Publicado em 11/06/2020 às 05:00:00
Exibida há 35 anos na TV brasileira, Chaves talvez nem tivesse estreado no SBT sem a intervenção de José Salathiel Lage, executivo da emissora que acompanhou de perto o processo de dublagem da série mexicana. Em entrevista exclusiva ao NaTelinha, o ex-diretor revela como convenceu Silvio Santos a colocar o humorístico no ar.
Formado em administração, Salathiel Lage começou a trabalhar com Silvio Santos antes mesmo da inauguração do SBT, em 1973, como assessor de relações públicas da Silvio Santos S/A, holding do apresentador de televisão que despontava como megaempresário.
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“Silvio achava que o setor de comunicação da holding tinha que mexer com a imagem dele para um homem sério, porque o governo não dava [uma concessão de] televisão a ele porque achava que ele era muito brincalhão, não levava as coisas a sério. Tive o privilégio de participar de uma equipe que transformou isso, através de releases e de reportagens divulgando o empresário sério que ele era”, relembra.
Salathiel foi um dos responsáveis por emplacar Silvio Santos na capa da revista Veja de 28 de maio de 1975. “O sr. Senor Abravanel”, com o apresentador sentado em uma mesa de escritório, como se fosse um executivo, representou a principal “virada” de sua carreira. Um ano depois, inaugurou a primeira emissora da TVS no Rio de Janeiro (canal 11).
Agora dono de televisão, Silvio Santos se preocupava com o recheio da programação de seu canal. Além de sua própria atração dominical, produzia novelas e filmes, mas também apelou para enlatados. De shows de Jerry Lewis a concursos de miss, Silvio Santos trazia do exterior um punhado de programas, e em uma de suas viagens conheceu as produções mexicanas.
“Em uma reunião, o superintendente Luciano [Callegari] perguntou: ‘Quem entendia de dublagem?’. Falei: ‘Eu! Eu!’. O que eu entendia de dublagem eram alguns trabalhos que dublei na extinta AIC, com 16 anos. Lembro que fiz figuração nos Três Patetas e fui dirigido pelo Dennis Carvalho [atual diretor de novelas da Globo]”, recorda.
“Sem querer querendo”, Salathiel virou gerente do núcleo de dublagem da emissora e implementou uma forma de trabalho pioneira, já que os estúdios recebiam o material em rolos de filmes e os produtos importados por Silvio tinham outro formato (U-matic, semelhante às fitas VHS domésticas). O diretor equipou um galpão na via Anhanguera, onde atualmente é a sede da emissora, e treinou profissionais para operarem os novos aparelhos.
De Os Ricos Também Choram a Chispita, as novelas mexicanas exibidas pelo SBT caíram no gosto do brasileiro, porém a alta cúpula da emissora torcia o nariz para duas produções oferecidas como brinde: Chaves e Chapolin. "Chaves entrou como prêmio de consolação para o Silvio. O argumento dos mexicanos da rede Televisa era de que fazia muito sucesso entre o público latino”, recorda Salathiel. Na época, apenas Brasil e Cuba não exibiam Chaves na América Latina.
"Eram cenários e iluminação pobres, nada a ver com o tão famoso padrão Globo de qualidade. Silvio falava: ‘Quero fazer uma televisão popular, não de elite’. Eu era um dos que defendiam um padrão mínimo de qualidade, mas quando fui defender Chaves ele me perguntou se valia a pena e eu respondi: ‘Vale, apesar de não ter uma qualidade esperada, apesar de não ser moderno por ser do início da década de 1970, apesar de falar muita coisa do México, eu vejo na essência a pureza do circo que conheci quando criança’”, diz o ex-executivo do SBT.
Para convencer o patrão, Salathiel ainda citou Os Trapalhões, humorístico da Globo que estava no auge do sucesso. “Eles já apelavam um pouco para a malícia. Aliás, foi um dos meus argumentos com o Silvio: ‘Eu não gosto que minha filha assista aos Trapalhões, mas eu gostaria que ela assistisse ao Chaves!’”, disse ele, que apresentou a série mexicana para a pequena Roberta Lage, primeira criança brasileira a ver Chaves (hoje ela é jornalista).
O dono do SBT topou e mandou dublar 12 episódios, sob o comando de Marcelo Gastaldi (1944-1995), dono da cooperativa de dublagem Maga, que utilizava os estúdios da emissora. O empresário, que também foi ator, cantor e compositor, imortalizou sua voz como Chaves e Chapolin e foi, ao lado de Salathiel Lage, um dos únicos entusiastas da série, que ficaria engavetada se Silvio Santos tivesse ouvido outros executivos do SBT.
“Todos eram contra. Eles cruzavam comigo e falavam: ‘Você está louco! Você está dizendo que é bom porque você quer dublar, é trabalho para sua área’. A partir do sucesso do Chaves, o que aconteceu? Simples. eles tiveram que me engolir”, provoca Salathiel, com orgulho. Ele trabalhou durante 25 anos com Silvio Santos, e atualmente é consultor no ramo educacional.
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