“Quando um oficial de justiça bateu na minha porta para levar o meu último carro, ele me reconheceu, ficou surpreso e me disse que eu era ídolo do filho dele de 9 anos, que estava com câncer. Eu pedi para ele esperar e fui buscar um presentinho para ele. Achei um bonequinho que fazia glu-glu e dei para ele. Ele ficou sem jeito, perguntou: ‘Como vou levar seu carro embora?’ Mas eu disse que não era para confundir as coisas, que era para ele fazer o trabalho dele. Quando ele desceu a ladeira da minha rua com o carro, eu comecei a chorar muito. Mas não era porque estava levando o meu carro. Foi porque eu percebi que, dentro da minha casa, eu tinha os meus três filhos saudáveis. Percebi que não tinha problemas, mas apenas obstáculos. Problema é chegar no hospital e o médico falar que você vai perder a pessoa que você ama. Boleto pra pagar, geladeira vazia, briga com a esposa são obstáculos. Eu só tinha o obstáculo de ter que voltar a ser um artista.”