Publicado em 18/01/2020 às 10:08:13
Em 18 de janeiro de 1999, a Globo levava ao ar um dos raros fracassos de Aguinaldo Silva em sua carreira: Suave Veneno, que marcava sua volta às novelas sem a presença do realismo fantástico.
A trama teve uma média geral de 38 pontos e foi assombrada até por Ratinho, que vivia seu seus primeiros meses no SBT e ainda estava no auge. Temos que considerar que 38 pontos naquela época era um fracasso retumbante.
Em uma matéria do jornal O Estado de São Paulo, a jornalista Sônia Apolinária escrevia que cabia a Aguinaldo Silva manter a média de 50 pontos de audiência desejada pela direção da emissora.
A missão de Silva não era fácil. Mas, para tentar manter o horário em alta, recorreu a um clássico de Shakespeare, Rei Lear. Suave Veneno contou a história de um empresário pernambucano Waldomiro Cerqueira (José Wilker), que fez fortuna explorando jazidas de mármore no interior nordestino.
O autor ainda prometia que a cada 30 capítulos, pouco mais de um mês, Suave Veneno teria uma grande reviravolta.
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A história não pegou, e Suave Veneno, que oscilava entre 30 e 35 pontos em suas primeiras semanas, chegou ao final com média de 43 pontos e picos de 52.
O próprio autor, em uma entrevista ao periódico do Grupo, reconheceu que não era sua vez de escrever uma novela das oito. "Me pediram para quebrar o galho e eu não soube dizer não. Eu não estava preparado, tinha pouco tempo, mas precisava escrever, para que as gravações começassem", disse ele.
Aguinaldo acreditou ter saído da experiência vitorioso: "Em vez de ter um chilique, virei o jogo; transformei a novela no ar, sutilmente. Para isso, tive que eliminar a trama de suspense e matar uma das principais personagens, a Clarice (Patrícia França), o que não estava previsto. Depois, popularizei a história e passei a privilegiar os romances. Dai para a frente a novela das 20h foi o que sempre é: o programa mais visto do Brasil. Mas meu grande mérito foi mesmo ter feito as pessoas deixarem de ver Letícia Spiller como Babalu e passarem a chamá-la de Regina".
Já no ano de 1999, Aguinaldo Silva também reconheceu que o grau de exigência do público vinha aumentando e truques colocados em prática na dramaturgia anteriormente já não funcionavam mais. "Novela é ação, acontecimento. Se não, ele simplesmente muda de canal", opinou.
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