Memórias da Telinha

Com queda de audiência, Silvio Santos tomou controle do SBT e apostou no popular em 1997

Em crise, a emissora deixou a programação séria de lado e voltou a ter programas populares


Logotipo do SBT em 1997 e Silvio Santos
Logotipo do SBT em 1997

O SBT lançou nova grade em julho de 1997 cercada de expectativas. Insatisfeito com as mudanças que ocorreram na emissora, Silvio Santos assumiu o controle completo e promoveu várias alterações. Sua principal concorrente na época, a Globo, havia lançado programação em abril.

Em 1996, o canal do Senor Abravanel teve índices bem abaixo de outros anos no horário nobre. Se em 1992 o SBT consolidou com média de 14 pontos na faixa noturna, em 1996 o resultado foi de 9. Neste período, os diretores da emissora acenavam para classe A e B e traziam programas considerados mais sérios e de prestígio.

O retorno do homem do baú ao controle total da empresa trouxe medo e desconfiança entre os funcionários. Além de lançar novos programas no segundo semestre, algo incomum, já que os canais apresentavam suas grades até o final de abril, ele realizava um processo de reestruturação interna enxergado como uma atitude radical.

Sete núcleos independentes, com autonomia de gerência, administração de pessoas e recursos, funcionariam no SBT. Executivos de confiança do patrão perderiam força na emissora, como foi o caso de Guilherme Stoliar, sobrinho de Silvio Santos, e Luciano Callegari.

Em 1996, Guilherme era vice-presidente, enquanto no ano seguinte se tornou gerente de um dos núcleos. Luciano comandava a programação da emissora, mas em 1997 virou consultor.

Ricky Medeiros, nascido nos Estados Unidos, ajudou no processo de mudanças do SBT e auxiliou Silvio Santos na montagem da programação daquele ano. A aposta foi no popular.

O retorno do empresário na gestão financeira e programação foi para que diminuísse os desperdícios internos. A criação das chamadas "lojinhas" era para que cada gerente tivesse independência, mas também metas. Todos precisavam se reportar a Luis Sebastião Sandoval, na época presidente de holding que cuidava dos diversos negócios de Silvio.

O SBT estava se modernizando, tanto que criou sua sede na Anhanguera. Porém, o homem do baú continuou gravando seu programa nos estúdios da Avenida Ataliba Leonel, assim como Hebe Camargo e Gugu Liberato, contudo, no final daquele ano, os três já estavam acomodados no CDT.

SBT e sua programação popular

Com queda de audiência, Silvio Santos tomou controle do SBT e apostou no popular em 1997

O empresário não estava nem um pouco satisfeito com a queda de audiência da emissora. O “Aqui Agora”, rifado da programação em anos anteriores, voltou para a grade com o comando de Ney Gonçalves Dias.

O “TJ Brasil”, dirigido e apresentado por Boris Casoy e que representava cerca de 10% do faturamento do canal, foi jogado para as 18h30. O jornalista também deixou o SBT após desavenças com Silvio Santos, que queria Leila Cordeiro e Eliakim Araújo, o “casal 20” do jornalismo na época, na apresentação do telejornal aos sábados, mas Casoy foi contra.

Na visão do jornalista, ocorreria uma quebra de compromissos. Silvio Santos teria dito que o “TJ Brasil” era sério demais e Boris considerou a opinião uma crítica. Foi o suficiente para formalizar sua demissão.

O “Disney Club”, antes no início das noites do SBT, foi promovido para o horário das 19h. “Chiquititas”, veio logo em seguida e se tornou uma das novelas de maior sucesso do canal.

O remake da trama argentina fazia parte do pacote mais popular, assim como o programa “Marcia”, apresentado por Marcia Goldschmidt. Moacyr Franco trouxe o “Concurso de Paródias”.

Resultado

Com queda de audiência, Silvio Santos tomou controle do SBT e apostou no popular em 1997

O crescimento de audiência no horário nobre foi de 11%, enquanto a Globo, líder no Ibope, perdeu 11% em todo país. Segundo a empresa de medição, apenas o “TJ Brasil” caiu, de 7 pontos em 1996 para 6 em 1997. Os dados são referentes à média nacional.

Das 18h às 23h59, a Globo perdeu 1,6 milhão de telespectadores. O SBT, no mesmo horário, ganhou 410 mil telespectadores. Analistas da época apontaram que o crescimento poderia ter sido maior, caso a emissora tivesse lançado sua programação no início do ano e não apenas no segundo semestre.

A novela “Maria do Bairro” teve excelente desempenho, assim como outras duas produções protagonizadas por Thalia. As três tramas tiveram uma média de 15 pontos e incomodou o “Jornal Nacional”, que caiu de 42 para 37 em 1997.

“Chiquititas”, “Marcia” e “Concurso de Paródias” fecharam com médias de 12, 11 e 9 pontos respectivamente. A “Tela de Sucessos”, sempre exibida às 21h30, as sextas, teve 5 milhões de telespectadores. No ano anterior, no mesmo horário, o público não passava dos 3 milhões.

Por causa desses programas, o “Jô Soares Onze e Meia” e “Hebe” cresceram 50% na audiência.

Por fim, o SBT ainda liderou em dois momentos em São Paulo, principal praça do mercado publicitário: “Marcia” e “Domingo Legal”. Se em abril de 1997 o programa dominical tinha 5,7 milhões de telespectadores, no final daquele ano chegou em quase 9 milhões.

O retorno de Silvio Santos consolidou o canal como a emissora das classes baixas. Nos anos seguintes, a emissora investiu pesado em atrações e artistas populares, como Ratinho.

Confira abaixo chamada da programação do SBT:

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