Publicado em 13/09/2020 às 17:49:00
Ana Paula Valadão causou polêmica e foi acusada de homofobia após relacionar a Aids às relações homossexuais. Por conta de afirmação feita durante evento na Igreja Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte, que recebeu diversas notas de repúdio de grupos sociais, a cantora e pastora evangélica será processada por LGBTfobia.
Em nota, o ativista Toni Reis, diretor-presidente da Aliança Nacional LGBTI, afirmou que o discurso de Ana Paula Valadão "beira o absurdo" e que vai entrar com um processo por conta do episódio. Reconhecido pela defesa dos direitos de gays, lésbicas, da população trans e demais minorias sexuais, ele comparou a fala da artista ao do ditador Adolf Hitler (1889-1945).
"O discurso de Ana Paula beira ao absurdo, extrapolando a liberdade religiosa e de expressão, tornando-se um discurso odioso, fanático e amplamente desproposital, com consequências potencialmente desastrosas, principalmente para quem a segue", inicia a nota de Toni Reis.
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Ele acrescentou: "A fala em questão se assemelha aos mesmos padrões adotados por Adolf Hitler, para desumanizar setores da sociedade, assim como fez quando desumanizou Judeus, LGBTIs, ciganos, testemunhas de Jeová, comunistas, idosos, pessoas com deficiência, resultando em um total de 6 milhões de vidas ceifadas".
"Ana Paula atinge toda a coletividade da comunidade LGBTI e, principalmente, a dignidade das pessoas que vivem com HIV/AIDS, colocando-as como responsáveis pela proliferação de um vírus, equiparando de maneira vergonhosa, antiquada e criminosa uma expressão legítima de amor e afeto a um ato criminoso como ceifar a vida de um ser humano", prossegue o anúncio.
No último sábado (12), viralizou o registro de um programa de televisão com a participação de Ana Paula Valadão em que a cantora dá uma opinião discriminatória sobre a homossexualidade. Nas redes sociais, o vídeo foi compartilhado com indignação pela maior parte dos internautas.
“Muita gente acha que isso é normal. Isso não é normal. Deus criou o homem e a mulher e é assim que nós cremos. Qualquer outra opção sexual é uma escolha do livre arbítrio do ser humano. E qualquer escolha leva a consequências”, disse a cantora.
Seguindo esse raciocínio, ela atribui à prática homossexual o desenvolvimento da Aids, doença decorrente do vírus HIV, que pode ser transmitido por qualquer relação sexual. "Esta aí a Aids para mostrar que a união sexual entre dois homens causa uma enfermidade que leva à morte e contamina as mulheres, enfim… Não é o ideal de Deus", declarou Ana Paula.
A LGBTfobia é crime desde o ano passado. Em maio de 2019, o STF (Supremo Tribunal Federal) enquadrou o ato na Lei de Racismo. Durante a semana, o irmão de Ana Paula, o pastor André Valadão, declarou que homossexuais não podem frequentar igrejas evangélicas, mas somente "clubes gays".
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