Publicado em 24/05/2021 às 05:37:00
O autor Walther Negrão completa 80 anos nesta segunda-feira (24) com a consagração de ser um dos melhores novelistas do Brasil. O escritor é considerado um dos pioneiros em produzir obras para a teledramaturgia e o mais antigo ainda em atividade, mesmo tendo se afastado da telinha em 2017. Negrão nasceu em Avaré, cidade do interior de São Paulo, e não demorou muito para sua veia artística falar mais alto.
Logo na adolescência, ele se mudou para a capital paulista para estudar dramaturgia e chegou até a participar de algumas produções como ator na TV Tupi. Mas a escrita era sua paixão e, com apenas 17 anos, estreou como roteirista televisivo, produzindo para o Grande Teatro Tupi e adaptações de textos de rádio para a Record, onde foi colaborador na novela Renúncia (1964).
O dinamismo de seu texto chamou à atenção de outras emissoras e, de lá, partiu para a Band, emissora que confiou sua primeira experiência de novela nas mãos de Negrão. Depois de passar pela Tupi novamente, escrevendo nessa fase duas obras importantes da teledramaturgia, Antonio Maria (1968) e Nino, O Italianinho (1969), despontou na Globo em 1970, escrevendo novelas no horário das 7 e, alcançando o horário nobre três anos depois, com Cavalo de Aço (1973).
Entre altos e baixos nesse período, Negrão teve ainda sua última passagem pela Tupi, já próximo da falência do canal, onde escreveu mais quatro novelas pouco expressivas. As tramas inesquecíveis do autor se deram em seu retorno à Globo, em 1980, de onde não saiu mais.
Ao longo dos anos, o escritor marcou a teledramaturgia imprimindo seu estilo peculiar, se caracterizando pela ambientação de folhetins em praias, como Top Model (1989), Tropicaliente (1994), Flor do Caribe (2013), entre outros sucessos, e em cidadezinhas do interior, como Livre para Voar (1984), Fera Radical (1988) e Era Uma Vez... (1998), esta última em atual reexibição no Canal Viva.
Apesar de ser considerado um autor versátil, já que foi responsável pela autoria de tramas nos mais diversos horários, incluindo minisséries e seriados, nem só de sucesso o escritor marcou sua carreira. Títulos como Anjo de Mim (1996) e Vila Madalena (1999) são consideradas fracas pela crítica e não obtiveram números expressivos de audiência.
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Em seu último trabalho até então, Sol Nascente (2016), coleciona inúmeros problemas tanto no bastidor da novela quanto ao desenvolvimento, a começar pela escalação de um elenco equivocado. No núcleo japonês da trama, Giovanna Antonelli e Luis Mello marcaram presença na família oriental, mesmo não tendo traços da raça.
O próprio casal protagonista, defendido por Giovanna e Bruno Gagliasso não caíram nas graças do público. Durante a trama, depois de tanto estresse, Negrão chegou a ser internado quatro vezes com problemas de saúde.
Em abril, Negrão deu entrada mais uma vez no Hospital Israelita Albert Einstein por causa de complicações vasculares, após mais um AVC. O NaTelinha entrou em contato com a assessoria da unidade de saúde, que informou que não vai comentar sobre o quadro clínico do autor.
A reportagem também procurou a Globo, que informou que Negrão não está mais no quadro de funcionários do canal. O desejo do público é que, aos 80 anos de idade, Walther ainda possa nos brindar com mais tramas, seja ensolaradas ou ambientadas em cidadezinhas do interior como faz tão bem.
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