Memória

Rejeitada pelo público, novela que estreava há 48 anos derreteu Ibope da Globo

Considerava inovadora demais para a época em que foi exibida, Espelho Mágico estreava há exatamente 48 anos na tela da Globo e contava com uma novela dentro da novela


Glória Menezes em Espelho Mágico
Glória Menezes em Espelho Mágico

Há exatamente 48 anos, no dia 14 de junho de 1977, a Globo colocava no ar uma novela das oito que foi rejeitada pelo público e derreteu os índices de audiência da emissora.

Estamos falando de Espelho Mágico, de Lauro César Muniz, que era inovadora demais para a época em que foi exibida.

Bastidores

Rejeitada pelo público, novela que estreava há 48 anos derreteu Ibope da Globo

A trama tinha um elenco estelar, composto por nomes como Tarcísio Meira, Glória Menezes, Juca de Oliveira, Lima Duarte, Yoná Magalhães e Sônia Braga, entre outros. Além disso, a produção marcou a estreia de Tony Ramos e Vera Fischer na Globo.

Espelho Mágico buscava desmistificar os artistas e contava tudo que acontecia nos bastidores da própria televisão, contando com uma novela dentro da novela, Coquetel de Amor, que tinha capítulos diários e até tinha uma abertura própria. Os personagens também montaram uma peça de teatro, Cyrano de Bergerac.

"Espelho Mágico revelando a você a vida de um famoso casal de televisão, o aparecimento de um novo autor de novelas, de um velho cômico do teatro de revista, a ambição de uma jovem atriz, o fracasso de uma outra, e daquela que abandonou a carreira por um bom casamento. Você vai conhecer a verdade de uma bailarina, de um jornalista, de uma vedete de teatro. Tudo o que você sempre quis saber sobre a vida no teatro, cinema e TV. Espelho Mágico, onde a vida imita a arte", dizia a chamada da novela.

Só que os telespectadores não compraram a iniciativa, pouco se importando para os dramas vividos pelos artistas em suas vidas reais. Muita gente só queria saber o que ia acontecer em Coquetel de Amor.

Desastre

Rejeitada pelo público, novela que estreava há 48 anos derreteu Ibope da Globo

Numa época em que a Globo praticamente dominava os índices de audiência, a queda no Ibope foi brutal.

"Hoje, para mim, é claro que, para fazer uma paródia revelando os truques a que recorríamos para fazer as novelas, devíamos utilizar outros gêneros que não a própria novela. Foi uma queda de quase 20 pontos na audiência, numa época em que a TV Globo era a dona absoluta no horário", escreveu o diretor Daniel Filho em seu livro O Circo Eletrônico.

"Possivelmente, se tivéssemos feito uma novela sobre os heróis da televisão sem expor os seus defeitos, o resultado não tivesse sido tão repudiado. Às vezes, a novela não tem solução, fica se arrastando até o final. Espelho Mágico não tinha solução, a não ser terminar o mais breve possível", completou.

Apesar de não ser popular entre o público, a novela foi elogiada pela crítica, sendo premiada pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) como a melhor novela de 1977.

Em depoimento ao livro A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo, de André Bernardo e Cíntia Lopes, Lauro César Muniz disse que foi chamado na sala de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, para perguntar como a novela terminaria.

Quando o autor tentou argumentar dizendo que daria o final que o público queria, o diretor disparou: "O que o público quer é que essa novela termine logo".

E assim foi feito: Espelho Mágico terminou no dia 5 de dezembro de 1977, após 150 capítulos, sendo substituída por O Astro, de Janete Clair, que logo colocou a audiência nos trilhos.

Mais Notícias

Enviar notícia por e-mail


Compartilhe com um amigo


Reportar erro


Descreva o problema encontrado