Opinião

Atuação da Semana: Aline Borges entrega tudo em dor de mãe em Pantanal

Atriz conseguiu transmitir todo o sofrimento de uma mulher que perde um filho

Aline Borges emocionou em Pantanal - Foto: Reprodução/Globo
Por Daniel César

Publicado em 11/09/2022 às 08:42:00

Na novela Pantanal, Aline Borges tem em mãos seu maior papel e a oportunidade de ouro de rodar a chave para receber outras grandes personagens. Ainda que sua Zuleica tenha muitas cenas desde que o núcleo da outra família de Tenório (Murilo Benício) apareceu, ela ainda não tinha cenas para chamar de sua. Agora tem. A sequência da revelação da morte de Roberto (Cauê Campos) foi a chance de ouro para mostrar o talento dela e a resposta foi intensa.

Todas as cenas que envolveram a morte do filho caçula do casal foram muito bem feitas, tanto do ponto de vista de interpretação do elenco, quanto da direção. Mas Aline recebeu uma chance que costuma ser rara para personagens coadjuvantes que orbitam em torno de grandes nomes. Bruno Luperi, autor da trama, e Gustavo Fernandez, diretor artístico, entregaram uma sequência só para a atriz.

E foi mais de uma. A começar pela revelação mentirosa do jagunço que uma suposta sucuri havia devorado Roberto. A forma como Zuleica sofreu a provável morte do filho não foi de uma atriz interpretando, mas de uma mãe real com a tenebrosa notícia. Ali, a direção entregou a ela o protagonismo, não a Murilo Benício. E Aline agarrou a chance com unhas e dentes e mostrou toda a técnica que parecia escondida em trabalhos menores e que não deram tamanha oportunidade.

A partir daí, cada aparição de Zuleica em Pantanal foi um presente do autor para a atriz e também para o público. Seja na confirmação da morte, seja no horror que foi ver Solano matando sucuris ou mesmo nas discussões com Tenório sobre o futuro. A personagem virou uma sombra mal feita do que era e sua luz se apagou, como acontece quando uma mãe perde um filho. Aline viveu o momento com cada centímetro de seu corpo e entregou uma dor tão real que era impossível ignorar.

Existe uma dificuldade ainda maior para quem não aparece no primeiro escalão e com grandes trabalhos no currículo. Aline tem em Zuleicam na novela Pantanal, uma personagem importante, mas que orbita em torno de Tenório, o vilão da história. Toda sequência em que ela surge é por causa dele ou por algum plot que envolva o fazendeiro. É ele quem interessa para fazer a narrativa andar, não ela. Em pontos de virada, é difícil, senão improvável, personagens assim não serem ofuscados pelos nomes maiores.

Neste ponto, Murilo foi generoso e entendeu a importância da cena para a colega de interpretação. Sem tentar roubar a cena para si, ele deixa Aline mostrar seu talento e pegar o protagonismo das sequências. É evidente que ele também recebeu sua própria cena para brilhar, sem a presença da atriz e que mostrou porque é o ator de tamanha envergadura. Mas a generosidade com que ele permitiu que uma parceira de cena com menor status brilhasse é algo elogiável, principalmente por ser raro.





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