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Ator celebra nordestinos em Mar do Sertão: "Falta muita representatividade"

Bruno Dubeux vive Savinho na nova novela das seis da Globo


Bruno Dubeux como Savinho de Mar do Sertão, de camisa azul, jogando sinuca e olhando para a câmera
Em Mar do Sertão, Bruno Dubeux vive Savinho, um dentista bem-humorado - Reprodução/Instagram
Por Jéssica Alexandrino

Publicado em 23/08/2022 às 05:51,
atualizado em 23/08/2022 às 09:22

Mar do Sertão traz 19 nordestinos em seu elenco, o que é um número recorde para uma novela e representa quase metade da totalidade de atores da produção. Para Bruno Dubeux, o Savinho do folhetim de Mário Teixeira, que nasceu nos Estados Unidos, mas foi criado em Pernambuco, isso é motivo de comemoração. "Com certeza ainda falta muita representatividade. Pelo que lembro, nunca vi uma novela com tanta representatividade nordestina. Mar do Sertão é a primeira. Foi um belo passo, mas não quer dizer que o problema acabou", pontua, em entrevista ao NaTelinha.

"É bem difícil um nordestino ter espaço para fazer um personagem que não é nordestino, caso não seja um ator já famoso. Eu mesmo, quando cheguei no Rio, em 2006, o que mais escutei foi 'ah, se prepara que vai ser muito difícil você conseguir neutralizar o sotaque para fazer personagens do Sudeste'. Chegava ao ponto de ter audições no meu perfil e não era nem convidado por ser nordestino. Até que eu entrei numa de começar a neutralizar meu sotaque nos convívios sociais para conseguir provar que podia não falar apenas pernambuquês. E foi assim que comecei a conquistar meus primeiros personagens", detalha.

Dubeux, de 41 anos, brinca que nasceu no estado norte-americano do Texas por um erro de percurso de seus pais e, morando no Brasil desde os três meses de idade, se considera muito mais pernambucano. "Gosto de ter nascido nos EUA por ter dupla cidadania, passaporte americano, e isso ter facilitado eu ter voltado para lá, adquirido fluência no inglês, estudado e trabalhado por um período. Mas logo que nasci meus pais regressaram para Recife. Minha família, minhas referências, meu sangue é pernambucano. Meu coração é pernambucano", destaca.

Em Mar do Sertão, Savinho é o único dentista da cidade fictícia de Canta Pedra e tem muito orgulho de "ser doutor". "É um cara bem-humorado, gaiato, está sempre tirando onda de alguém ou alguma situação junto com seu melhor amigo, Tomás (Felipe Velozo). Se acha um bom partido e, com sua perseverança sertaneja, vai fazer de tudo pra conquistar o coração de Labibe (Theresa Fonseca), mesmo muitas vezes passando do ponto em suas investidas [risos]."

"Mar do Sertão é uma novela sobre brasilidade. É cheia de cores, autenticidade, raízes, alegria de viver, coragem, luta, dureza, leveza e esperança. É ambientada em um microcosmo no interior do nordeste brasileiro, com todas as suas riquezas, e, ao mesmo tempo, é uma obra plural e muito humana."

Perguntado sobre suas expectativas em relação à novela, o ator diz que espera que os telespectadores tenham seus corações aquecidos e que o público do Nordeste se sinta bem representado pelos conterrâneos. "Cada um, assim como eu, que fui criado em Recife, tem contribuído com suas raízes e humanidades, trazendo ainda mais verdade e empoderamento a essa obra regional, que mostra um povo que, apesar da dureza e da semiaridez geográfica, tem muita sede de viver, vitalidade e muita sabedoria", completa.

Médico, Bruno Dubeux, de Mar do Sertão, relata angústia durante a pandemia

Bruno Dubeux sem sorrir, caracterizado como Savinho de Mar do Sertão
Bruno Dubeux como o Savinho de Mar do Sertão - Reprodução/Instagram

Além de ator, Bruno Dubeux também é médico e consegue conciliar as duas profissões. No início da pandemia da Covid-19, ele estava fazendo uma participação em Salve-se Quem Puder (2020), quando as gravações foram suspensas, sem nenhuma previsão de retorno. "Naquela época, eu também trabalhava no hospital, como nutrólogo, principalmente com os doentes críticos em CTI, que precisavam ser nutridos por sonda ou via venosa. Ver a devastação da Covid com meus próprios olhos no CTI, com aqueles óbitos diários, e ao mesmo tempo estar ali exposto, exercendo meu ofício, foi bem estressante", lembra.

Nesse período em que o teatro foi um dos primeiros setores do entretenimento a paralisar suas atividades, Dubeux passou muitos meses sem nenhuma perspectiva de trabalho no meio artístico. "O que me salvou artisticamente foi ter tocado meu projeto de teatro, Amores Flácidos, e ter sido contemplado no edital da Aldir Blanc. Conseguimos realizar o projeto num formato híbrido de peça-metragem, mesmo durante o período do pico de mortes por Covid no Brasil", explica.

Atualmente, o ator, que já participou de outras novelas da Globo, como Orgulho e Paixão (2018), Babilônia (2015) e Insensato Coração (2011), atende como nutrólogo apenas em um consultório em Ipanema, na Zona Sul do Rio, e conta com uma ajudinha especial para "se virar nos 30". "Sempre que sai meu cronograma de gravações para a semana seguinte, repasso para a querida Gizele, lá no consultório que, com seu jogo de cintura, organiza meus atendimentos em meus horários livres", revela.

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