Publicado em 19/11/2022 às 14:10:00,
atualizado em 19/11/2022 às 14:10:27
Tony Tornado, de 92 anos, relembrou uma série de histórias sobre vida e carreira em entrevista ao programa É de Casa deste sábado (19), na Globo, em participação especial sobre o dia da Consciência Negra. Dentre os relatos feitos para Thiago Oliveira, o ator falou sobre quando foi preso em um show de Elis Regina.
"Em 1971, a Elis Regina era presidente do júri do Festival Internacional da Canção. E, ela faria o show. Ela cantou, e de repente cantou 'Black is Beautiful'. Para mim foi o máximo, para mim era a minha entrada. Não tinha intenção de ficar famoso. Agi com o coração. Quando ela cantou: 'Eu quero um homem de cor...". Pensei: 'Sou eu!'", iniciou ele.
"Subi ao palco, fiquei do lado da Elis Regina, ergui o braço e o punho. E claro, já desci com ele algemado. Apesar da truculência, eu tinha conseguido o meu intento, que era o esclarecimento geral, que o negro é lindo, né? Tenho muito orgulho de ser negro. Fui preso, mas com muito prazer, muita satisfação", comentou Tony Tornado.
O artista ainda falou sobre o Festival Internacional da Canção, vencido por ele em 1970. "Quando entrei no Festival, eu era o único desconhecido. Tinha grandes craques: Tom, Vinicius... (risos). E fui a grande zebra do Festival, e foi pela minha coragem. Cantei "BR-3". Na época ela ganhou uma outra conotação, queriam fazer de tudo para me calar, porque eu era tido como porta-voz dos negros. Eu tinha necessidade de vencer aquele Festival, era minha única cartada. (...) Eu dormia em pé, até que veio a chance do Festival e pensei: 'Ou tudo, ou nada'. Na hora que entrei, Tony Tornado e Trio Ternura, ninguém conhecia", detalhou.
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Nascido em Mirante do Paranapanema, no estado de São Paulo, Tony Tornado se criou no Rio de Janeiro, local que foi ainda bem jovem. "O meu sonho era em uma grande metrópole, num grande movimento, num grande centro e onde minha voz pudesse ser ouvida por mais gente."
Tony Tornado contou sobre as tarefas que fazia para sobreviver e ter a possibilidade de estudar. "Morei na favela, no morro de São Diogo, atrás da Central do Brasil, já com 12 anos. Aí, vendia bala puxa, amendoim, figurinha no trem e corria da polícia, claro. E, me apresentei para as pessoas que corriam atrás de mim, e eu disse: 'Eu vim, porque preciso que vocês me arrumem uma escola. Porque, nessa vida, não vai acontecer nada, não vou conseguir nada mais de útil a não ser vender amendoim e bala puxa. E me arranjaram uma escola, a Escola Agrícola Saboia Lima, lembro o nome de lá até hoje", completou.
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