Percival diz estar "costurando os retalhos de uma enorme colcha de saudades" de Marcelo Rezende
Marcelo Rezende faleceu há exatamente um ano
Publicado em 16/09/2018 às 08:00
Com 50 anos de carreira, Percival de Souza é considerado um dos mais conceituados jornalistas investigativos do país. Desde 2012, porém, faz enorme sucesso no "Cidade Alerta", mesclando comentários sobre segurança com brincadeiras bem-humoradas.
Quem implementou esse formato foi Marcelo Rezende, quando reassumiu o programa naquele ano. A química entre os dois foi imediata e o sucesso, igualmente. E neste domingo (16), completa-se um ano em que essa dupla foi desfeita.
Rezende faleceu no dia 16 de setembro de 2017, após uma luta contra o câncer no pâncreas e no fígado.
A pedido do NaTelinha, Percival de Souza escreveu um artigo com depoimento sobre o amigo e as saudades que sente.
Confira na íntegra:
Marcelo Rezende era um jornalista excepcional, com muito talento para apurar histórias e saber contá-las. Fazia isso com sensibilidade e levou para a TV o que soube fazer no jornalismo impresso. Foi um repórter por excelência.
Como ele, a minha origem profissional é do impresso. Também aprendi a aprimorar a linguagem da TV, o que inclui descrever em minutos aquilo que teria grande espaço no jornal ou na revista. A linguagem da televisão exige ser didático sem cair na superficialidade. Ele foi um mestre nisso.
Depois da sua morte, pedi ao diretor de jornalismo a retirada de um trono, uma réplica do usado pelo rei Nabucodonosor, da Babilônia. Esta foi uma das criações dele, que mesclava casos do cotidiano com momentos de descontração e humor. Este estilo era pessoal, intransferível, e aos poucos, estou tentando fazer a retomada desses tempos inesquecíveis, agora com Luiz Bacci.
Nos primeiros dias após a morte, entrar no estúdio era uma agonia. Tudo lembra Marcelo: cenário, apresentação das matérias, imaginar como ele faria se estivesse conosco. É um ato de costurar todos os dias os retalhos de uma enorme colcha de saudades.