Regina Duarte bate boca com Daniela Lima ao vivo na CNN
Regina Duarte diz que "secretaria viraria obituário" se lamentasse mortes
Publicado em 07/05/2020 às 18:55
Regina Duarte, secretária especial de Cultura, se irritou durante uma entrevista ao vivo na CNN Brasil e bateu boca com a apresentadora Daniela Lima por uma declaração da atriz Maitê Proença contra o trabalho dela na Secretaria Especial de Cultura.
"Vai desenterrar a mensagem da Maitê para quê? O que que você ganha com isso? Quem é você que está desenterrando uma fala da Maitê de dois meses atrás?", esbravejou Regina.
Daniela Lima tentou explicar: "Não, não, ela enviou para a gente hoje". Reinaldo Gottino também entrou na discussão, mas a secretária de Cultura ameaçou encerrar a entrevista.
"A senhora, por ser secretária da Cultura, tem que estar aberta para ouvir as pessoas. Por favor, o que é isso", falou o apresentador.
"Vocês estão desenterrando mortos, vocês estão carregando um cemitério nas costas, vocês devem estar cansados. Fiquem leves, olhem para a frente", criticou Regina Duarte.
O jornalista Daniel Adjuto, que entrevistava Regina Duarte em Brasília, se viu obrigado a encerrar a entrevista por ordem da assessoria da secretária. Gottino e Daniela Lima pediram desculpas aos telespectadores pela interrupção da entrevista.
"Nós nos desculpamos com quem estava assistindo à entrevista, mas ressaltamos que o trabalho da imprensa é fazer perguntas. Esse é o nosso trabalho. Muitas vezes você pode discordar da pergunta, concordar com a pergunta. O que não se pode fazer é restringir a pergunta. Esse é um direito que nós temos como jornalistas e esse é um dever que nós temos como jornalistas porque o destinatário final dessa mensagem é sempre você, que sempre acompanha tanto o que dissemos quanto o que foi respondido", falou a apresentadora.
"Secretaria viraria obituário se lamentasse mortes"
Durante a entrevista, Regina explicou por que não lamentou publicamente as mortes de importantes artistas brasileiros nesta semana, como o músico e compositor Aldir Blanc e o ator Flávio Migliaccio.
Em entrevista ao jornalista Daniel Adjuto, da CNN Brasil, a atriz afirmou ter optado por enviar mensagens de luto apenas para os familiares das vítimas para não transformar a secretaria de Cultura em um "obituário".
"A minha assessoria de comunicação, desde a primeira morte de uma pessoa importante na Cultura, me cobrou uma divulgação da secretaria desse óbito, e eu optei por mandar uma mensagem, como secretária, para as famílias das pessoas que fomos perdendo nos últimos tempos", disse Regina Duarte.
"Eu imaginei assim: 'Será que eu vou ter que virar um obituário? A secretaria vira um obituário? Quantas pessoas a gente está perdendo?' Em uma semana a gente perdeu três grandes nomes", prosseguiu a atriz, que explicou não ter conhecido pessoalmente Aldir Blanc.
"O reconhecimento ou ele existe ou ele não existe, entendeu? Há pessoas que eu não conheço. Aldir Blanc, por exemplo, eu admiro muito, mas eu nunca estive..", continuou Regina, sendo interrompida pelo jornalista.
"Mas para o país representa bastante", retrucou Adjuto. A secretária do governo Bolsonaro, então, justificou que os brasileiros não precisam dela para prestar condolências aos artistas mortos.
"Sim, para o país, o país está cultuando a memória deles. Não precisam da secretária de Cultura. Agora, se eu, amanhã ou depois, conseguir amadurecer uma possibilidade de que isso é importante para as pessoas, eu posso ter no site da Comunicação o obituário, sabe? Está lá, a gente vai avisar que faleceu, vai avisar que perdeu, vai botar a biografia. Eu tenho mandado para as famílias, sabe", afirmou.
Pouco tempo depois, Regina pediu desculpas pela forma como falou das mortes recentes na área da Cultura.
"Eu vou te dizer, pode ser que eu esteja errando. Eu vou me corrigir. Não fiz por mal, peço desculpas. Falei com as famílias, lamentei a perda, porque eu acho que nessa hora quem mais está constrangido pela perda é a família, e eu queria falar com elas diretamente, sabe? Papel timbrado, secretária de Cultura, obrigada pela contribuição para a cultura brasileira. Está tudo aí. Depois, se quiser, a gente mostra, e deve estar saindo em breve na nossa Comunicação", recuou.