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Em 1996, Manchete exibiu "desenho mais violento da história da TV" às 18h

"Memórias da Telinha" relembra o anime "Genocyber"


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Fotos: Divulgação
Por Redação NT

Publicado em 26/09/2016 às 16:45,
atualizado em 16/09/2021 às 15:27

 

Há algumas semanas, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou a vinculação horária à Classificação Indicativa feita pelo Ministério da Justiça.

O fato, basicamente, libera as emissoras de TV aberta a exibirem programas de qualquer classificação, no horário que desejarem. Por exemplo: uma novela "não recomendada para menores de 14 anos" só poderia ser mostrada após às 21h com a medida antiga. Agora, pode-se em qualquer horário - apenas alardeando para o bom senso. Isso, para efeito de comparação, já está sendo aplicado com reprises de novelas, com a Record reprisando "Vidas em Jogo" à tarde com o selo de 14 anos.

O problema é que, nos anos 90, com o pedido de bom senso, extremos excessos foram cometidos pela TV brasileira. E este que vamos falar hoje é um dos mais inacreditáveis.

Em 1996, a extinta Rede Manchete era a casa dos animes. O sucesso "Os Cavaleiros do Zodíaco" era o assunto da criançada, que via as animações em duas faixas: manhã e fim de tarde. Além disso, outros desenhos japoneses históricos estrearam, como "Sailor Moon" e "Shurato".

Porém, naquele ano, o que realmente deu o que falar foi outro bloco. Sedenta por animes, a Manchete fechou um acordo com a distribuidora americana U.S Mangá Corps, e juntas criaram o bloco "U.S Mangá do Brasil", exibido todas as sextas, logo após "Cavaleiros", a partir das 18h45.

Nele, eram exibidos OVAs, sigla que significa Original Video Animation, que consiste em um ou mais episódios de anime lançados diretamente ao mercado de vídeo, sem prévia exibição na televisão ou nos cinemas.

Os OVAs, normalmente, têm duração igual ou um pouco maior que um episódio de TV de anime (25 minutos), mas nunca alcança o tempo de um longa-metragem.

O "U.S Mangá" estreou no fim de 1996, e começou sua trajetória com "M.D Geist". Porém, a polêmica de verdade viria pouco depois, com a exibição de "Genocyber".

Série de cinco episódios, divididas em três arcos, "Genocyber" tem uma história extremamente confusa, mas basicamente é o despertar de um demônio por parte dos protagonistas das três histórias. E este demônio dilacera tudo que vê pela frente. E não há exagero quando falamos "dilacera".

Tripas, coração, pulmões, vísceras, membros… Tudo que faz parte do corpo humano voa pelos ares com uma facilidade impressionante no anime. Tem horas que o telespectador se pergunta: “Será que não tem outra forma de morrer não? Por que todo mundo tem que explodir ou ser fatiado em pedaços?”.

A coisa chega ao ponto de ficar gratuita demais, e a série parece querer esconder as falhas do roteiro com cenas de chocar, desviando a atenção do espectador. E consegue. Além disso, cenas perturbadoras assustam. No episódio 5, crianças são fuziladas por um helicóptero, e a tomada dá angustia, tamanha a realidade que é mostrada na tela.

O curioso é que a Manchete enviou "Genocyber" para o Ministério da Justiça avaliar na época, apenas para titulo de classificação. Mesmo com tamanha violência e cenas doentias, a emissora recebeu carta branca pra exibir o anime, desde que cortasse as cenas consideradas impróprias. Só que o que mais tem na fita é "cenas impróprias".

Mesmo com cortes, muita coisa passou - inclusive esta cena das crianças fuziladas - praticamente na íntegra. Durante cinco semanas, "Genocyber" foi disparado o desenho mais violento já mostrado na TV brasileira, nestes 66 anos de história, e com sobras até.

O anime coloca na roda duas questões importantes: Desenho é só para criança? Definitivamente, não. E realmente, tudo pode ser exibido em horários onde crianças podem ver? Não mesmo. "Genocyber" é a prova. A sorte é que o desenho passou e ninguém reparou muito.

Veja o vídeo com uma compilação das cenas mais chocantes da anime, mas advertimos: são cenas fortes.

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