Publicado em 09/08/2020 às 20:49:20
Drauzio Varella fez uma espécie de crônica no Fantástico deste domingo (09) ao comentar a marca de 100 mil mortos pelo coronavírus que o Brasil chegou neste final de semana. O médico não poupou críticas ao Governo Federal e, mesmo sem citar o nome do presidente Jair Bolsonaro, jogou a culpa na autoridade máxima do país por conta do prolongamento da pandemia no país.
Varella iniciou seu discurso já explicando como tudo aconteceu sobre o avanço do coronavírus. "O Brasil superou 100 mil mortos na epidemia, muito triste. Quando o vírus surgiu na China, faltavam informações pra avaliar a situação. Muitos, inclusive eu, não previram a agressividade do vírus", explicou se referindo a um vídeo em que ele chamou a Covid-19 de gripezinha e que foi muito usada por apoiadores de Bolsonaro. "Em fevereiro, quando chegou na Europa tivemos mais notícias e pudemos constatar que a doença poderia ser grave e se muitos adoecessem ao mesmo tempo haveria colapso dos hospitais", prosseguiu.
A partir daí, o médico comentou que houve chance do Brasil evitar o pior. "Tivemos mais de um mês para nos organizar antes da chegada do vírus. Pela experiência dos outros países, já sabíamos que era fundamental adotar o isolamento social, usar máscaras e testar a população para identificar e isolar os infectados", ensinou preparando-se para criticar Bolsonaro.
Varella, que já se envolveu em outra polêmica com bolsonaristas por conta de outra reportagem no Fantástico, foi para cima do Governo Federal. "Nesta hora, não tivemos teste nem ação coordenada do Governo Federal porque nossa autoridade máxima negou o perigo que corríamos. Provocou aglomerações e fez questão de andar por aí sem máscaras. Outros políticos e uma parte da sociedade seguiram o mesmo comportamento, o resultado não poderia ser mais desastroso, perdemos o controle da epidemia. Os mais pobres, os negros, os que vivem em lugares de difícil acesso, como é o caso dos indígenas e os que moram em comunidade com situação precária do sistema de saúde formaram a maioria dos cem mil mortos", detonou em posição semelhante ao do Jornal Nacional.
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O médico aproveitou o texto para defender a existência do SUS, mas para mostrar que ele poderia não ser suficiente. "O SUS tem sido heroico, mas precisa ser preparado para atender a demanda dos locais em que a epidemia se alastra", detalhou.
"Ainda há tempo de diminuir as dimensões da nossa tragédia, desde que o Governo Federal e as demais autoridades se empenhem em testar e em convencer a população de que se andar sem máscaras e sem o distanciamento é fazer a epidemia durar muitos meses e prolongar o sofrimento das famílias mais pobres", encerrou ele numa espécie de exortação aos governantes.
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