Ponto de Vista

Cenas primorosas encerram “Espelho da Vida” com redenção, surpresas e reencontros

Desfecho da trama das 18h emocionou telespectadores

Final de "Espelho da Vida" é marcado pelo reencontro de Margot e Vicente - Foto: Reprodução
Por Laís Lubrani

Publicado em 01/04/2019 às 19:31:00

 “Espelho da Vida” trouxe seu último capítulo nesta segunda-feira (1). Nas cenas exibidas, a autora Elizabeth Jhin conseguiu mostrar o que queria refletir: redenção, amor verdadeiro e eterno e um show de atuações de tirar o chapéu. Impossível não chegar aos créditos finais sem derramar algumas lágrimas.

No teaser, exibido ao público pela primeira vez em setembro, a Globo apresentava uma novela que, em seu enredo, ostentaria um “déjà vu”. A personagem principal, como que em uma regressão, passaria por situações e lugares que já havia vivido no passado, em outra encarnação, a fim de cumprir uma missão: descobrir quem foi o assassino que tirou sua vida. Esse mistério chegou ao fim um pouco antes do desfecho final da trama, mas mesmo assim, ainda conseguiu preencher algumas lacunas surpreendentemente.

O que não foi tão surpresa, foi a temática da autora. Escrevendo novamente baseando-se no espiritismo, a novela chegou a ser comparada com  “Além do Tempo”, trama assinada por Jhin. Exibida em 2015/2016, a história também exibiu duas encarnações e almas gêmeas românticas, mas não ao mesmo tempo, como fez de forma inovadora em “Espelho da Vida”.

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Mas não foi só essa a diferença entre as duas histórias. Na trama que se encerrou nesta segunda, a história de amor de Júlia (Vitória Strada) e Danilo (Rafael Cardoso) foi construída com primor. As viagens ao passado feitas por Cris mostraram que os personagens tinham um sentimento verdadeiro e que, de fato, era eterno e por essa razão, buscariam-se em outra vida. Mas na busca pelo amor no presente, a história deixou a desejar. Foi como se o casal dissesse aos telespectadores: “sabemos que somos almas gêmeas e por isso ficaremos juntos”.

Assim, o público sentiu falta da construção de uma nova história, no século atual. Daniel e Cris terem se conhecido apenas no sábado (31) também não ajudou. As cenas, muito rápidas, não permitiram que os telespectadores sentissem a mesma emoção e amor que foi possível sentir nas viagens ao tempo.

Viagens que aliás, foram primorosas. É naturalmente fácil destacar a trilha sonora, as imagens e cenários, riquíssimos. Melhor do que isso, só se autora e direção colocassem mais detalhes sobre a encarnação de Cris em 1800, quando vivia Beatriz e também foi morta por um bala no peito.

As lembranças desse assassinato se confundiam, durante toda a trama, com o crime que matou Júlia Castelo. E as imagens em um campo, fizeram com que o público entendesse que o “carma” do espírito de Cris era ser morta sempre, a menos que ela quebrasse o ciclo. Assim, para o telespectador, as viagens ao passado da atriz tinham como principal função não permitir que ela recebesse um tiro no peito novamente. Em cenas do último capítulo, Cris chegou a perguntar se essa era sua sina.

Sina, aliás, cometida pelo mesmo espírito, o de Américo (Felipe Camargo). Tanto atualmente como em 1930, o personagem era o pai da jovem assassinada por ele. “Será que nessa vida, o Américo vai conseguir resgatar tudo isso?”, perguntou Cris a Daniel.

Conseguiu. Uma das cenas mais surpreendentes do último capítulo de “Espelho da Vida” refletiu a redenção do personagem e de forma esplêndida. Foi impossível respirar na cena em que o pai da protagonista de “Amor Infinito” se recorda do momento em que assassina Júlia Castelo e para conseguir evoluir espiritualmente é conduzido pelo espírito de Felipe (Patrick Sampaio) a entrar na frente da filha e receber a bala em seu lugar.

O enredo foi bonito, mas o elenco escolhido ajudou muito. O personagem de Reginaldo Faria morreu logo no início da trama, mas apareceu até no último capítulo, apresentando a Alain sua encarnação anterior. Como espírito, pouco falou. Pelo menos com palavras. A atuação de Reginaldo foi brilhante por que o ator dizia o que precisava apenas com o olhar.

Irene Ravache foi excepcional. A atriz foi a que recebeu o maior desafio: interpretar duas personagens completamente diferentes na mesma trama. Às vezes, na mesma cena. E cumpriu o que lhe foi imposto com maestria. Nas cenas em que aparecia, o público já sabia que a emoção rolaria solta. A última, então, foi estupenda. A morte de Margot enterneceu os telespectadores de maneira profunda.

Os protagonistas Rafael Cardoso, Alinne Moraes, Vitória Strada e João Vicente de Castro impressionaram. Os dois últimos, que viveram um casal no início do enredo completam com essa, a segunda novela e parece que viveram atuando, tamanha dramaticidade e realidade que colocaram em todas as cenas exibidas.

O diretor do filme, exibido finalmente no último capítulo, disse que foi difícil chegar ao fim. Na verdade, foi fácil, foi leve. Foi uma novela toda desenhada por Elizabeth Jhin e Pedro Vasconcellos. Foi um enredo brilhante desde o teaser.  “Espelho da Vida” chega ao fim fazendo com que o público acredite ser possível “viver e morrer pelo amor da vida, até o fim dos dias", como o trecho do diário de Júlia Castelo.

A trama das 18h que termina hoje, não “desperdiçou o tempo como se fosse infinito”, frase também usada no final. Cada segundo do capítulo do desfecho foi rico em detalhes, emoção e digno de “quero mais”.

Mesmo com algumas lacunas, “Espelho da Vida” refletiu uma trama espírita inovadora e comovente.

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