Não é fácil estar à frente do jornalismo, esporte e digital de uma das maiores televisões do Brasil.
Publicado em 06/08/2019 às 04:55:15
No último domingo (04), o jornalista Franz Vacek, 43, completou cinco anos à frente da Superintendente de Jornalismo, Esporte e Digital da RedeTV!. Em sua gestão, contratou Boris Casoy e Mariana Godoy, criou novos programas e levou a emissora à liderança de audiência com a transmissão de um jogo do Corinthians, fruto de uma parceria com uma plataforma de streaming de esportes.
"Tenho muito orgulho do que realizamos em cinco anos. Somos mais relevantes no jornalismo nacional do que éramos quando assumi. Em 2014, fizemos a maior cobertura das eleições das televisões abertas. Derrubamos a grade e ficamos mais de seis horas ao vivo. Também consegui colocar oficialmente a RedeTV! no Panama Papers, maior caso de vazamento sobre corrupção global. Nós como integrantes do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos também fomos ganhadores do Prêmio Pulitzer de jornalismo, o maior reconhecimento mundial da área", comemora o executivo.
Sobre o futuro, Franz Vacek faz suspense com os novos projetos e acredita que alguns deles possam ir ao ar ainda em 2019. "Um é totalmente fora da caixinha e mistura as linguagens de rádio e internet na televisão", revela.
Você está completando cinco anos à frente da Superintendência de Jornalismo, Esporte e Digital da RedeTV!. Qual balanço da sua gestão neste período?
Franz Vacek - Cheguei à RedeTV! em 2005 com um currículo e após a entrevista de emprego fui contratado. Em pouco tempo fiz reportagens marcantes como o desastre da TAM em São Paulo e a visita papal. Em 2008 me tornei o primeiro correspondente internacional da emissora e também repórter de guerra. A minha base era Paris. Foram coberturas como Haiti, Fukushima, Praça Tahir, Crimeia, Chernobyl, Líbia, além de viagens presidenciais, jogos olímpicos de Londres e seleção brasileira de futebol. Foram anos marcantes.
Cheguei a ter o meu carro fuzilado em Trípoli e vi a morte de perto em algumas ocasiões. Quando o Amilcare Dallevo, presidente da Rede TV! me fez o convite para comandar o jornalismo, esporte e digital da emissora, soube que o meu trabalho havia sido reconhecido e que estava diante do maior desafio profissional da minha carreira.
Hoje posso dizer que sou um dos poucos executivos de televisão no Brasil que conhece a realidade das reportagens de rua e que já passou por todas as etapas em uma redação. Assumi em 2014 com sede de mudança. Um aprendizado constante e o desejo de continuar fazendo jornalismo do outro lado do balcão. Adquiri uma visão 360 graus.
Percebi que nem tudo é possível ser realizado, mas a minha inquietude constante contribuiu para que fosse possível a criação na minha gestão de atrações hoje consolidadas na grade como o "Mariana Godoy Entrevista" e "Documento Verdade", além de aprimorar outros como o "Operação de Risco", "Rede TV! News" com Boris Casoy e Amanda Klein, "Leitura Dinâmica" e "Bola na Rede!", por exemplo. Ampliei consideravelmente o número de correspondentes internacionais, o que gera muito material próprio e não pego de agências para os nossos telejornais.
No Esporte, arrisquei desde o início para que a emissora ampliasse o DNA esportivo. Comecei com modalidades esportivas como rugbi, basquete e vôlei. Quando acabou a temporada da série B do Campeonato Brasileiro, fiz uma promessa interna que não ficaríamos sem futebol na Rede TV!. Foi uma batalha incrível no disputado mundo dos direitos esportivos, mas em pouco tempo nos tornamos a segunda maior potência do futebol em televisão aberta no Brasil. Trouxe para o nosso público a Premier League, Campeonato Italiano e Copa Sul-Americana. Chegamos esse ano a estar à frente da Rede Globo durante os pênaltis no jogo do Corinthians x Racing. Foi uma emoção enorme estar em primeiro lugar na audiência. Até eu que sou santista roxo me emocionei com o resultado do Timão. Isso comprova o meu profissionalismo (Risos).
Não é fácil estar à frente do jornalismo, esporte e digital de uma das maiores televisões do Brasil.
