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Bem produzida em antiga fórmula: uma grata surpresa chamada “La Casa de Papel”

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"La Casa de Papel" terá terceira parte em 2019 - Fotos: Divulgação

Sabe aquela série que você começa a assistir sem esperar muito e daí ela te surpreende? Esse é o sentimento quando você tem a chance de assistir "La Casa de Papel", disponível no Brasil oficialmente na Netflix. A série foi exibida primariamente na Espanha, quando foi reeditada em duas partes e a primeira chegou ao Brasil, já se tornou um sucesso junto ao público.

O pano de fundo da narrativa é o roubo a Casa da Moeda da Espanha. Para executar este plano audacioso, o Professor recruta especialistas de diversas áreas e os concentra em uma grande casa de campo afastada dos grandes centros, no subúrbio, numa espécie de treinamento meses antes de encarar o assalto. A condição imposta pelo ‘mestre’, de modo a garantir que a relação entre eles siga de maneira ‘impessoal’, foi atribuir nomes de cidades à todos os membros da equipe: Tóquio, Berlim, Moscou, Nairóbi, Rio, Denver e Hélsínqui e a um a um foram orientados a não abrir sua vida pessoal.

O Professor parecia ter tudo muito bem controlado para que não houvesse falha, mas é aí que a série ganha vida: tudo começa a dar errado e a ação fica por conta da imersão que seguimos na história particular de cada personagem, ao tempo que os capítulos avançam. "La Casa de Papel" explora aquela antiga fórmula, muito presente em testes psicológicos, treinamentos empresarias e hoje nos reality shows: o confinamento.

Colocar pessoas de lugares diferentes, com histórias diferentes, pensamentos diferentes, onde cada um pouco se conhece é colocar a prova a sobrevivência humana. Em meio a reflexões pessoais, flashbacks, discussões e muita terapia em grupo, eles resistem porque o foco está resumido em uma vida melhor fora dali. Por isso a relação humana, o propósito e essa imersão em conflitos, desejos, paixões e tudo o que se guarda dentro do ser humano é atraente e inspirador, principalmente porque buscamos o desfecho dessa insanidade toda, talvez muito mais que os próprios personagens.

Bem produzida em antiga fórmula: uma grata surpresa chamada “La Casa de Papel”

A série tem poucas cenas de ação, mas são bem produzidas e pontuais, criando dinâmica por toda a narrativa. Outro ponto alto da série é a trilha sonora. Além da música de abertura, o hino "Bella Ciao" não sai da nossa cabeça, e da forma como foi inserido na história faz com que a gente compre a ideia de que a justiça está sendo feita, dando espaço e vez para minorias, como é o caso do grupo do Professor. Aliás, deixar o telespectador nessa confusão mental de quem é o herói e quem é o vilão é mais um ponto positivo. No desenrolar da série você se pega por diversas vezes pensando nestes estereótipos.

Outro ponto que merece ser destacado é a estratégia de marketing da cerveja Estrella Galicia. A marca faz um ‘product placement’ durante toda a série e consegue inserir o produto dentro da história de maneira tão discreta que quase passa desapercebido entre os espectadores, mas que deixa o registro da marca até a última cena, fazendo parte do contexto do desfecho da trama.

Agora que a parte 2 já foi liberada no Brasil, resta ficar na torcida para a terceira, que foi anunciada na semana passada, não demore para ser produzida e que também não decepcione o legado deixado pela série no país e a legião de fãs que foram criados. Sou um deles, inclusive confundido fisicamente com o próprio professor pelos corredores das faculdades que leciono e nas redes sociais. Bella Ciao, ciao, ciao...

Eduardo Soares é Jornalista, Publicitário e Professor Especialista em Mídias Digitais, residente na cidade de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Faça como ele, envie sua análise, crítica ou reflexão sobre a TV.

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