Publicado em 20/11/2024 às 06:54:00,
atualizado em 20/11/2024 às 10:22:09
Um dos destaques da programação da CNN Brasil, Basilia Rodrigues lida com a notícia desde muito cedo, o tempo todo, e por isso é uma das maiores referências da cobertura política nacional. A jornalista se tornou também uma das poucas profissionais negras com o merecido destaque na imprensa brasileira.
Em entrevista exclusiva ao NaTelinha, Basilia fala sobre a sua premiada carreira, comenta a fama de bem informada, revela paixão pela música e analisa a discrepância racial que há no meio - ainda que existam algumas iniciativas, o movimento é tímido e está, sobretudo, atrasado.
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"O Jornalismo lida com verdade e mentira desde sempre. Nos últimos tempos, virou artigo de primeira necessidade para quem não admite se desconectar da realidade. Entre os pontos altos da minha carreira, posso elencar o julgamento do mensalão em 2012, os protestos de 2013, o impeachment de 2016, as várias eleições que acompanhei, Lava Jato, pandemia", lista Basilia Rodrigues.
"Em 17 anos de carreira, me dediquei a explicar de maneira simples os rumos da política aqui em Brasília, combinei conhecimento sobre leis e Judiciário. Reflexo disso é o retorno que tenho de colegas de profissão ou público em geral quando dizem que entenderam algo a partir da minha explicação. É mais do que a notícia, é a interpretação dos fatos. Acho que a minha trajetória é marcada por isso, pela busca do que é simples de entender. Jornalistas detêm cada vez mais responsabilidade de contar, detalhar, esclarecer os fatos e salvar a população de qualquer tipo de lavagem cerebral", diz.
Em sua trajetória, a âncora coleciona uma passagem de 12 anos pela rádio CBN. "A primeira vez que fiz televisão foi em 2015, com participações na GloboNews e na TV Brasil, a convite de jornalistas mais experientes que me acompanhavam na rádio. Na época, eu já estava há cerca de 7 anos na CBN cobrindo política. É engraçado porque nunca idealizei fazer nem rádio, nem TV. Eu só queria informar muito bem as pessoas e fazer disso um diferencial. Então, sempre pensei mais no método de fazer Jornalismo, independentemente da mídia", lembra.
"Entrei na CBN aos 19 anos e saí de lá apenas porque recebi uma proposta importante da CNN. Fazer rádio e fazer TV, tem suas diferenças. Não leio teleprompter em nenhuma análise ao vivo. Por razões óbvias, no vídeo, você fica mais exposta, mas não deve esquecer nunca que o mais importante é a notícia. Essa base é firme e resiste a qualquer dificuldade de um 'novo momento'", explica a apresentadora de O Grande Debate.
"Sigo no hard news com notícias e análises pela manhã. Atualmente, estou no Live CNN. São quase 5 anos, desde o primeiro dia da TV no ar. Durante este tempo, em 2021, também criei o CNN Dois Lados, que basicamente é um quadro de debates quase sempre com dois políticos. Entro na programação da noite com O Grande Debate, que evidencia um aspecto muito importante da minha carreira que é a mediação, algo que eu desenvolvi aqui", declara Basilia Rodrigues.
"Sou uma pessoa que gosta de construir: fontes, temas, quadros, entrevistas, programas. A CNN é um espaço aberto justamente para isso, para o bom Jornalismo, de muito trabalho e alcance do público. A chegada da emissora ao Brasil impulsionou diversas marcas a colocarem seus projetos na praça, expandiu a concorrência e consequentemente elevou a qualidade dos profissionais e dos produtos. Seguimos cada vez mais apaixonados por fazer notícias e análises", opina.
A jornalista também comenta sobre a fama de bem informada entre telespectadores e colegas. "Vejo com muita responsabilidade e sentimento de dever cumprido. Jornalismo é confiança e credibilidade. Estamos sempre sujeitos a erros não propositais. Para mim, e creio que para o público, o que vale mesmo é seguir inabalável no compromisso de apurar com fontes próprias, olhar coerente, notícia com fato e não com ironias, bobagens, repetecos que nada informam, apenas escondem (ou escancaram, né?) a falta de conteúdo", analisa.
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Na conversa com o NaTelinha, Basilia Rodrigues detalha como é o seu dia a dia, curiosidade entre muitos telespectadores. "A minha rotina é apurar informações, fazer exercícios físicos, estudar, ter tempo sempre para minha família e apurar mais. É sério, eu amo apurar. Fora da tela, participo de eventos, palestras, treinamentos, mediações dentro e fora de Brasília. Agora, o meu lado B é cantar. Adoro MPB, samba, e canto informalmente desde criança, quando estou com amigos ou no meu Instagram. É o meu momento de paz, reflexão e felicidade", revela.
A contratada da CNN Brasil ainda analisa a presença de profissionais negros no jornalismo brasileiro. "Acho que seguimos atrasados, tanto em quantidade de negros nos quadros de funcionários; quanto na qualidade, em vê-los em postos realmente relevantes. Há quem encare o identitarismo como uma doença. Só que banalizar o problema, infelizmente, não acaba com o problema. A escassez de negros em profissões socialmente privilegiadas é um fato. Estou falando do que define ter mais oportunidades, respeito, qualidade de vida na sociedade. Esta é uma pauta plural, que deveria ser vista por todos grupos políticos e sociais. O oposto disso é segregação", comenta.
A jornalista também fala das referências que conquistou ao longo de sua carreira. "Somos realmente um saldo do que lemos, ouvimos, das conversas que temos. Ainda na época da rádio, me chamavam de 'Basilia, a incansável'. Tive a oportunidade de me aconselhar com excelentes professores de Jornalismo, excelentes jornalistas, que apesar de origens diferentes trouxeram para mim o mesmo conjunto de propósitos, associados aos valores da minha criação", diz.
"Sempre 'visto a camisa' do que acredito, crio projetos, e trabalho com autocontrole porque há muito ruído na nossa profissão. Eu também poderia resumir isso em dois trechos de músicas que amo. Um do Charlie Brown Jr, 'quem é de verdade sabe quem é de mentira'; e outro do grande Emicida, a quem faço um agradecimento especial (ele sabe o porquê): 'você não percebeu que você é o único representante do seu sonho na face da Terra?'", filosofa.
Por fim, Basilia Rodrigues lembra de momentos marcantes ao cobrir os bastidores do poder em Brasília. "Já acompanhei bastidores de disputa dentro de um mesmo governo; muita pressão para troca de voto no momento da sessão; muitas relações circunstâncias de pessoas que não simpatizavam entre si. Enfim, a política é um lugar de negociação e amadurecimento para os profissionais que vivem com ela", conclui.
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