Publicado em 31/08/2017 às 05:21:34
A Netflix completou na última terça-feira (29), 20 anos de atividades.
Atualmente dominando na indústria de mídia e extremamente onerosa, ao fornecer conteúdo on-demand, criando shows originais convincentes, usando dados de usuários para atender melhor os clientes e deixando os consumidores consumir conteúdo da maneira que preferem, a Netflix força as empresas de televisão a cabo a mudar a maneira como eles fazem negócio.
O serviço por streaming é essencialmente um armazém de conteúdo, incluindo filmes, documentários, programas de TV, etc. Os clientes pagam uma taxa mensal fixa e podem consumir qualquer conteúdo a qualquer momento, de qualquer plataforma que preferir: TV, celular, tablet.
De uma certa forma, é a primeira grande ruptura da televisão, que se tornou o meio dominante desde criação e proliferação em meados do século XX.
Esmagando os concorrentes
A Netflix teve um começo humilde, como um site onde as pessoas pudessem alugar DVDs online e recebê-los através do correio.
Nesta versão do serviço, a empresa concorreu diretamente com locadoras físicas, que pagavam funcionários, aluguéis, etc. Além de concorrer indiretamente pelo entretenimento das pessoas, como a TV, que ainda é um instrumento bastante utilizado.
Ela partiu então para guardar conteúdo sob demanda, o que a tornou superior às locadoras físicas e TVs de vários modos, pois os consumidores podiam assistir o que queriam e quando quisessem.
Esta inovação ajudou a finalizar o negócio de aluguel de filmes e tornou mais importante para empresas de cabo e redes de TV a oferecem mais conteúdo sob demanda. No Brasil, a Globo está adotando esta prática e em alguns casos, dado preferência a plataforma Globo Play.
Outro ponto importante, é que enquanto as redes de TV eram burocráticas para aprovar séries (e ainda é), a Netflix tornou-se um destino mais atreante para showrunners e roteiristas, porque oferece contratos antecipadas para criar uma temporada inteira. Ou até duas.
Inovando para se manter no topo
Agressividade é o forte da Netflix. Produzindo produtos como "House of Cards", "Orange is The New Black", dentre várias outras séries, forçou as redes de TV norte-americanas a serem também mais agressivas no que tange ao aspecto financeiro. Isto é, paga-se mais pelo talento hoje em dia. O mercado, de certa forma, inflou.
A produção de conteúdo original valorizou suas ações e tem criado uma base de usuários leal.
Outra inovação foi a de extrair os dados do usuário de maneira agressiva também. Esses dados foram inicialmente procurados para atender clientes e ajudá-los a encontrar conteúdo que os atraia. No entanto, a Netflix usa esses dados, além disso, para determinar o tipo de conteúdo original que deve ser criado.
A ferramenta deu certo. O índice de sucessos só cresceu.
A indústria de TV teve que mudar seus caminhos, dando aos clientes uma maior flexibilidade para consumir conteúdo da maneira que desejam, com base em suas necessidades. Os clientes, hoje, podem assistir, nos EUA - e aqui no Brasil cada vez mais -, o mesmo programa de TV ou filme em computador, TV, smartphone, videogame. Até alguns anos, a TV só podia ser vista na TV.
Assustando a TV
O sucesso da Netflix já foi considerada uma ameaça existencial para a televisão. Muitos consumidores já cortaram a TV por assinatura, já que a Netflix custa em média, 20% da maioria dos pacotes existentes. Além disso, não há comerciais.
Na Terra do Tio Sam, a Netflix tem concorrentes, que cada vez mais, também investem em seus catálogos, principalmente, com conteúdo original, tais como a Amazon e Hulu.
O serviço por streaming mais popular do mundo, no entanto, vem contraindo dívidas atrás de dívidas.
Acredite se quiser. Ainda que tenha acumulado mais de 100 milhões de assinantes no mundo todo, as cifras das dívidas chegam a impressionantes US$ 20 bilhões, segundo o jornal norte-americano LA Times.
Somente em 2017, a Netflix planeja investir US$ 6 bilhões. Os investidores não se mostram muito preocupados, já que o valor das ações dela cresceram 50% no ano passado.
Apesar disso, a imprensa norte-americana começa a alardear que a bolha Netflix exploda. A própria empresa admite que está operando no vermelho há muitos anos.
Em 20 anos, de fato, a Netflix mudou o jeito de se ver TV. Lançou inúmeros programas que se tornaram uma febre, com um custo acessível. Esmagou a concorrência. E o brasileiro seguiu essa tendência. Bem como o mundo vem seguindo.
Qual o limite?
Thiago Forato é jornalista, escreve sobre televisão há 12 anos e assina a coluna Enfoque NT há seis, além de matérias e reportagens especiais no NaTelinha. Converse com ele: thiagoforato@natelinha.com.br | Twitter: @tforatto
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