Publicado em 04/10/2019 às 11:00:00
No dia 16 de outubro, Fernanda Montenegro completa 90 anos e a atriz foi ao “Conversa com Bial”, na madrugada desta sexta-feira (04), para falar um pouco da sua trajetória profissional. Ela aproveitou o espaço para também contar sobre o lançamento do seu livro de memórias “Prólogo, ato, epílogo”, escrita pela biógrafa Marta Góes.
“Todo dia que chegava na casa dela, a mesa estava recheada de fotografias da vida toda que ela revirava e aquilo já ia provocando as lembranças”, explicou Marta, relatando que o processo de construção do livro levou cerca de 45 horas.
“Meus pais tinham vinte e poucos anos de Brasil quando nasci, mas ninguém era mais brasileiro que minha mãe e meu pai”, relatou Fernanda, que confirma que resolveu contar sua história por conta dos netos.
O programa da Globo mostrou fotos da atriz atuando em “A mulher de todos nós”, versão de “La Parisiènne”, clássico do teatro francês do século 19. Millôr Fernandes adaptou a história por conta de um pedido de Fernando Torres (1927-2008), marido de Fernanda.
A artista confirmou a Bial que aquele trabalho permitiu que eles saíssem de uma situação financeira péssima e ajudou a dar melhores condições a filha Fernanda Torres, que havia nascido há pouco tempo.
“O Fernando é o responsável pela minha aceitação, na felicidade, diante da minha vocação de atriz. Nunca tive dele nenhum impedimento, nada. Se tinha ciúme, eu não percebia. Se tinha inveja, eu não percebia”, afirmou. “Se você não tem essa parceria além do dito amor, o amor não vai existir”, acrescentou.
Emocionada, relembrou a cena icônica de “Guerra dos Sexos (1983), em que ela faz guerra de comida com Paulo Autran. “Com ele morreu uma geração, sim. Um tipo de atores que carregou o teatro desde João Caetano. Acho a morte do Paulo um sinal de fim de era”.
A atriz confessou que ficou lisonjeada em receber a indicação em 1998 pelo filme “Central do Brasil”, tendo comemorado ao lado do diretor Walter Salles. Mas, na visão de Fernanda Montenegro, há uma vitória maior em relação ao filme.
“Tenho pacotes e pacotes de alunos e professoras do Brasil inteiro, abaixo-assinado de agradecimento, pela história de uma professora que pela humanidade da sobrevivência encontra um menino, ambos se salvam, compreende?. Isso é interessante porque é como um processo também desse distúrbio que é a educação no Brasil”, emocionou-se.
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