Os Jogos Olímpicos do Rio, por Bárbara Coelho

NaTelinha convida mulheres da TV para escreverem crônicas sobre a Olimpíada

Reprodução
Por Redação NT

Publicado em 01/09/2016 às 17:11:38

Entre os dias 5 e 21 de agosto, o mundo se voltou ao Brasil, onde aconteceu a Olimpíada do Rio de Janeiro. Esta edição foi das mulheres, já que contou com a maior participação feminina da história, com 45% de todos os atletas.

Elas nos deram alegrias em todas as modalidades, demonstrando muita garra, com cenas emocionantes, históricas e ganhando mais medalhas que os homens no geral.

Pensando nisso, nesta fase pós-Olimpíada, o NaTelinha criou "Os Jogos pelas Mulheres", onde destaques femininos das transmissões na TV escrevem textos especiais para o site e contam como o evento passou pelos seus olhos.

Depois de Flavia Delaroli, da ESPN, e Domitila Becker, do SporTV, agora é a vez de Bárbara Coelho, parceira de Domitila no "Bom Dia SporTV" diariamente durante a competição.

Confira a crônica exclusiva:

2009... Onde eu estava mesmo? Na faculdade. Quando o Rio foi escolhido para ser sede dos Jogos eu era uma menina cheia de ambição - em 2010 vendi um carro para fazer uma cobertura independente da Copa do Mundo na África. Foi especial? Foi! Foi um divisor de águas? Foi... Pensar em Olimpíada era distante para mim. Mas uma certeza eu tinha: estaria lá!

De lá para cá vivia-se muita incerteza, uma dose exagerada de pessimismo e uma verdade: a maior oportunidade de nossas vidas ainda estava por vir. Faltavam 500 dias... faltavam 100... faltavam 10... chegou. Meu despertador tocaria às 2h da manhã. Não sabia se comia, ou se ia em jejum. Não sabia nem se desejava ao meu porteiro boa noite ou bom dia – nos 21 dias de cobertura era estranho para a vendedora do posto de gasolina atender aquela menina em meio a madrugada desejando bom dia a todos, enquanto seus clientes geralmente estavam ali estendendo uma noitada. Venci o primeiro desafio: acordar no meio da madrugada. E aprendi a primeira lição: Olimpíada não tem fuso.

Reunião de pauta no SporTV. Qual será a pergunta no Twitter? Como será a abertura? Quais os correspondentes vão entrar? Quais assuntos devem ser destaques em duas horas de programa?

Pegamos a van até o Parque às 4h30. Era como se eu sentisse a disposição de um atleta, completamente preparado fisicamente e mentalmente para aquela maratona. Joice (editora chefe), dizia: “divirtam-se, meninas”. Cesinha (diretor de TV) falava: “faltam 10 segundos... atenção!”. Ali saia de mim o “Bom Dia” mais disposto que poderia desejar.


E quando o outro dia amanhecia – para mim 2h já era dia -, a melhor rotina da minha vida estava para começar de novo. Eu já sofria em pensar que aquilo poderia acabar.

Vi a prata do Arthur Zanetti, vi a vitória no basquete masculino sobre a Espanha nos cinco segundos finais de partida... Chorei junto com Diego Hipolyto. Me emocionei com a torcida pelo Bellucci, no tênis. Sofri com a Rafaela Silva. No Maracanã, senti embrulho no estômago quando Neymar se aproximou para bater aquele pênalti. Assisti o ouro no vôlei de praia, tomei um banho e fui trabalhar. Ninguém dizia que naquela noite eu não tinha dormido um minuto sequer. Tudo bem que o cochilo veio logo depois da reunião que acontecia ao fim do programa. Não cobri. Eu vivi a Olimpíada!

Cheguei ao último programa.  De todos os dias vividos até ali, o 21 foi o mais difícil. Entrar naquele estúdio e trabalhar com aquela equipe pela última vez. Ei, não podia durar um pouquinho mais?

Não. Veio na dose e no tempo certo, e de "brinde" participei da maior cobertura da história da televisão. Ainda estou anestesiada e digerindo as milhares lições que o esporte me trouxe, mais uma vez! Já bate uma saudade boa de sentir tudo isso. E hoje posso dizer: A Olimpíada mudou a minha vida.

Bárbara Coelho, apresentadora do SporTV

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