Publicado em 31/10/2023 às 19:55:00,
atualizado em 03/11/2023 às 16:42:58
Aconteceu na última segunda-feira (30), o 1º Fórum Brasileiro de TV Aberta em SP, promovido pelo NaTelinha e idealizado pelo jornalista James Ackel. O evento contou com a participação de prestigiados profissionais de mídia: Nilton Travesso, Reinaldo Gottino, Alberto Luchetti, Caio Luiz de Carvalho, Antonio Zimmerle, Lauro Cesar Muniz, JP Vallone, Fernando Mauro, Hermano Henning, Marcus Montenegro e Mônica Pimentel. Por cerca de duas horas, eles expuseram suas perspectivas sobre o mercado televisivo e os desafios do futuro da plataforma.
O 1º Fórum Brasileiro de TV Aberta aconteceu Assembleia Legislativa (Alesp) e foi transmitido pelo canal no YouTube. “No evento que estava marcado para terminar às 21h30 e foi até 22h20, havia muita aula sendo dada por gente que faz TV com sucesso", celebrou James Ackel que comandou o Fórum.
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E concluiu: "Nós procuramos quebrar a formalidade para que todos ficassem à vontade e pudessem debater com todas as palavras que quisessem”.
Uma dos profissionais mais aclamados foi o diretor de televisão Nilton Travesso, que contou histórias da plataforma aberta de radiodifusão no país e os bastidores da inauguração da Record.
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Antonio Zimmerle
“Se houver uma enchente como a que aconteceu agora, uma catástrofe em São Sebastião ou em qualquer lugar, se você não alterar a grade e tirar os programas X, Y, Z, não vou citar nomes para não ser indelicado aqui e privilegiar o que está acontecendo na sua região, nós estamos perdidos”.
“Eu acho que o futuro da televisão brasileira é a regionalização. Esse vai ser o meu maior desafio daqui para frente. Hoje me sinto feliz da vida e estou diante de vocês todos aqui. Autoridades, quero parabenizar James por esse encontro que é histórico. Eu até me emocionei também ao ver tantos colegas de trabalho aqui, mas eu acho que o nosso maior legado é defender a regionalização”.
Reinaldo Gottino
"O jornalismo é um pilar da televisão que se sustenta junto com eventos esportivos e novelas. O jornalismo na televisão continua muito forte. Aconteceu um fato de repercussão nacional ou internacional, as pessoas correm para a televisão. Esse é um sinal da credibilidade da televisão. Mas eu queria falar apenas de um outro olhar que acho interessante para os tempos atuais. Embora a internet seja muito forte, eu acho que na televisão só os bons vão permanecer".
"Por quê? Porque, para você fazer a pessoa ir para a frente do sofá e ligar a televisão, você vai ter que ganhar essa pessoa. Essa pessoa vai ter que estar lá por sua causa, no caso do apresentador, no caso da equipe da produção. Porque hoje é muito fácil. As pessoas têm acesso a muita coisa, muito vídeo curto, muita velocidade. Então, para você fazer a pessoa parar o que ela está fazendo nessa loucura do dia a dia, sentar na televisão, a pessoa só vai ficar para assistir se é algo que realmente chama a atenção dela. Então, a gente vai ter que ter uma outra leitura para atrair essa pessoa para que ela assista a gente".
Monica Pimentel
"O jornalismo é o grande atrativo. O futuro da TV aberta está muito focado nos eventos ao vivo, no esporte, que tem um papel relevante, e no jornalismo. Porque a importância que se tem da TV aberta no Brasil, que é um dos poucos países democráticos, de capital aberto, que você consegue atingir um alcance absurdo como a gente tem, que é de mais de noventa por cento, basicamente, do território, e você pode mandar mensagens em tempo real, com notícias que de fato foram apuradas. Que não é essa bagunça que todo mundo recebe notícias de qualquer lugar, do WhatsApp. O jornalismo será fundamental para o futuro da TV aberta".
Caio Luiz de Carvalho
"Me causa perplexidade também a questão do streaming, não no caso dos grandes globais, mas nessa profusão de plataformas que existem ou por aí. Por quê? Porque todo mundo tem que produzir conteúdo, todo mundo sabe que tem que distribuir em tudo quanto é lugar, mas ninguém ainda tem a forma correta e a forma certa da monetização. Eu quero ver quem é que paga a conta. Isso eu sinto claramente. Porque eu produzo conteúdo de qualidade e a propósito, um canal de arte no Brasil, e a maior alegria que eu tenho é que fecha a conta há dez anos está no azul. Mas está no azul dentro de um formato diferente, não é pelo assinante".
