Cássio Scapin faz reflexão sobre chegada dos 60 anos e fala do Castelo Rá-Tim-Bum: "Quando você vê, já foi"
Ator, que segue em cartaz no teatro, abriu o jogo e comentou que está vivendo a "crise dos 60"
Publicado em 06/06/2024 às 10:41,
atualizado em 06/06/2024 às 10:48
Prestes a fazer 60 anos, Cássio Scapin marcou a infância de muita gente na década de 90, quando deu vida a Nino, protagonista do clássico Castelo Rá-Tim-Bum, da TV Cultura. Em meio à contagem regressiva para a nova idade, o ator abriu o jogo e falou sobre carreira, amores e as perspectivas para o futuro.
"Nunca tive crise, nem aos 30, nem 40, nem aos 50. Aos 60, pegou. Aos 60 é a constatação objetiva que você não dobra mais. O que acontece é que você é arremessado de uma maneira muito impiedosa à finitude, e à finitude de tudo", declarou Cássio Scapin em entrevista ao Gshow.
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"Não quero engolir sapo, não preciso mais. Todas as questões que a gente atravessa na vida, de fama, sucesso, dinheiro, essas fases eu já passei por todas. Você começa a ver as pessoas se despedindo, morrendo, e você tem essa relação muito clara com o fim. O que me pega muito daqui pra frente é a questão de 'até quando vai durar minha autonomia física e mental?'. Porque, uma vez perdido isso, eu não tenho interesse mais", questionou o artista.
"Fujo da fila da prioridade, tá? Não quero ter prioridade, não quero tirar a carteirinha para estacionar. Não quero me aposentar", avisou Scapin. "Sou muito caxias, né? Segunda, quarta e sexta, faço balé clássico, depois saio de lá, almoço, e faço uma hora de academia todos os dias", contou.
"Faço de vez em quando um botoxzinho para segurar, acho que tem que fazer. Sou um Fusca 63, mas nem por isso vou estar enferrujado, sem pintura, sem lustre no capô. Não faço nada radical, só um retardamento do envelhecimento. Não adianta não envelhecer, isso é impossível. Sempre falo que é higienização, você dá uma higienizada na sua imagem. Sempre faço uma limpeza de pele, um tratamentinho para estar bonito. A gente merece, e o outro também", comentou Cássio.
De namoro com o farmacêutico Diego Redondaro, ele defendeu a necessidade de cada um buscar a felicidade. "Me perguntaram outro dia quando é que eu saí do armário. Eu falei: 'Amor, não saí porque não entrei'. Nunca estive no armário, vocês viram o que vocês quiseram ver. Na primeira Parada [Gay] eu estava, quando não tinha cordão de isolamento, quando a gente não sabia se ia apanhar da polícia, lá nos idos dos anos 90. Fomos para a rua. Não preciso a cada momento dar satisfação, ou dizer alguma coisa sobre a minha relação pessoal, com quem estou ou quem deixei de estar", refletiu.
"Uma das coisas lindas no Castelo Rá-Tim-Bum é que era uma família disfuncional, e isso a gente fez inconscientemente. Era um menino criado por uma tia-avó que via de vez em quando, por um tio que era meio assim, e que os pais estavam no espaço sideral. O casamento estabelece todos os padrões de tradição e propriedade. Não quero reproduzir esse esquema", afirmou o ator.
"Não penso [em ter filhos]. Seria um péssimo pai, a gente tem que saber nossos limites. Primeiro que sou muito focado na profissão, me absorve muito. Sou pilhado, estou pensando em vários projetos, em como executar... Para o bem da criança, é melhor não", brincou.
Cássio Scapin fala sobre experiência em fazer o Castelo Rá-Tim-Bum
Cássio Scapin também falou da experiência de viver o Nino do Castelo Rá-Tim-Bum, que completou 30 anos em maio de 2024. "De repente, do nada, se juntava um monte de gente do teatro de São Paulo que já se conhecia da mesa do bar, que já se conhecia dos restaurantes, e foi fazer um programa de televisão. A Hollywood brasileira [Rio de Janeiro] era muito distante da gente, e foi um jeito totalmente diferente de fazer TV", analisou.
"Era um lugar de muita liberdade para a criação. O Castelo foi um trabalho de experimentação em vários níveis, desde do que a gente fazia como ator, até a gente mesmo inventar como ia se fazer uma cena. A liberdade de conversar com o diretor, com a câmera. Era muito divertido!", relembrou o artista.
"Todo mundo lá não fazia o Rá-Tim-Bum pensando que estávamos fazendo um programa para crianças. Todo mundo pensava nele como um programa para adulto, a gente fazia humor. A gente contava uma história, e pensava com cabeça de adulto. Acho que por isso que pegou tanto as crianças: era um papo direto, reto, sem ser didático, chato", declarou Cássio.
"Tiveram coisas chatas, teve a morte do Wagner Bello [Etevaldo], teve a morte do Chakmati [Mau], o Rodrigo Santiago [Almirante Costa]... Nós perdermos pessoas queridas durante o processo", citou Scapin, ao relembrar alguns momentos difíceis ao gravar o programa. "Teve cantada. Já aconteceu de eu ter um flerte, um date, e depois do momento a pessoa 'nossa, é uma realização!'", disse.
Por fim, ele deixou um conselho aos fãs e jovens atores. "Não perca a criança interior. É o que faz a gente viver, né?", refletiu. "Já eu acho que falaria para o Nino: 'Não tenha pressa de crescer. Aproveite os seus 300 anos, porque o tempo passa muito rápido e, quando você vê, já foi"', concluiu Cássio Scapin.
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