Em 2009, Televisa tentou entrar na TV paga, mas lei e Globo atrapalharam

"Eu Paguei Pra Ver" relembra histórias e curiosidades da TV paga brasileira

Fotos: Divulgação
Por Redação NT

Publicado em 11/05/2016 às 03:00:00

Depois da Globo, a Televisa é a maior produtora de novelas do mundo - em língua castelhana, é a maior de todas -, com suas novelas já tendo sido exibidas em mais de 169 países ao redor do planeta.

Com o seu arquivo enorme, já que produz tramas e programas desde os anos 60, era natural que, um dia, o grupo tentasse usar isso ao seu favor, para entrar no mercado brasileiro de televisão por assinatura. Em 2009, nos países de língua portuguesa, a Televisa lançou um canal chamado TLN Network. 

A proposta era exibir tramas mexicanas inéditas e reprises de grandes sucessos na TV paga, como "A Usurpadora", "Marimar", "O Privilégio de Amar", dentre outras que fizeram história quando exibidas no SBT nos anos 90. 

Além disso, o TLN também traria novelas inéditas e seriados para o público brasileiro, como "Sonhos e Caramelos", "O Pantera" e "S.O.S Sexo e Outras Coisas". A intenção da Televisa era ter a mesma audiência e popularidade na TV aberta. Quando foi lançado, a ideia era que o canal disputasse, palmo a palmo, em audiência com canais de séries como Fox, Sony, AXN, Universal Channel, entre outros da TV paga. 

Mas alguns graves problemas ocorreram. A Televisa só conseguiu fechar contrato com a Oi TV, quarta maior operadora do Brasil, além de algumas menores locais. Net, Sky e Claro TV se recusaram a fazer contrato com o canal, por considerá-lo de baixa qualidade - e de fato, sua qualidade técnica não era boa. Em plena era do HD, o canal tinha qualidade de streaming pirata da internet, segundo queixa de telespectadores. 

Além disso, indiretamente, a Globo atrapalhou os planos da Televisa. O canal Viva tinha uma proposta parecida com a TLN: reprisar novelas da rede carioca e trazer algumas produções inéditas. Porém, o que derrubou o TLN no Brasil foi a chamada Lei da TV paga, que obrigava, em 2009, as operadoras a carregarem um canal nacional a cada seis estrangeiros de entretenimento.

Em setembro de 2013, essa proporção mudou para um canal nacional a cada três internacionais. Com isso, a única operadora que a carregava, a Oi TV, tirou a emissora do ar. 

Hoje, o TLN Network está apenas em programadoras de Angola e Moçambique, onde o sinal é o mesmo que o Brasil. Em 2015, especulações davam conta que o canal poderia voltar por aqui, mas nada 100% confirmado.


Gabriel Vaquer escreve sobre mídia e televisão há vários anos. No NaTelinha, é responsável por reportagens variadas e especiais. Na coluna "Antenado", fala sobre TV aberta quando a necessidade pedir. Já no "Eu Paguei Pra Ver", conta histórias curiosas sobre a TV por assinatura no Brasil. Converse com ele. E-mail: gabriel@natelinha.com.br / Twitter: @bielvaquer

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