Globo na Copa do Mundo de Clubes: o que muda em relação à Copa de Seleções?
A Globo tenta transmitir ao público a ideia de que trata a Copa do Mundo de Clubes com o mesmo peso da Copa do Mundo de Seleções, mas a realidade mostra que não é bem assim
Publicado em 16/06/2025 às 20:45
Organizada pela FIFA, a Copa do Mundo de Clubes, que estreou no último sábado (14), vem recebendo um tratamento de gala por parte da emissora — ao menos é o que a Globo tenta demonstrar em sua divulgação. No entanto, na prática, nem mesmo o canal parece acreditar nessa equiparação.
A primeira marca da diferença está na abertura. Nas últimas Copas, o canal transmitiu o pomposo evento na TV aberta, com mega cobertura. Desta vez, nem mesmo o jogo inaugural, exibido no sábado, apareceu na programação e foi deslocado para o SporTV.
Em três dias de competição, foram realizadas oito partidas. A Globo exibiu, em TV aberta, apenas quatro — metade do total. O número é expressivo, considerando que nenhuma outra emissora oferece tamanha visibilidade a um torneio de clubes de curta duração, mas ainda está longe do que é feito com a Copa do Mundo de Seleções.
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A emissora sempre se orgulhou de dar grande destaque ao “maior evento do planeta”, transmitindo todos os jogos possíveis. A exceção costuma ser a última rodada da fase de grupos, quando partidas simultâneas obrigam a escolha de apenas um confronto para exibição em TV aberta.
Apesar de valorizar o novo torneio da FIFA, que busca reunir os principais clubes do mundo, a Globo reconhece, ainda que não publicamente, as diferenças entre as duas competições. A principal delas é o fato de que a Copa do Mundo de Seleções já é consagrada como o maior evento esportivo global, enquanto a de clubes ainda busca seu espaço e serve, em muitos aspectos, como teste para o torneio principal, realizado no ano seguinte.
Para além disso, a empresa tomou atitudes que comprovam o tratamento divergente. Diferente da Copa do Mundo de seleções, em que equipes são enviadas aos montes, em 2022 foram dois narradores in loco, além de comentaristas, para o evento de times, nem mesmo Luís Roberto, o principal deles, saiu do Brasil.
Outro fator relevante é o envolvimento do público. Quando uma seleção nacional entra em campo, o clima é diferente: o país para, e o poder público frequentemente decreta ponto facultativo em dias de jogos do Brasil. Já no torneio de clubes, mesmo com quatro representantes brasileiros, o sentimento do torcedor é distinto. Nas redes sociais e nas ruas, fica claro que um corintiano não torce pelo Palmeiras, assim como um vascaíno dificilmente apoiará o Flamengo.
Em termos de audiência, não há grandes motivos para reclamação. O confronto entre PSG e Atlético de Madrid registrou 14,5 pontos, número inferior ao do Campeonato Brasileiro no mesmo horário — no último domingo em que o torneio nacional foi exibido, em 1º de junho, a média foi de 17,1 pontos. Por outro lado, o duelo entre Palmeiras e Porto alcançou 20,6 pontos, superando a reta final do Domingão e o início do Fantástico. Já o Botafogo, mesmo jogando no início da madrugada, garantiu 11,7 pontos.
Ainda assim, ao comparar com a Copa do Mundo de Seleções, o cenário é outro. Em 2022, no primeiro dia de competição com múltiplos jogos, a Globo exibiu as três partidas do dia 22 de novembro. Inglaterra x Irã, no fim da manhã, marcou 13 pontos; Senegal x Holanda, no início da tarde, atingiu 17,6; e EUA x País de Gales, no meio da tarde, chegou a 19,5 pontos.
Os índices da Copa do Mundo de Seleções só tendem a ser equiparados quando há clubes brasileiros em campo ou times de grande apelo, como Real Madrid e Manchester City.
Enquanto isso, a Globo segue simulando um tratamento igualitário entre os dois torneios, mas, na prática, utiliza a competição de clubes para impulsionar sua grade sem se comprometer a exibir todas as partidas, especialmente as de menor apelo, em TV aberta.
