Há 25 anos estreava o remake icônico de “A Viagem”, de Ivani Ribeiro
Publicado em 11/04/2019 às 16:44
Em um 11 de abril, mas de 1994, ia ao ar no horário das sete o primeiro capítulo de um remake que se tornaria icônico: De Ivani Ribeiro, com direção geral de Wolf Maya e tendo Antônio Fagundes e Christiane Torlone como protagonistas, “A Viagem”.
A trama espírita foi exibida originalmente em 1975 na TV Tupi, também como sucesso. Mas o remake tornou-se ainda mais icônico e quebrou paradigmas e preconceitos contra o espiritismo.
A história é baseada nos livros “Nosso Lar” (1944) e em “E A Vida Continua” (1968), ambos psicografados por Chico Xavier. As obras têm autoria atribuída ao espírito de André Luiz, um dos mais frequentes da biografia do médium.
O remake de “A Viagem” teve pré-produção recorde. Todos os trabalhos foram feitos em 20 dias antes da novela ir ao ar. É que a novela escolhida para substituir “Olho no Olho” era “Quatro por Quatro”, de Carlos Lombardi. Porém, a produção acabou atrasando e foi necessário a Globo intervir e adiar a trama.
A novela inovou ao mostrar um personagem ser morto e continuar na novela, como espírito. Alexandre (Guilherme Fontes) comete suicídio na cadeia, após ser condenado por assassinar o funcionário de uma agência bancária que ele assaltava. O espírito de Alexandre passa, então, a atormentar todos com quem convivia.
Vale lembrar que a novela mostrou a grande história de amor entre Diná (Christiane Torloni) e o advogado Otávio Jordão (Antônio Fagundes), que sofrem com idas e vindas, muitas delas promovidas pelo espírito de Alexandre.
No quesito audiência, “A Viagem” fez bonito. A trama tem a melhor audiência da década de 90 no horário das sete. Foram 52,04 pontos de média geral na Grande São Paulo, principal praça do mercado publicitário.
O último capítulo da novela foi o programa mais visto da Globo. Em 22 de outubro de 1994, “A Viagem” chegou ao fim mostrando as muitas vidas de Diná e Otávio como almas gêmeas e obteve 53 pontos de média. A novela das nove, “Pátria Minha”, naquele mesmo dia, marcou 50.
O NaTelinha falou com a colaboradora Solange Castro Neves, que deixou uma linda declaração sobre a autora Ivani Ribeiro e a novela “A Viagem”.
Confira o depoimento na íntegra:
"Era uma mulher forte, dona de uma disciplina exemplar. A nossa convivência foi maravilhosa, cercada de muito respeito e amor . Ivani era uma grande contadora de histórias e tinha o dom de saber ouvir o outro . Uma das maiores lições deixadas por ela foi que não devemos permitir que nada nem ninguém , atrapalhe o ritmo do nosso trabalho e assim quando entro no meu escritório os problemas ficam do lado de fora. “A Viagem” foi uma novela que me ensinou a respeitar todas as religiões e me deu a certeza que todas levam ao Pai Maior. A palavra Religião e religar! Nos 14 anos vivencie e aprendi na prática muito mais que nas faculdades que cursei . Para todos aqueles que gostem de escrever eu deixo o caminho que segui junto com minha mestre ; Sejam grandes observadores da vida , aprendam a escurar até mesmo o silêncio.
A verdade é que não existem palavras que possam descrever Cleide de Freitas Alves Ribeiro a nossa Ivani Ribeiro . Acredito que ela foi a maior criadora de emoções da teledramaturgia além de ter sido a primeira mulher a ter um programa de radioteatro exclusivamente seu . Uma mulher a frente de seu tempo. Foi poetisa, locutora, radioatriz,e compositora de mais de 50 sambas Como pessoa era especial , mãe carinhosa, amiga Leal e uma esposa que viveu lado a lado com seu grande amor.Ivani era a outra face de Cleide de Freitas Alves Ferreira, ou melhor, o seu lado romântico , meigo, comunicativo, sonhador .
Ela dizia que gostava muito mais da Ivani porque a Cleide era muito fechada, desconfiada, enérgica ,que nunca quis a fama preferia o anonimato. Até mesmo no silêncio. Uma escritora é parecida com uma psicóloga tem que analisar todos os personagens, trabalhar com seus esqueletos, aparando suas arestas, dando equilíbrio e veracidade a eles sem tirar, entretanto, as suas essências. A Viagem foi um marco um divisório na vida de muitas pessoas pois apesar de ser uma ficção ela fez as pessoas pensarem na vida depois da morte, na missão de cada um no planeta terra, no livro arbítrio de cada um e na importância da Lei do Retorno. A novela deu certo também graças a interação entre os diretores e roteiristas, e a todos que participaram da trama, formando uma verdadeira família . A todos a minha gratidão! E a vocês por essa homenagem, tenho certeza que de onde estiver Ivani está feliz por esse reconhecimento".