Alberto Luchetti
"Sou pessimista, que vai acontecer isso com a TV aberta. Eu diria que a TV aberta vai passar pelo mesmo, ou está passando, que passou as rádios. A rádio não deixou de existir com a chegada da televisão. Mas o que aconteceu com a rádio foi que deixou de ser a coqueluche da publicidade. O cara deixou de anunciar na rádio para anunciar na televisão e hoje está acontecendo isso com a televisão. Ela está deixando de ser a coqueluche por causa do streaming, por causa da Netflix, por causa de todas essas ações da própria TV a cabo. As pessoas têm uma variedade muito grande pra colocar dinheiro. E a TV aberta fica fragilizada, está fragilizada. Por isso que eu digo que sou pessimista eu não vejo com bons olhos o futuro da TV aberta".
JP Vallone
"O bolo que está se dividindo na publicidade hoje é que de certa forma está enfraquecendo a televisão. A televisão aberta pra fazer uma televisão forte, uma televisão grande, precisa ter um aporte financeiro grande, senão você não tem helicóptero, você não tem jornalismo, você não tem grandes pessoas".
"Eu acho que é um momento muito delicado. Você tem financeiramente as televisões todas baqueadas. Não tenho dúvida nenhuma de que o jornalismo vai ser cada vez mais importante, a gente hoje liga a televisão, e você vê a guerra ao vivo".
Hermano Henning
"A televisão aberta também não existirá. Eu não sei quando, mas no nosso no nosso país ela ainda vai resistir a um certo tempo. Mas é fatal. A televisão virou cinema. A gente vê televisão pra ver filme. Eu acho da minha parte o jornalismo é a única saída para a regionalização da TV no Brasil. E a segmentação é algo importante".
Fernando Mauro
"O que eu acho que nunca vai deixar de existir é um produtor de conteúdo com as câmeras que hoje cada vez são menores e mais modernos. O que vai ser a televisão? O que vai não vai não vai faltar? O produtor de conteúdo. O cara que é o contador de histórias e pode ser um jogo, pode ser um evento, pode ser o carnaval, pode ser o que for. Isso nunca vai faltar. O que vai mudar? Plataforma. Então, às vezes ela teve aberta, às vezes é na internet, às vezes é no streaming, às vezes é no YouTube, numa rede social e às vezes em tudo junto ao mesmo tempo, junto e misturado. O que nunca vai deixar de existir é o conteúdo eu acho que é uma questão de adaptação".
Lauro Cesar Muniz
"É nítida a inferioridade da Globo com o grupo que está escrevendo (novelas) hoje. É nítida. Com exceção do Walcyr Carrasco que é o autor já bastante conhecido e já teve oportunidade de fazer outras novelas. Com exceção dele, são todos novos e eles estão apanhando muito".
"Sabem o que acontece? Nós da minha geração, a do Dias (Gomes), a do (Nilton) Travesso, foi a primeira geração que realmente fez novelas aqui do Brasil".
Marcus Montenegro
"Eu estudei o movimento da TV Globo. A questão não está em ser contratada ou não. É óbvio que essa hora ia chegar. É óbvio que sabíamos que não teríamos dinheiro para manter contratos em valores muito altos por muito tempo sem os artistas trabalharem. Esse modelo de negócio não existe em lugar nenhum no Brasil. O que está em jogo é a jovialização e a diversidade com etarismo. Não existe diversidade com etarismo. A gente precisa aprender a fazer mesclar as gerações (no elenco)".
Nilton Travesso
"Era um grande acontecimento. De repente você está inaugurando uma emissora de televisão (TV Record) sem saber como é que vai ser o meu dia amanhã. A emoção toma conta e aí que eu descobri que para fazer televisão, lidar com aquela câmera de cinquenta quilos e um cabo, de uma grossura de um cano, eu comecei a achar que aquilo tinha uma coisa mágica. Era diferente como as pessoas quando se conduziam. A gente estava aprendendo a dirigir, estavamos botando uma televisão no ar, que coisa linda".
Assista ao 1º Fórum Brasileiro de TV Aberta na íntegra:
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