Publicado em 19/08/2019 às 06:42:34
Não seria exagero dizer que Leandra Leal respira cultura. Filha da atriz Ângela Leal, foi praticamente criada na coxia do teatro e nos bastidores de TV. Hoje, é uma das atrizes mais contempladas da sua geração.
Ativista política, apoiadora de causas sociais e do meio ambiente, ela se orgulha de poder trabalhar em uma empresa como a Globo que, com toda sua grandiosidade, dedica parte do seu tempo para o “Criança Esperança”.
“A Globo é uma televisão gigante, uma empresa de comunicação muito grande e eu sinto muita felicidade, muito orgulho, por ela poder dedicar parte de todo esse poder para espalhar o bem e mobilizar as pessoas”, comemora.
Aos 36 anos, mais do que apoiadora, Leandra é também uma das moderadoras do programa que está em sua 34ª edição. Uma das novidades para este ano foi a data de exibição do show que passou do sábado para a segunda-feira.
Com todo o final de semana dedicado à campanha, a atriz torce para que eles consigam uma arrecadação ainda maior, embora ela tenha a consciência de que o país passa por problemas.
“Apesar de ser um ano difícil, a crise também faz a gente entender o quanto é importante viver em uma sociedade menos desigual. A crise desperta na gente uma necessidade de acolhimento e união, embora o Brasil não esteja muito unido”, sinaliza.
Para Leandra, um dos momentos mais emocionantes do programa são os VTs que trazem histórias de sucesso de jovens que tiveram muitas conquistas graças às instituições apoiadas pela ação social.
“Não tenha dúvida e fique enjaulado na sua dúvida. Procure esclarecer! No site do “Criança Esperança” tem todos os projetos que foram escolhidos esse ano pela Unesco, assim como os dos demais anos, VTs, informação, prestações de contas... Se você quer se envolver, fazer uma doação, o ‘Criança Esperança’ é um caminho muito seguro”, explica.
Ela aproveita para citar um dos projetos mais interessantes com o qual teve contato ano passado. Trata-se de uma casa em Belo Horizonte que hospeda crianças com câncer, tratadas pelo SUS, vindas de lugares que não oferecem tratamento oncológico.
“Quando você pensa no ‘Criança Esperança’ acha que é só voltado para o esporte, mas não é. Esse projeto, por exemplo, foi muito forte. É uma casa com toda a estrutura, instalações, fisioterapia, acupuntura...”, destaca.
Um dos trabalhos mais recentes da atriz na TV foi a série “Aruanas”, exibida pelo GloboPlay, e que trata sobre o desmatamento na Amazônia, uma das questões mais discutida ultimamente. Leandra é só elogios à produção que considera fundamental e torce para que a segunda temporada seja logo confirmada.
“’Aruanas’ foi um trabalho que uniu duas paixões da minha vida que são a arte e o ativismo. O meio ambiente é uma das pautas mais importantes que a gente está vivendo, porque é um caminho sem volta. Se o desmatamento na Amazônia passar do ponto que não tem retorno a floresta começa a se degradar e isso impacta diretamente o nosso futuro” aponta.
A atriz aproveita para esclarecer que o desmatamento não significa apenas cortar a árvore, tirar a casa dos animais e matar a biodiversidade, ele também é o maior causador do aquecimento global.
“É você perder a oportunidade de descobrir a cura para milhões de doenças, porque não vai ter como pesquisar aquela biodiversidade, é desregular o sistema de chuvas que atinge o Sul e o Sudeste, impactar a produção agrícola’, lista.
Em 2016, Leandra e o então conjugue, AlêYoussef, conseguiram adotar a pequena Júlia, na época com 2 anos. Hoje, uma das maiores preocupações da artista é o planeta que irá deixar para a menina.
“Toda geração tem uma queixa da anterior e eu tenho muito medo da queixa que a geração da minha filha vai ter da nossa, porque a gente pode estar deixando um deserto, um mundo quase inabitável”, dispara.
Apesar das críticas, a atriz sabe que esse é um problema mundial e não só apenas do nosso país. No entanto, aqui no Brasil ela vê a necessidade de mudar a ideia de que uma floresta em pé não é lucrativa. “É muito lucrativa e necessária para a nossa sobrevivência”, opina.
Pegando como gancho o “Criança Esperança”, Leandra sabe o quanto tem sido difícil manter a esperança diante dos problemas enfrentados não só no Brasil como, também, no Rio de Janeiro, sua cidade natal.
A atriz se emociona ao recordar as últimas ações da polícia que culminaram na morte de cinco jovens inocentes em uma semana. “É desesperador ver as famílias perdendo seus filhos a troco de nada, por nada, por uma política de segurança que é para exterminar e endereçada ao povo negro, periférico”, lamenta.
Sabendo do seu privilégio, a atriz faz uso dessas ferramentas para lutar e afirma que jamais sairia do seu país. “Eu tenho voz, tenho como compartilhar, escutar, tenho como levar mensagens... Eu não vou sair do Brasil, esse é o meu país! Eu sou muito ligada ao meu país, a minha terra, a cultura. Eu vou ficar aqui, mas estamos buscando brechas”, abre o coração.
Herdeira do Teatro Rival, um dos mais conceituados e importantes do Rio de Janeiro, Leandra cita, ainda, a dificuldade enfrentada por quem vive da arte, mas tenta captar a força do teatro com mais de 80 anos de história.
“Existe uma desumanização do artista, de quem investe em cultura. Acusam os artistas, responsabilizam, criminalizam. Um momento difícil para quem vive disso”, alega a atriz enquanto admite que no Rio a situação está mais acentuada.
“A gente vive uma crise na cidade, no Estado do Rio de Janeiro. Aqui é pior, está mais acentuado. As pessoas têm medo de sair de casa... Toda uma crise econômica, de segurança, moral, ética, mas o Rival tem 85 anos e tudo que é eterno contém a semente da transformação. Ele vai se transformar e continuar”, prevê.
Defensora da causa LGBT, Leandra diz que a iniciativa partiu da história da sua família. Criada com consciência social e humanitária, a atriz reafirma que sempre soube dos seus direitos e deveres, e fala sobre com a filha, Júlia.
A respeito do documentário “Divinas Divas”, dirigido pela artista em 2017, ela declara uma satisfação pessoal. “É um filme muito pessoal, autoral, uma coisa que eu tinha que fazer, que diz respeito a minha formação como artista. Um filme de fã! Eu sou fã daquelas 8 artistas, elas me formaram”, entrega-se.
Para finalizar, Leandra reafirma a importância de discutir, apoiar, brigar pelas causas sociais, ambientais e humanitária no Brasil. “A verdade tem que ser dita! A gente nunca teve política pública para LGBT, não teve nenhum presidente que apoiou o meio ambiente corretamente. Agora, só o discurso de ódio foi liberado”, lacra. “Eu estou aliada, de mãos dadas. É isso!”, conclui.
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