Com pandemia, Ratinho perde 40% de audiência e atrapalha Cabrini
Apresentador do Conexão Repórter só fica no SBT se voltar aos domingos
Publicado em 23/09/2020 às 05:03
Prestes a deixar o SBT, Roberto Cabrini já não esconde seu maior incômodo na emissora nos últimos dois anos: o premiado Conexão Repórter perdeu audiência e relevância ao trocar as noites de domingo pelas de segunda-feira. O "vilão" é o Programa do Ratinho, que perdeu até 40% de público durante a pandemia.
O contrato de Cabrini com o SBT encerrará no fim de outubro. O jornalista tentará uma última cartada para ficar na emissora: marcar uma reunião com Silvio Santos, que se mantém isolado por pertencer ao grupo de risco para o novo coronavírus, e pedir de volta o horário que lhe rendeu os maiores picos de audiência.
Durante a pandemia, Conexão Repórter despencou 30% no Ibope em setembro, na comparação com o mesmo período de 2019, embora tenha levado ao ar entrevistas com alta repercussão, como com a deputada federal Flordelis, acusada de mandar assassinar o marido, e o goleiro Bruno, condenado pela morte da ex-amante.
Nas quatro edições mais recentes, o Conexão Repórter registrou média de 4,7 pontos, contra 6,8 no mesmo período de 2019. Apesar do conteúdo de qualidade e forte apelo, recebe baixa audiência de Ratinho, que voltou a ser exibido ao vivo.
Anteontem, o programa registrou apenas 4,4 pontos. Nas últimas quatro semanas, Ratinho atingiu média de 5,3 pontos, prejudicado pela queda de audiência em toda a TV durante a pandemia. No mesmo período de 2019, o índice era 60% maior (8,9).
Na última segunda, o Conexão Repórter levou ao ar segunda parte de uma reportagem investigativa sobre o médium Kléber Aran, acusado de abuso sexual e outros crimes. O conteúdo marcou míseros 3,9 pontos no Ibope. Cada ponto equivale a 74.987 domicílios na Grande São Paulo.
Roberto Cabrini no SBT
Cabrini retornou ao SBT em agosto de 2009 como editor-chefe e apresentador do novo programa jornalístico da emissora. O Conexão Repórter conquistou 11 prêmios desde sua estreia, em março de 2010.
Jornalista desde os 16 anos, Cabrini foi contratado pelo SBT em 1989, como diretor do departamento de esportes. A cobertura da Fórmula 1, mesmo sem ter os direitos de transmissão, chamou a atenção da Globo, que o recontratou em 1992. Na emissora, foi o primeiro a noticiar a morte de Ayrton Senna (1960-1994).
Na segunda passagem pelo SBT, Cabrini ganhou o Troféu APCA pela entrevista com o ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1995. Também realizou documentários no Afeganistão e no Iraque que lhe renderam o Prêmio Vladimir Herzog, em 1996, e o 14º Prêmio de Direitos Humanos da Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos, em 1997.