“Fui escolhida para ser a má e funcionou.” É com essa naturalidade que Joana Fomm encara a alta frequência de vilãs em sua carreira na TV. Uma delas, que está entre as mais marcantes, entrava no ar há exatos 45 anos: a socialite Yolanda Pratini de Dancin’ Days, exibida na Globo entre 1978 e 1979. A união entre um folhetim dramático e a febre das discotecas no país gerou um dos maiores sucessos da história das novelas brasileiras.
Em entrevista exclusiva ao NaTelinha, aos 83 anos, Joana Fomm lembra a repercussão de sua personagem. Irmã da ex-presidiária Júlia Matos (Sônia Braga), a megera tentava impedir o contato da protagonista com a filha Marisa (Gloria Pires), criada por Yolanda depois que a mãe foi presa por envolvimento em um assalto que terminou em assassinato.
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Aquela foi a primeira de várias malvadas interpretadas pela atriz na TV. “As pessoas tinham ódio de mim e fiquei fazendo as más. Sem dúvida, as vilãs são divertidas de interpretar”, avalia. Curiosamente, ela daria vida a Neide, uma empregada ambiciosa na trama, mas foi alçada a antagonista principal depois que Norma Bengell (1935-2013) brigou com o diretor Daniel Filho e deixou o elenco.
Uma das telespectadoras que odiavam Joana era a cozinheira do próprio autor Gilberto Braga (1945-2021). Em entrevista, ele relatou ter ouvido da funcionária, certo dia: “Sei que o senhor é que escreve aquilo tudo, não sou burra. Bati o telefone outro dia por causa da cara de nojenta que ela fez quando a Júlia entrou no camburão da polícia. A cara não foi o senhor que escreveu, era dela mesmo”.
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A antipatia no público é bem diferente da popularidade das vilãs de hoje em dia, que conquistam fãs pelo histrionismo e rendem memes nas redes sociais. “Acho muito difícil comparar. À época de Dancin’ Days, as novelas tinham um outro tempo, uma outra dramaturgia, um outro tratamento. Eu prefiro Dancin’ Days”, comenta Joana, que admite não ver as tramas da TV há um bom tempo.
Longe da telinha desde uma participação na série Sob Pressão, em 2019 – antes disso, ela também fez novelas na Record –, a veterana aguarda convites para voltar ao ar. “Sinto falta, sim. Queria estar trabalhando porque adoro televisão”, afirma Joana, que também garante: “Estou bem e disposta a voltar a trabalhar”.
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Leia a íntegra da entrevista com Joana Fomm nos 45 anos de Dancin’ Days
NT: Como você compara a Yolanda de Dancin’ Days às vilãs de novela de hoje em dia, que são mais histriônicas, assassinas e malvadas ao extremo?
Acho muito difícil comparar. À época de Dancin’ Days as novelas tinham um outro tempo, uma outra dramaturgia, um outro tratamento. Eu prefiro Dancin’ Days.
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NT: Quais eram as reações do público à personagem?
Era muito engraçado. As pessoas ficam com raiva de mim, falavam mal de mim, mas quando me conheciam ou me encontravam, depois de cinco minutos, já estavam rindo comigo e sendo carinhosas.
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NT: As vilãs foram mais frequentes e marcantes na sua carreira que as boazinhas. Por que isso aconteceu? Há um prazer em fazer personagens malvadas?
As “boazinhas” não fizerem parte da minha carreira, mas não sei explicar o porquê. Eu fui escolhida para ser a má e funcionou. As pessoas tinham ódio de mim e fiquei fazendo as más. Sem dúvida, as vilãs são divertidas de interpretar.
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Relembre outras vilãs marcantes na carreira de Joana Fomm: Natália em Elas por Elas (1982), Lúcia Gouveia em Corpo a Corpo (1984), Fausta em Bambolê (1987), Perpétua em Tieta (1989), Salustiana em Fera Ferida (1993), Olga em Esplendor (2000), entre outras.
NT: Vi uma entrevista em que você fala sobre sua amizade com a Sônia Braga. A boa relação entre vocês ajudou a desenvolver a rivalidade na ficção?
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Foi ótimo trabalhar com a Sônia. Desde a nossa relação em cena até as caronas que ela me dava pra casa, tudo funciona bem. A Sônia é uma pessoa ótima, é uma atriz ótima, e nossa relação era ótima também. É ótima até hoje.
NT: Costuma assistir às novelas de hoje em dia? O que acha delas?
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Não assisto, não. Não acho nada porque faz tempo que não vejo novelas.
NT: Sente falta de estar no ar e trabalhar na TV?
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Sinto falta, sim. Queria estar trabalhando porque adoro televisão. Acho que a televisão é uma grande companheira pra dona de casa, pra família…
NT: Conte um pouco sobre o seu dia a dia e os projetos da sua carreira.
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O meu dia a dia é muito simples porque faz um tempo que estou sem trabalhar. Leio, vejo alguma série e brinco com meus dois gatos. Também tenho cuidado da saúde. Estou bem e disposta a voltar a trabalhar, mas nada de concreto no momento. Fui sondada para um projeto de streaming que ainda é sigiloso.
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