falaria. Jamais vou sentar com nenhuma emissora antes de sentar primeiro com a Record. Sei que deve haver uma valorização do meu trabalho, do meu salário, tenho certeza disso, absoluta. Mas primeiro preciso conversar com a Record.

Eles me deram tudo que eu tenho. Quem acreditou em mim primeiro foi a Record. A Globo tinha eu lá nas mãos. Eu tava lá na casa. E eu sempre pedindo um espaço. Nunca tive esse espaço. Eu não posso jamais agora falar "não quero". De jeito nenhum. Se esgotarem todas as possibilidades de negociação com a Record, aí sim, começamos a conversar com outras emissoras, se for o caso. Mas, ao mesmo tempo, jamais.

Eu fico queitinho, trabalhando, tô sossegadão, apresentando o programa.

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