Jade Picon ganha defesa do preparador de Travessia: "Tem condição, foco e disciplina"
Eduardo Milewicz diz que a intérprete de Chiara tem tudo para seguir como atriz
Publicado em 18/10/2022 às 04:15,
atualizado em 18/10/2022 às 09:57
Com mais de 30 anos de experiência no audiovisual, Eduardo Milewicz foi o preparador de elenco de Travessia, nova novela das nove da Globo, e aposta que Jade Picon ainda vai surpreender muita gente. Antes mesmo de fazer sua estreia como atriz, a influenciadora já estava sendo alvo de críticas. Depois que a trama começou, a ex-BBB dividiu opiniões na web e muitos pontos, como o sotaque de Chiara, têm sido detonados nas redes sociais. "Sei que pra ela é uma interrogação saber se vai atuar daqui a 10 anos ou não, mas eu falei pra ela: 'você tem toda a condição, o foco e a disciplina para se dedicar à atuação'", contou o professor, em entrevista ao NaTelinha.
"Para mim, foi uma descoberta muito feliz porque a Jade é uma jovem muito comprometida com o trabalho, tem quase uma disciplina de atleta de elite. É muito fácil trabalhar com ela, ela tem uma linguagem verbal de improviso e de fluidez com a câmera muito grande. E tivemos que explorar a linguagem não verbal. Às vezes, acontece que, quem não vem de televisão, se resolve muito melhor com palavras do que sem palavras. Então vamos pelo caminho de explorar sem palavras", explica ele.
Milewicz ainda destaca que a afinidade de Jade com Chay Suede, intérprete de Ari no folhetim de Glória Perez e com quem a ex-BBB fará muitas de suas cenas, foi imediata. "A parceria que ela explorou com Chay Suede desde o primeiro dia foi surpreendente. Chay é um ator muito generoso e se deram muito bem logo de cara. Desde o início, falei para o diretor: 'é um tesouro essa atriz'", enaltece o preparador, citando Mauro Mendonça Filho.
"Estou seguro de que ela vai surpreender. Se com todo mundo acontecer igual aconteceu comigo... No terceiro encontro ela já me surpreendeu. Acho que vão se surpreender também, desejo isso. Só quero dizer que esse tipo de personalidade, que vem de reality e do Instagram, o povo ama odiar. Nós falamos muito com a Jade disso, Jade sabe disso. O que estou atento com a Jade é daqui a cinco anos."
Eduardo ainda disse que não se dedicou a ler todas as críticas feitas à Jade porque é cuidadoso, mas já imaginava o que poderia acontecer porque existe muita ansiedade quando se inicia uma novela das nove e ele pediria mais paciência. O professor de atuação também ressaltou a repercussão positiva de Grazi Massafera, que fez uma participação especial na trama e viveu Débora no primeiro capítulo: "É uma campeã. Já trabalhei muitas vezes com ela, como em O Outro Lado do Paraíso (2017). Quem vem do Big Brother não está impedido de, com o tempo, virar um grande ator".
Preparador de elenco de Travessia diz que é um privilegiado
Eduardo Milewicz diz que o trabalho de um preparador de elenco envolve dezenas de coisas, mas destaca três pontos principais. O primeiro é preparar todos os atores para que eles estejam afinados na mesma nota e trabalhem o mesmo tipo de interpretação, para que, por exemplo, o telespectador não veja um artista com uma voz muito íntima e outro com voz teatral.
Já o segundo, focar na linguagem audiovisual. Para isso, ele gosta de estar sempre com a câmera e uma tela de 70 polegadas ligadas a fim de desenvolver a intimidade com a voz e o corpo. Em terceiro lugar, ele precisa ajudar o ator a aprofundar quesitos que o roteirista não tem tempo de explorar, como a forma de andar do personagem, seu olhar e o jeito como ele se relaciona com os outros. Porém, o professor esclarece que todo esse trabalho é feito em conjunto por diversos profissionais, como fonoaudiólogos e especialistas em prosódia, por exemplo.
"Eu sou um privilegiado. Minha primeira novela foi Império e eu quase dancei no sambódromo. Em Além do Tempo, eu experimentei todos os espumantes que são do Brasil. Cada novela pra mim traz um presente de identidade, de cultura. Cada novela é uma aula, não se faz esse tipo de produção na Espanha, na Argentina", pontua ele, que, em Travessia, gostou muito da imersão que fez no bairro carioca de Vila Isabel, onde se estabelece um núcleo da história.
Ainda tratando do caso de Jade Picon, Milewicz disse que já trabalhou com muitos atores que não eram valorizados no início da carreira e sofreram com as críticas até que foram aceitos pelo público. "Em curto prazo, o ator depende muito da crítica. Depois, depende de seu foco, de seu talento, de sua disciplina e de seu trabalho. A disciplina e o trabalho vencem as críticas com o tempo, não em uma semana. Com o tempo, sobrevivem a qualidade, a disciplina e a excelência", frisa.
O argentino, que dá cursos presenciais e online para atores que desejam viver grandes papéis na TV e no cinema, acaba de lançar o livro Quando Acende a Câmera, que aborda conceitos sobre atuação para o audiovisual. Dois dos objetivos da obra são fazer com que o leitor entenda quais são as qualidades de atuação que a indústria exige hoje no mercado e descubra se os conhecimentos e ferramentas teatrais são válidos para atuação para as câmeras. "O livro fala sobre o que acontece com os seres humanos quando uma câmera é ligada. Vale para professores, politicos, advogados... A câmera impacta nossas vidas hoje em dia", completa ele.