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Neto diz que estreia na TV foi "ruim" e revela vingança contra comentarista

Apresentador da Band relembra primeiro jogo que comentou, em 1990

Neto exibe nova camisa do Corinthians no programa Os Donos da Bola
Por Paulo Pacheco

Publicado em 06/07/2020 às 16:50:00

Ainda emocionado com a homenagem recebida pelo Corinthians (que incluiu sua foto no novo uniforme), Neto falou ao NaTelinha sobre sua estreia como comentarista, durante o Campeonato Brasileiro de 1990, que conquistou com o time paulista. Uma suspensão que o impediu de jogar as quartas-de-final contra o Atlético-MG o levou pela primeira vez à cabine de transmissão da Band.

Avesso a entrevistas, o apresentador de Os Donos da Bola topou relembrar o primeiro jogo que comentou na TV. Em 2 de dezembro de 1990, Neto dividiu a cabine da Band com o narrador Silvio Luiz e o comentarista Octávio Muniz, o Tatá, no Mineirão. Conhecido pela autenticidade, o ex-camisa 10 do Corinthians avalia com sinceridade seu desempenho na estreia.

“Sinceramente, acho que fui ruim do ponto de vista da timidez. Mas falei o que eu pensava do jogo. Ninguém conseguiria analisar melhor aquele jogo porque eu conhecia todos aqueles caras”, recorda o apresentador.

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A partida era a segunda contra o Atlético-MG e valia a classificação para as semifinais do Brasileirão. No jogo anterior, Neto marcou dois gols e deixou o Corinthians em vantagem, mas levou o terceiro cartão amarelo e ficou suspenso para o duelo em Belo Horizonte.

O meia corintiano revela que foi convidado por José Luiz Datena, então repórter esportivo da Band, para atuar como comentarista. Na época, o jogador já era conhecido pelas entrevistas autênticas, sem papas na língua. A partida, assim, ganhava um ingrediente a mais fora dos gramados.

"Como eu estava suspenso, o Datenão veio me perguntar se eu topava fazer uma participação lá. Eu não vi problema e fui. Naquela época não tinha essas frescuras, que tem que pedir autorização. Hoje, esse profissionalismo em excesso tornou a boleirada meio roborizada”, critica.

Já em sua estreia, o “xodó da Fiel" imprimiu seu estilo particular, conhecido até hoje, com dezenas de elogios a um jogador e outras dezenas de críticas a outros. O áudio da transmissão chegou a vazar gritos do jogador em lances de perigo do Corinthians (como acontece até hoje). Mesmo sendo seus colegas de elenco, ele não se censurou e ficou à vontade para “cornetar” os piores momentos.

Quando o goleiro Ronaldo Giovanelli, atualmente seu colega na Band, deixou uma bola escapar, o comentarista estreante foi testado por Silvio Luiz: “Ô, Neto, o que está havendo com o Ronaldo, hein?”. O camisa 10 foi direto: “Ele tem que segurar na segunda vez, né, quando a bola chega”. Ao elogiar Fabinho, só faltou dizer que é um “baita jogador, diga-se de passagem”: “Tem que dar os parabéns para o Fabinho, que a partida que ele está fazendo é coisa anormal”.

As câmeras da Band não mostravam, mas o narrador “entregou” quando o meia não quis ver a cobrança de falta de Éder, para o Galo, ou quando gritava para seu substituto em campo, Paulo Sérgio, avançar com a bola. O zero a zero classificou o Corinthians para a semifinal do Brasileirão, e o jogo do primeiro “bico” do jogador como comentarista bateu a Globo: 23 a 17, segundo o Ibope.

Curiosamente, o ex-jogador Mário Sérgio (1950-2016), que costumava criticar a postura do meia do Corinthians em campo, não participou da transmissão. De volta aos gramados, Neto foi entrevistado por Datena imediatamente antes do apito inicial contra o Bahia. “Foi bem de comentarista, hein, rapaz?”, elogiou o jornalista. O camisa 10 não perdoou seu crítico: “Fui bem, vou tomar o lugar do Mário Sérgio”.

30 anos depois, Neto diz que não pensava em se tornar comentarista naquela época, mas admite que deu aquela resposta a Datena porque quis se vingar de Mário Sérgio: "O desejo só veio depois, mas disse isso porque o Mário me criticava demais, e brinquei com essa possibilidade”.

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