Patrícia França revela dificuldade após Renascer e opina sobre remake da novela
A convite do NaTelinha, intérprete de Maria Santa em 1993 responde a três perguntas de Duda Santos, que vive a personagem na nova versão
Publicado em 16/02/2024 às 04:15,
atualizado em 16/02/2024 às 11:57
Em 1993, Maria Santa marcou a carreira de Patrícia França. Primeiro papel da atriz em novelas, a mocinha da primeira fase de Renascer também parece ser um divisor de águas na vida da nova intérprete, Duda Santos, que vive a mesma personagem no remake da Globo. A convite do NaTelinha, elas trocaram perguntas e respostas.
Nesta entrevista exclusiva, Patrícia França revela que enfrentou uma grande dificuldade após Renascer. Isso porque, quando a novela ainda estava no ar, ela já havia sido escalada para protagonizar Sonho Meu às 18h, repetindo o casal com Leonardo Vieira, o José Inocêncio jovem daquela versão.
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“Saí de Renascer direto para fazer outra novela. Emendei uma na outra e senti o impacto”, comenta Patrícia. Sonho Meu, que enfrentou problemas nos bastidores, não tinha o tratamento especial dado pelo diretor Luiz Fernando Carvalho, conhecido por se aproximar do cinema e do teatro nas gravações.
Respondendo às perguntas da “nova Maria Santa”, a veterana também opina sobre o remake da história, no ar às 21h, e sobre as semelhanças e diferenças entre as duas versões da personagem. Ela se divertiu assistindo a uma das cenas, porque um detalhe específico lhe chamou atenção. Veja a seguir.
Na primeira parte da entrevista, Patrícia também fez três perguntas para Duda Santos. O conteúdo foi publicado pelo NaTelinha nessa quinta-feira (15). Clique aqui e confira.
Três perguntas de Duda Santos para Patrícia França
Duda Santos: Qual foi o impacto dessa personagem na sua vida? O que você aprendeu com ela que você leva pra sempre para a vida até hoje?
Patrícia França: O que eu aprendi foi a entender que eu precisava preservar a minha criança. Levei isso para todo o sempre. Até hoje, costumo brincar que eu tenho uma criança de 12 anos que insiste em morar dentro de mim, que não quer me largar. Acho que isso veio com Maria Santa. Ela é uma criança mesmo.
Naquele momento da minha vida, eu já tinha feito Tereza Batista [minissérie de 1992 que revelou a atriz na TV]. Quer dizer, mal ou bem, eu já tinha passado por uma personagem com peso dramático muito grande, com um peso de vida. Acho que Tereza Batista é, das personagens do Jorge Amado, a mais multifacetada e a mais “pesada”, vamos dizer assim.
“Minha grande preocupação era se eu ia conseguir imprimir o frescor que a Maria Santa exigia. Entendi que eu precisava me resgatar. Então, eu diria que foi um reaprendizado, reaprender a ser a menina que, na verdade, eu era. Eu só tinha 19 anos, assim como você é também [Duda Santos está com 22].”
Patrícia França
Então, esse foi o grande aprendizado: entender que a gente deve levar a vida com leveza, com frescor. As personagens nos ensinam. A gente não sai de uma personagem ilesa. Acho que foi isso que ela me ensinou: a levar a vida de uma maneira leve e não matar a minha criança interior.
Duda Santos: Como você conseguiu se desligar dessa personagem? Como foi se desapegar da Maria Santa e dessa história? Porque, para mim, tem sido bem difícil pensar que um dia vai chegar ao fim.
Patrícia França: Do que eu me lembro, acho que o mais difícil foi desapegar do processo. O set do Luiz Fernando [Carvalho, diretor da novela original] era um templo sagrado. Ele fazia cada cena como se estivesse pintando um quadro.
Lembro bem de uma cena em que eu chegava, encostava na estátua da santa, e eu estava ali só me concentrando. Quando olhei, ele já tinha posicionado as câmeras para que eu começasse a fazer a cena ali naquela posição. Ele aproveitava cada momento do que eu fazia. Vi isso não só comigo, como com os outros atores.
“Quer dizer, quando a gente chegava propondo, ele recebia bem. Então, além de ser genial, um diretor espetacular, ele era receptivo. E trazia para o set um clima muito tranquilo e ritualístico. Foi mais difícil desapegar do processo que eu vivi fazendo a personagem. Essa foi a minha maior dificuldade.”
Patrícia França
Saí de Renascer direto para fazer outra novela. Emendei uma na outra e senti o impacto. E Renascer foi como se nós não estivéssemos fazendo uma novela. A gente estava fazendo um filme misturado com teatro, porque esse era o ritmo que o Luiz impunha no set.
Duda Santos: Você encontrou semelhanças entre as nossas Marias Santas? Como foi vê-la de novo? O que achou de diferente, o que achou de parecido?
Patrícia França: Vi uma cena que você fez, em que a entonação da fala foi parecida com a minha. E eu dei tanta risada! Achei tão engraçado… É aquela cena em que Maria Santa diz pra mãe: “Olha, os peitos já estão amarrados, mas o que eu faço com as pernas?”. Obviamente, você fez sem querer, mas eu achei engraçadíssimo, porque eu me lembrei exatamente do dia em que eu fiz a cena.
Fora isso, acho que a sua Maria Santa é muito diferente da minha, e é óbvio que é diferente. Nós sofremos influências artísticas diferentes, temos referências diferentes, somos de lugares diferentes [Patrícia nasceu no Recife e Duda é natural do Rio de Janeiro]. O Brasil são vários países dentro de um só, várias culturas interagindo. Então, somos pessoas absolutamente diferentes.
Você está vivendo em 2024, eu vivi na década de 1990, de lá pra cá muita coisa mudou. Então, a sua Maria Santa é outra, e que bom! E ela está sendo muito bem recebida, assim como a novela está sendo muito bem recebida. O namorado da minha filha, que tem a sua idade, me disse que está vendo a novela, e ele não é noveleiro de jeito nenhum! Que bom! Viva Renascer e viva a sua Maria Santa! Que Deus te abençoe muito, e que essa personagem te traga muitos frutos!
Assista à abertura de Renascer:
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