Publicado em 23/02/2020 às 08:00:00
Em 1984, Leonel Brizola era Governador do Rio de Janeiro e vivia em pé de guerra com as Organizações Globo. Dois anos antes, o político construiu o Sambódromo da Marquês de Sapucaí e os desfiles inaugurais não passaram na emissora de Roberto Marinho, como era feito tradicionalmente, mas na iniciante TV Manchete.
Os desfiles aconteciam na Avenida Presidente Vargas, no Centro da cidade carioca, mas depois foi transferida para Avenida Marquês de Sapucaí. Os organizadores tinha muita dificuldade com a estrutura móvel, prejudicando as escolas de samba e foi decidido criar o Sambódromo.
Brizola e a Globo eram inimigas declaradas por conta da cobertura jornalística que o canal fez durante as eleições, no qual Leonel garante que a emissora favoreceu Moreira Franco, candidato opositor.
A emissora carioca e o então governo do Rio de Janeiro iniciaram as negociações dos direitos de transmissão, mas não chegaram em um acordo por conta do atrito entre José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, homem forte da Globo, e o vice-governador Darcy Ribeiro.
A maior crítica da Globo era em relação ao cálculo de pontos para consagrar a agremiação vencedora, além de discordar de como seria feita a dispersão. O clima ficou quente e tudo indicava que o carnaval de 1984 não ficaria com o canal.
A emissora também enfrentava problemas na questão de produção. Por ter já clientes fiéis, o canal não tinha dinheiro suficiente para fazer investimentos para fazer uma grande cobertura.
A direção da TV Manchete sentou e negociou com Brizola, fechando o acordo por 210 milhões de cruzeiros. Globo tinha esperança que a transmissão fosse dividida. Boni relatou, em 2011, em seu livro, que combinou a divisão com Moysés Weltman, mas o mesmo não teria cumprido o combinado após acertar o contrato com o Governo do Rio de Janeiro.
O Boni classificou a ação dos diretores da concorrência como uma "passada de perna". Já Paulo Stein garantiu que não houve acordo porque a Globo não acreditava no carnaval em dois dias, fato confirmado pelo ex-diretor da emissora carioca.
"O governo, com o sambódromo na mão, assumiu a negociação dos direitos. A coisa foi engrossando e, pressionado, achei uma saída: combinei com o Moysés Weltman [então diretor de programação da Manchete], que ele compraria o Carnaval sozinho e depois repassaria a minha parte. Esse compromisso foi assumido pedra e cal, depois dele ter consultado o Adolfo Bloch. Uma vez assinado o contrato, no entanto, o Weltman não me atendia mais, e o Bloch não respondia nenhum telefonema do dr. Roberto Marinho, que declarou guerra ao Adolpho Bloch. Ficamos fora do Carnaval”, escreveu Boni em seu livro.
A guerra ficou tensa e Moysés garantiu que a TV Manchete não era modesta e faria um carnaval para ficar na história. "Carnaval não é coisa que prenda o telespectador na cadeira", rebateu João Carlos Magaldi na época. Ele era diretor de comunicação da Globo.
Sem os desfiles, a direção da Globo optou por cobrir o carnaval com entradas jornalísticas durante a programação. A vinheta da Globo trouxe como slogan “Rede Globo: programação normal e o melhor do Carnaval”.
Para bater de frente com os grandiosos carros alegóricos e fantasias luxuosas, a alta cúpula da emissora escalou filmes de grande sucesso, numa clara tentativa de prender o público na frente da TV, mas que não teve efeito, já que a Globo chegou a ficar com 8% dos televisores sintonizados nela, enquanto a TV Manchete ficou com 70% no Rio durante a transmissão.
O Fantástico também enfrentou o carnaval e perdeu de ponta a ponta pela primeira vez desde a sua criação, em 1973. Weltman vibrou muito com a conquista e assumiu que não esperava alcançar índices tão expressivos.
Mas os números ficaram restritos apenas ao Rio de Janeiro. No restante do país, a Globo venceu e ainda teve aumento no Ibope em relação ao mesmo período de 1983, quando ela tinha a exclusividade do carnaval. Mesmo assim, Boni não escondeu sua insatisfação com Brizola.
"O Brizola, de forma demagógica, tentou inventar que a Globo quis boicotar o sambódromo. Uma infantilidade. Não iríamos perder o evento por causa disso", afirmou Boni em seu livro.
Com exclusividade, a TV Manchete montou uma mega operação para poder cobrir o evento. Mais de mil profissionais foram contratados para trabalhar na folia e mais de 80 horas de Carnaval passaram na programação da emissora, passando por cobertura jornalística, transmissões ao vivo, reprises, bailes de clubes, concursos de fantasias e apuração dos vencedores.
Comentaristas convidados escolhiam as melhores apresentações e o público conhecia cada significados fantasias e carros alegóricos. Na época, foi apontado uma transmissão inovadora.
Paulo Stein foi a voz oficial do carnaval da Manchete e contou com Fernando Pamplona, Albino Pinheiro, Haroldo Costa, Maria Augusta e Sérgio Cabral no time de comentaristas.
Apesar de ter vencido a Manchete em São Paulo, a derrota no Rio de Janeiro foi sentida pela direção da Globo e nunca mais a emissora ficou sem transmitir o carnaval, sendo atualmente a emissora oficial dos desfiles das escolas de samba da cidade carioca e também da capital paulista.
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