Ator de Salve-se Quem Puder torce para que personagem de Felipe Simas demore a se curar
Em entrevista, Deo Garcez fala sobre racismo no Brasil: "Dívida histórica!"
Publicado em 04/09/2020 às 05:03
No ar em Salve-se Quem Puder como o Dr. Emir, Deo Garcez está vibrando com o retorno às gravações, que aconteceu nessa quinta-feira (3), e espera que seu personagem cresça ainda mais. "Torço bastante para que ele fique na trama, que o Téo [Felipe Simas] não se cure logo e que o Dr. Emir tenha outros pacientes para tratar (risos)", confessa ao NaTelinha.
Quando foi chamado para o papel em janeiro, o ator disse através de postagem em rede social que seria uma participação pequena, de apenas dois capítulos. A surpresa de que ficaria mais tempo veio antes da quarentena.
"Dois dias antes do isolamento social eu seria roteirizado para gravar algumas outras cenas, mas veio a quarentena e não foi possível", relata. "Confesso que eu estava apreensivo por saber se o Dr. Emir continuaria na trama. Agora, tive outra felicidade de saber que sim. Ele continua, pelo menos até aqui", conta.
Segundo Garcez, a Globo já divulgou os procedimentos adotados daqui para frente e ele se diz orgulhoso em participar de um momento histórico como este. "Minha expectativa é grande, não deixo de ficar curioso por vivenciar o 'novo normal'", admite.
Com a novela encurtada após longa pausa, o ator aposta no humor e no drama para atrair o telespectador e dar segmento a essa história. "A novela tem uma trama muito interessante e deixou fortes ganchos para continuar de onde parou", avalia."Certamente, os roteiristas irão aproveitar e acrescentar outros. Inclusive, aproveitando mais ainda a pegada natural de humor e, também, a pegada dramática de forma criativa para prender o público", opina.
Ator dá vida a um abolicionista no teatro e avalia racismo
Deo Garcez disse que tem aproveitado o isolamento social para colocar a leitura em dia e cuidar de uma horta que fez no quintal. "Tenho feito muitas lives e vídeos apoiando ações beneficentes", conta.
Prudente, o ator ainda não retomou os encontros sociais. "Ainda não dá, gente, para relaxar, o vírus ainda tá aí", chama a atenção. Hoje, além da expectativa para a volta aos Estúdios Globo, ele se prepara para uma temporada online no Teatro PetraGold, no Rio, da peça “Luiz Gama – Uma Voz pela Liberdade”.
Em cartaz há cinco anos, o espetáculo fala de uma das figuras mais importantes da história da Abolição da Escravatura. "Me sinto bastante feliz por viver Luiz Gama no teatro", comemora.
"De propagar a fundamental contribuição histórica dele para a Abolição dos escravos no Brasil, oficialmente reconhecido por Leis Federais como Herói da Nossa Pátria e Patrono da Abolição", comemora.
Com direção de Ricardo Torres e texto escrito pelo próprio ator, Garcez avalia o espetáculo como uma verdadeira aula de história do Brasil e de cidadania. "História essa que não nos foi contada nas nossas escolas", sinaliza.
"Que recupera a importância e o exemplo de Luiz Gama em sua luta pela liberdade e igualdade de direitos, ainda mais num Brasil tão carente de valores humanos e de verdadeiros heróis", dispara o artista.
Sobre os últimos atos antirracistas que tomaram grande proporção depois da morte de George Floyd nos Estados Unidos, o ator avalia com tristeza e revolta, e lamenta que ainda pratiquem esses crimes.
"Boa parcela da sociedade mundial insiste em perpetuar as consequências da cruel escravização, que precisa ser punido e reparado. É lamentável que nosso país também seja assim e até pior. O Brasil foi o último país das Américas a oficializar a Abolição", aponta.
"Aqui, os atos racistas são evidentes e diários. A cada 23 minutos um jovem negro é assassinado. A população carcerária é 70 % feita de pessoas negras. As intervenções policiais indevidas e a matança da população negra agravam a situação", analisa.
Para Garcez, é importante combater o racismo ao invés de normalizá-lo. "Precisa-se rever, debater, denunciar, punir criminosos, lutar por direitos iguais, mudar consciências", lista o ator.
"O Brasil e o Estado Brasileiro têm uma dívida histórica para com a população negra por conta do regime escravocrata que precisa ser reparada. Nós, brasileiros de todas as cores, precisamos nos juntar para fortalecer essa luta por direitos de liberdade e igualitários. Não é uma causa somente de nós, negros, mas humana", conclui.