Publicado em 07/11/2024 às 12:40:00
O fim do Skank em 2023, após 32 anos de estrada, sensibilizou muitos fãs da banda mineira, mas os admiradores do trabalho do ex-vocalista Samuel Rosa estão matando a saudade do cantor com o lançamento do seu primeiro álbum solo, chamado Rosa.
"O Skank teve a possibilidade de cuidar do fim como cuidou do início. Foi tudo muito explícito, conversado. Eu trouxe a ideia dessa parada. Não foi de uma hora para outra, já estava ensaiado isso antes e achava que depois de três décadas não acertaria as contas comigo mesmo no fim da vida [se não tentasse]", afirmou Samuel Rosa em entrevista ao Conversa com Bial.
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O músico revelou a Pedro Bial que as dez músicas do novo álbum foram compostas em dois meses. "Conheço pessoas que compõem na estrada. Eu não consigo. Trabalho de duas formas: a induzida e a espontânea, que é meio mediúnica: você recebe uma canção pronta. Isso já aconteceu comigo. A melodia de Vou Deixar veio assim, de bate e pronto. Estava brincando no violão e veio inteira", recordou o intérprete, que está com 58 anos.
Durante o papo, Rosa falou dos três filhos - Ava, de oito meses, da relação com a jornalista Laura Sarkovas, e Juliano, 25, e Ana, 22, frutos do casamento com Ângela Castanheira, que chegou ao fim em 2018. "Fui convocado pelos deuses do destino a continuar sendo pai, porque não deixamos de ser pais. Apesar da Ava ter sido planejada e desejada, hora alguma incorporei na minha vida a ideia que seria pai após os 50 anos, me senti agraciado. Se estou sendo pai de novo é porque eu mereço", contou.
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Em recente entrevista à CNN Brasil, Samuel Rosa falou sobre seu processo de criação e abordou a relação com a paternidade e o futebol.
"Eu me patrulho muito pra não cair nesse lugar do tiozão, de julgar a música que meus filhos ouvem, tento entender que agora é a vez deles. E como eu acho que na minha geração a gente sofreu esse tipo de abordagem, tipo 'que porcaria é essa que você tá ouvindo e tal', as pessoas mais velhas torciam o nariz. E era aquela geração da qual eu com o Skank, Gabriel, o Pensador, Cidade Negra, Raimundos, O Rappa, tanta gente fez parte", comentou.
"Tem mesmo essa questão geracional, mas, por outro lado, também não sou daqueles que dizem que o novo é sempre melhor a qualquer custo. Muitas vezes não. Muitas vezes a mudança infelizmente, não é pra melhor. O moderno não é melhor do que aquela outra parada meramente porque é moderno ou meramente porque é de agora. Há que se ter também essa ressalva, né? Algum tipo de critério", disse Samuel.
"Eu acho que houve uma involução na forma de consumir música, como se a gente voltasse a comer com as mãos, abandonasse os talheres. Vamos comer com a mão de novo. Eu acho que a gente tem que andar pra frente, tem que melhorar tudo. Por exemplo, eu me lembro de mostrar alguma coisa para Ninoca [filha mais velha] no carro e ela dava o skip em todas as músicas. Falei: 'Minha filha, mas você não ouve a música?'. E ela respondeu: 'Ninguém escuta música até o final'. Ela falou que aquilo era quase uma regra. Porque é isso, é audiência. Esse mundo supersônico que a gente vive hoje, muito estressado, muita informação. É claro que isso não resulta em qualidade", refletiu o cantor.
"Eu acho que a música é entretenimento, mas também está ali para constituir uma educação, uma visão de mundo. Ela é educativa, ela é pedagógica, e você não vai aprender nada ouvindo uma música de um artista, um minuto junto com uma dancinha e tal. É um contexto e um contexto. Com Beatles ou com o rock anos 80, por exemplo, você ficava sabendo as agruras daquela juventude, o que se passava na juventude. Você pega um Tábua de Esmeraldas, um Transa, do Caetano, um disco dos Secos e Molhados do início da década de 70, aquilo te traz uma cena para um contexto e você aprende sobre aquilo que o cara falava, como é que ele pensava naquela época, como era, o que era valor, o que não era. Então essa é a minha birra com a forma de consumo de música hoje", admitiu Rosa.
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