Publicado em 16/03/2021 às 05:06:00,
atualizado em 16/03/2021 às 09:17:33
João Doria e Datena quase foram parceiros de campanha em 2018, quando o governador de São Paulo anunciou que seria candidato ao Palácio dos Bandeirantes, enquanto o apresentador concorreria ao senado defendendo as mesmas plataformas. Porém, quase três anos depois, os dois vivem trocando farpas e já chegaram a bater boca ao vivo, como ocorreu no ano passado. Ao longo dos últimos meses, o jornalista tem feito questão de criticar algumas decisões tomadas pelo político do PSDB.
Datena sempre defendeu medidas mais rígidas contra a Covid-19, inclusive criticou a flexibilização durante as eleições municipais no ano passado. Com os recordes de pessoas mortas pelo novo coronavírus, o comunicador tem relembrado alguns comportamentos de Doria durante a pandemia.
João Doria dava entrevista ao Brasil Urgente, quando Datena questionou o governador sobre afirmar que o “pior já passou” enquanto lutava pela vacina. “Datena, volto a repetir para você: são 20 médicos especialistas que cuidam disso, não é determinação minha e nem será sua, com todo respeito que você merece, mas você fica insistindo nisso, você não é médico, não é infectologista, não é especialista. Por isso eu sigo as orientações dos médicos”, comentou.
“Nem o senhor é médico, quantas pessoas morreram em São Paulo? São 111 pessoas que morreram em São Paulo [nas últimas 24h]. É quase a metade da França inteira, quase que o total da Espanha inteira, e lá os caras estão fechando tudo e aqui a gente está em fase amarela”, rebateu Datena.
O clima ficou tenso e os dois seguiram discutindo sobre o comportamento do presidente Jair Bolsonaro e o papel da Anvisa. A discussão entre o apresentador e governador aconteceu em outubro do ano passado.
Bruno Covas é aliado de João Doria e venceu as eleições no ano passado, sendo reeleito prefeito de São Paulo. Na véspera de Natal, o apresentador criticou o aumento de salário do mandatário da capital paulista e detonou a viagem do governador para os Estados Unidos.
"Pensei que o Bruno não fosse sancionar esse projeto. Mas, de uma forma relâmpago, ontem mesmo ele sancionou e hoje foi publicado no Diário Oficial. Tanto que o Bruno caiu no meu conceito para caramba, e o avô dele deve estar revirando no túmulo com essa medida esdrúxula que ele tomou", lamentou.
“O Doria, pelo menos, teve a humildade. É difícil ver o Doria fazer esse tipo de coisa, mas ele pediu desculpas por ter viajado. Ele fez uma bobagem que não tinha tamanho, porque parecia que era feriado de São João Doria, por exemplo, e seria muito ruim competir com o Natal. Afinal, né? O Natal é nascimento de Jesus Cristo. Competir com Jesus Doria, ia ficar complicado”, criticou.
Em janeiro, o Brasil Urgente exibiu imagens ao vivo de uma festa a céu aberto que ocorria no Jardim Imperador, em São Paulo. O evento tinha centenas de pessoas aglomeradas e irritou Datena, que detonou João Doria, que havia colocado a capital na fase vermelha.
"O Doria tá de brincadeira. Os médicos todos dizem que São Paulo está em uma situação grave, alguns médicos que participam do comitê dele, Doria, dizem que se a situação não for controlada a gente vai ter que escolher entre quem vive e quem morre, e ele [Doria] decreta fase vermelha na segunda-feira, que é o feriado?", desabafou.
"Aí viajou todo mundo que tinha que viajar, por isso o povo não acredita. Se tem que decretar estado de contenção em fase vermelha, por que não decretou na sexta, passou a valer só na segunda? Não entendi qual foi a lógica do foco e da ciência do Governo de São Paulo nessa daí, não entendi mesmo", acrescentou.
Em fevereiro, em uma conversa com Cátia Fonseca, Datena criticou Doria por causa da questão das restrições ao funcionamento do comércio no estado pela pandemia. Como o gestor paulista vinha sendo pressionado a relaxar nas medidas restritivas, que estava em vigor desde 25 de janeiro, e sinalizou que poderia fazer isso “seguindo a ciência”, Datena alegou ver incoerências no discurso.
“Por que ele foi falar para o Kennedy Alencar que ele segue a ciência? Era só ele falar: 'A ciência me diz para não abrir, mas eu não posso... tenho que fazer um equilíbrio entre a ciência e tal'. Então não fica no foco só na ciência. Não vou dizer que ele mentiu porque é pesado demais”, apontou.
Datena prosseguiu: “Foi o que o cara perguntou. 'Eu não posso abrir meu boteco e o prefeito pode ir no Maracanã?' E você viu a Estação da Luz hoje? Estação da Luz completamente cheia de gente. Então não é verdade que o Doria segue ciência. Ele enfia a bota no Bolsonaro, mas também não segue ciência nenhuma. Porque o comitê diz que era para deixar vermelho igual está atrás de você aí”.
“Mas ele não vai abrir com foco na ciência nada. Eu vou botar ele falando para o UOL hoje, que ele usa a ciência. Ele não usa nada de ciência aqui. Usa mais ou menos”, pontuou o apresentador.
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Em março, Datena saiu em defesa dos comerciantes e detonou o governador de SP. O apresentador perguntou o motivo de Doria não ter sido rígido no combate a pandemia durante a eleição de 2020. “Eu nunca fui e nunca serei negacionista. Sou a favor completamente da ciência. Vou tomar vacina, você tem que tomar vacina. Enquanto não tomar, mantenha o distanciamento social”, declarou.
“Fique mais de dois metros das pessoas, se puder, se não lotarem o ônibus, o transporte coletivo como sempre lotaram. Lave as mãos, ou com água em sabão, ou passe álcool em gel. E não tire a máscara de jeito nenhum”, continuou. “E também o presidente da República diz que a culpa é da imprensa. Mas que culpa que nós temos? Coisa nenhuma”, disparou.
Em seguida, criticou Doria: “O governador de São Paulo foi avisado que o estado ia ficar do jeito que está pelo Centro de Contingência. Agora ele ouve o centro de contingência, que já passou eleições. Esperou dois, três meses. Em ciência, você não pode esperar um dia. Tem outra fala do Boulos aí, avisando o governador de São Paulo, que a situação era gravíssima e que ele tinha que ter colocado São Paulo em fase vermelha naquela época. Senão ia explodir tudo, como está explodindo agora”.
“Eu quero saber como é que os comerciantes, fechados como eles vão ficar, vão sobreviver. Porque esses já são sobreviventes da primeira onda, em que ele fechou quase tudo e, na realidade, continuou cobrando imposto. E sobe o ICMS agora e fecha de novo. Como é que o cara vai sobreviver?”, questionou.
“Eu não sou contra fechar, já que é o único jeito, não tem vacina, tem que ter distanciamento. Agora como é que você vai manter esses caras fechados, se eles já estão quebrados. Alguma vantagem esses caras têm que ter”, encerrou.
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