Publicado em 08/03/2020 às 17:30:00
A reportagem de Drauzio Varella exibida no Fantástico do último domingo (1º), sobre a vida de mulheres transexuais em presídios brasileiros, teve grande repercussão. Com uma das histórias mais comoventes, a detenta Susy Oliveira Santos, de 30 anos, ganhou um abraço solidário do médico ao afirmar que está há cerca de oito anos sem receber visitas. Agora, ela colhe os frutos de sua aparição na TV.
Segundo a Secretaria da Administração Penitenciária - SAP, Susy recebeu uma variedade de presentes desde que a reportagem foi ao ar no Fantástico. Foram 16 livros, duas bíblias, além de chocolate, maquiagens, canetas e 234 cartas, inclusive de grupos religiosos.
As cartas direcionadas a Susy vêm de vários estados, incluindo São Paulo, Bahia, Pernambuco, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Espírito Santo, além do Distrito Federal. Ela cumpre pena na Penitenciário José Parada Neto, em Guarulhos.
A alta repercussão e a grande quantidade de respostas que recebeu teriam assustado Susy. A SAP informou que ela não deseja mais dar entrevistas diante do retorno alcançado por sua participação na reportagem da Globo. Susy também ganhou uma vaquinha, organizada por uma advogada de Porto Alegre, que já arrecadou mais de R$ 3,5 mil na internet.
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Em entrevista a Drauzio Varella para o Fantástico, Susy revelou a dura vida de uma transexual em cárcere. "Na cadeia você é obrigada a se prostituir por uma pasta de dente, um sabonete, um prato de comida", relatou. Portadora do vírus HIV, ela também falou sobre a dificuldade de travestis e transexuais fugirem da prostituição.
A detenta recebe mensalmente 75% do salário mínimo pelo trabalho da empresa que presta serviços, assim como material de higiene da unidade prisional. "Graças a esse emprego, eu não vou sair como eu entrei, sem uma forma de poder caminhar", classificou.
O depoimento comoveu o público. O próprio Drauzio Varella foi pego de surpresa pela repercussão da reportagem. "Tenho esse quadro no Fantástico há 21 anos. Nunca vi uma repercussão como essa", disse ele, em vídeo exclusivo postado nas redes sociais do Fantástico.
"Acho que estamos vivendo no país um momento de violência generalizada e não só urbana. É violência verbal. A internet que dissemina esses haters, pessoas que se odeiam… É um momento muito triste. Eu interpreto que essa repercussão toda foi porque duas pessoas se abraçaram", avaliou o médico.
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