Protagonistas de O Debate, Paulo Betti e Débora Bloch querem mudança: "Tá destruindo o país"
O longa estrelado pelos atores estreia nos cinemas nesta quinta-feira (25)
Publicado em 25/08/2022 às 04:00,
atualizado em 25/08/2022 às 08:08
Nesta quinta-feira (25), O Debate chega aos cinemas com uma história que acompanha os bastidores do último debate presidencial antes do segundo turno das eleições do Brasil atual. Apesar de não citar nomes de candidatos, o longa não se distancia da realidade e se posiciona claramente contra a reeleição do político de extrema direta. Paulo Betti e Débora Bloch, protagonistas da produção, também não escondem que desejam uma mudança com o resultado das urnas em outubro. "Não se trata mais de PSDB ou PT. Hoje estamos em uma discussão muito maior, se é a democracia ou se é um regime que tá destruindo o país", pontua o ator, em entrevista ao NaTelinha.
No filme, Betti e Bloch vivem Marcos e Paula, editor-chefe e apresentadora de uma emissora de TV, que promovem um embate ético, moral e ideológico. A dupla, que está se separando após quase 20 anos juntos, discute como deve conduzir a edição dos melhores momentos do debate que o canal vai exibir, o que pode interferir na escolha dos eleitores indecisos e influenciar no resultado do pleito. Em 76 minutos, o longa, escrito por Jorge Furtado e Guel Arraes e dirigido por Caio Blat, também trata de temas como monogamia, aborto, desejo e ciúme.
"O filme tem um argumento que provoca muito a atenção das pessoas. Acho que ele vai provocar a curiosidade para o tema. Isso eu acho interessante: promover o incentivo ao debate. Não só o debate dos presidenciáveis, mas o debate das pessoas, que as pessoas tentem conversar se ouvindo. Nós estamos numa ausência de debates também entre as pessoas. Cada um tá fechado no seu ponto de vista", expõe Paulo Betti, dizendo que sua expectativa é que o longa ajude a colocar questões em conversas amigáveis.
Já Débora Bloch fala do trabalho citando uma frase de sua personagem: A diferença entre uma discussão aqui no ocidente e no Japão é que aqui você quer convencer o outro e no Japão você quer ser convencido. "Ser convencido quer dizer que você quer escutar, e a gente perdeu o hábito de escutar, de discutir as ideias. O filme vem também pra isso, pra dizer 'vamos se ouvir. Vamos ouvir o ponto de vista do outro, as ideias'. A gente tá vivendo um momento em que a gente parou de discutir ideias. As pessoas só querem falar, ninguém quer ouvir, ninguém quer saber."
"A gente tá discutindo o negacionismo, o ataque às urnas, mas sem nenhum argumento, sem nenhum fundamento. Não tem ideias sendo discutidas. Tem mentiras, invenções, fake news sendo jogadas. As pessoas pararam de querer se informar e a ideia do filme é justamente trazer essa discussão, trazer esse debate, que as pessoas voltem a discutir ideias e não invenções, fake news, mentiras."
O Debate: Débora Bloch diz que não se posicionar é ser conivente
Paulo Betti e Débora Bloch fazem parte do grupo de artistas que expõem suas opiniões políticas publicamente e são, assumidamente, contra o governo de Jair Bolsonaro (PL). Para a atriz, não se posicionar já seria escolher um lado. "Eu acho que as pessoas têm que ser livres pra fazer o que elas querem. Se as pessoas querem se posicionar na rede social ou não... É uma decisão de cada um. Mas, ao mesmo tempo, eu acho que você não se posicionar, neste momento tão grave que eu acho que a gente tá vivendo, já é uma posição."
"Quando você vê a violência na sua frente e não fala nada, não faz nada, você tá tomando uma posição, tá sendo conivente com aquilo. Se você vê uma pessoa sendo atacada injustamente, sem nenhuma razão, e você não faz nada, você tá sendo conivente com aquilo. Se você vê o que tá acontecendo no país e não diz nada a respeito, é porque você está de acordo. Acho que as pessoas têm que ser livres pra fazerem o que quiserem, mas não se posicionar já é uma posição", completa ela.
Betti concorda com a colega de elenco e frisa que, durante toda a vida, sempre teve o desejo de participar de questões políticas e se envolver, se posicionando. "Hoje estou muito mais convicto do que nunca. Não se trata mais se é PSDB ou PT. Hoje estamos em uma discussão muito maior, se é a democracia ou se é um regime que tá destruindo o país. Tá destruindo do ponto de vista cultural, econômico, ecológico... A coisa que mais me toca é a questão ecológica. Eu vejo a destruição da floresta e sinto que é uma burrice tão grande. Parece que eu tô vendo alguém ser agredido na rua e aquela pessoa precisa que eu ajude."
"Estão matando alguém ali e você não vai ajudar aquela pessoa que está sendo agredida, que está sendo morta? Eu acho muito estranho. Cada um faz o que quiser, mas, no poema clássico de Dante, o primeiro ciclo do inferno é ocupado pelos neutros, pelos mornos, pelos que não tomam atitude, não cheiram nem fedem. Os que não querem se comprometer com nada, às vezes, ainda acusam quem está se comprometendo, acusam de estar fazendo a coisa errada. Acho que é um momento grave e cada um vai saber o que fez, vai ficar na sua conta pessoal. Cada um faz o que bem entende", acrescenta o veterano.
Sobre o resultado que os deixaria felizes após a apuração das urnas em outubro, os atores apontam para a esperança que viria com a mudança e dizem que o filme é uma discussão sobre a responsabilidade da imprensa e um elogio à classe. "Nunca fomos tão dependentes e nunca depositamos tanta confiança na imprensa. Eu vejo o filme um pouco como uma homenagem aos jornalistas", finaliza Paulo Betti.
Confira uma cena exclusiva de O Debate e o trailer do filme:
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