Publicado em 30/04/2020 às 18:09:10
Nesta quinta-feira (30), a apresentadora Fernanda Lima usou seu perfil do Instagram para fazer um textão falando a respeito do estado de saúde de seu pai, Cleomar Lima, que está hospitalizado após contrair o coronavírus.
Para começar, ela falou um pouco como aconteceu a última vez que o viu, já no hospital. "Já tem quase 30 dias que falamos pela última vez. Ele isolado num quarto de hospital com Covid-19. Parecia sereno, ainda assim senti um certo medo no fundo de seu olhar, embora ele disfarçasse para eu não perceber. Eu na rede com a Maria. Ele olhava a netinha e comentava a alegria de termos um novo bebê na família. Me disse que comprou o presente de aniversário dos guris... que logo que estivesse bem, viria trazer pessoalmente e que não deu tempo de escrever o cartão pra eles", começou. Reage pai... Depois, comentou sobre o que ele disse que faria "Falou que assim que chegasse em São Paulo iríamos novamente passar uma madrugada no mercado Ceagesp, como fizemos quando eu estava grávida, quase parindo e ele não me deixou ir sozinha. Enquanto eu comprava plantas e terra, ele sentado junto aos carregadores em seus carrinhos perguntava sobre como era o cotidiano de suas vidas. Sempre curioso e empático. Volta e meia me chamava pra provar uma cocada ou um caldo de cana... e me chamava do mesmo jeito de sempre... 'Naninhaaaa', eu ouvia a distância aquela voz animada. Reage, pai...", começa.
Depois, ela destacou a personalidade do pai, sua alegria e sua amizade com ela. "Ele sempre gritou com alegria quando avistava um amigo de longe. Eu me escondia de vergonha mas ele não tava nem aí. Nenhum encontro passava em branco. Reage, pai...
Meu pai e essa vontade de viver, esse jeito intenso e alegre de passear pela vida, seus planos feitos com um ano de antecedência. 'Todas as datas justificam celebração', minha filha. Dias antes de ir para o hospital já rabiscava uma lista de convidados do próximo aniversário, em fevereiro de 2021... Nunca vi alguém assim, tão feliz e contente, sempre pronto pra um abraço um beijo ou mesmo um forte aperto de mão, sempre olhando nos olhos, com carinho e muita ironia. Reage, pai... e os aniversários? Sagrados. Queria sempre celebrar junto, mas se não dava, era o primeiro a ligar, a meia-noite em ponto. Não só para a familia mas para os amigos, não só os dele mas os meus. Ele parecia mais amigo dos meus amigos do que eu... enquanto eu sempre preferi ficar mais perto dos mais velhos, da paz e da calmaria, ele prefere os jovens, a novidade, a bagunça, o barulho e a confusão. Reage, pai...", detalha.
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Continuando o texto, ela ainda relembrou a última vez que os dois viram o pôr do sol, e como foi importante todas as palavras de carinho que ele sempre demonstrou. "Coruja, cada vez que chega na minha casa, além de muito pinhão na mala, pra alegrar meu paladar, vem com um bolinho de fotos pedindo para eu escrever uma coisa bonita para alguém que ele conheceu em algum cantinho do Brasil que disse a ele gostar do meu trabalho. Quer afagar, agradar, fazer rir e chorar de emoção... quer todos os sentimentos sempre vivos e pulsantes... sempre. Reage, pai... No último pôr do sol que vimos juntos ele olhava a bola de fogo e dizia: o que a gente pode querer mais da vida minha filha? Reage, pai... Ainda tá fresco na minha memória o olhar dele pra Maria recém-nascida. Eu sentia naquele olhar que ele revivia o meu nascimento. Ele sempre me diz o quanto eu fui desejada e bem-vinda. Obrigada, pai. Suas palavras fizeram e fazem toda a diferença", escreveu.
E para encerrar, ela ainda contou alguns momentos marcantes dos dois juntos, quando ela ainda era criança, e o quanto ele foi presente em grandes momentos de sua vida, como no período em que virou modelo profissional. "Reage pai... Quando eu era criança, me jogava na água ainda pequenina, sem boias, para aprender a bater pernas e braços sozinha. Aprendi e a partir daí meu lugar preferido é dentro d’água. Medrou quando eu fui chamada a virar modelo e viajar o mundo, mas me deixou voar por confiar na criação que me deu. Enquanto isso, me escrevia cartas para solidão não me entristecer. Na época, eu esperava oito dias para uma carta dele chegar do Brasil ao Japão. Todas datilografadas naquela máquina que ele insistiu que eu aprendesse a bater. Nas rápidas ligações dizia como um mantra: 'mantenha os pés no chão, minha filha'. Reage, pai...", concluiu.
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