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No digital, os números falam por si. Chegamos a ser o nono maior canal de Youtube do planeta e nos consolidamos como o maior entre as emissoras brasileiras. Criamos uma grade digital diferente da televisiva e os resultados apareceram. O nosso Portal deixou de ser um institucional da Rede TV!. Os nossos redatores produzem conteúdo próprio e que de forma saudável concorre com o que vai ao ar produzido pelas nossas equipes da televisão. A nossa parceria com o UOL impulsionou todo o processo e não raro somos o conteúdo mais lido no portal deles. Ao lado do Google e Twitter, o Facebook acreditou nas mudanças implementadas e nos tornamos um dos primeiros parceiros deles a ser monetizado no Brasil.
Esse investimento no conteúdo digital foi um processo que nos permitiu feitos incríveis como a realização dos maiores debates multiplataforma da história do Brasil. Nunca enxerguei as mídias sociais como inimigas da televisão, ao contrário.
O nosso digital, na minha gestão, cresceu tanto que criamos uma nova empresa responsável pelo desenvolvimento de novos canais verticais de conteúdo que é a Peanuts Content. Hoje não nos identificamos mais apenas como uma emissora de televisão, mas um grande produtor de conteúdo distribuído em diferentes plataformas.
Tenho muito orgulho do que realizamos em cinco anos. Somos mais relevantes no jornalismo nacional do que éramos quando assumi. Em 2014, fizemos a maior cobertura das eleições das televisões abertas. Derrubamos a grade e ficamos mais de seis horas ao vivo. Também consegui colocar oficialmente a Rede TV! no Panama Papers, maior caso de vazamento sobre corrupção global. Nós como integrantes do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos também fomos ganhadores do Prêmio Pulitzer de jornalismo, o maior reconhecimento mundial da área.
Quais foram os maiores desafios?
Franz Vacek - São vários e vários diariamente. Não é fácil estar à frente do jornalismo, esporte e digital de uma das maiores televisões do Brasil. Os desafios aparecem literalmente 24 horas por dia. Tenho redações próprias nas nossas geradoras no Rio, Recife, Belo Horizonte, Fortaleza, além de Brasília. São questões burocráticas e administrativas que tomam muito tempo. Nesses anos o país atravessou uma das piores crises da nossa história e ainda assim apesar de demissões, sempre tentei impulsionar o mercado televisivo com contratações importantes e na criação de novos formatos a baixo custo. Na minha posição, sendo um cargo de confiança, o que agradeço profundamente, muitas vezes as decisões são solitárias. Certas questões não consigo delegar. Ninguém fará no meu lugar.
Outras vezes o que imagino originalmente na concepção de um novo projeto é modificado por diferentes fatores, o que pode ser um pouco frustrante, mas é normal. Lido com problemas o tempo todo e tenho que tomar decisões rápidas. São muitas frentes ao mesmo tempo, mas em meio a isso não posso deixar de cuidar do conteúdo e estar antenado em tudo. Erros acontecem. Aprendi que não dá para querer resultados diferentes fazendo a mesma coisa. Mudar tudo às vezes é preciso. Liderar é exemplo. Nunca será possível agradar todos, mas o negócio é nunca desistir e seguir em frente.
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Você é a favor de mais informalidade no jornais? Quais são os caminhos para o futuro do telejornalismo?
Franz Vacek - Sim. Absolutamente. Fui o primeiro executivo de televisão a deixar os âncoras de pé no Rede TV! News. Isso acabou sendo copiado e "desengessando" outros telejornais. A linguagem sempre deve ser coloquial, didática e direta. Jornalismo em televisão aberta precisa ser informal para impactar qualquer classe social. Isso não quer dizer desleixo com a postura, vestuário, etc. Não se entra nas casas das pessoas com desrespeito, ao contrário. É um difícil equilíbrio. Acho que os caminhos são vários. Hoje um celular capta som e áudio com qualidade "broadcast", mas isso não transforma necessariamente todos em jornalistas.
A informação de qualidade não é apenas a captação, mas a apuração, ouvir os dois lados, ética com a fonte, etc. A tendência no entanto é que os telejornais cada vez mais tenham elementos da linguagem da internet. Não podemos negar a influência das redes sociais no modo de fazer televisão. Tudo está conectado e em sintonia. Por isso que a interação internet com televisão deve ser constante. O público não quer apenas ser um telespectador passivo. Ele quer participar e opinar como faz nas redes sociais. No Mariana (Godoy), por exemplo, parte das perguntas são feitas pelos internautas.
Na sua opinião, âncoras de telejornais podem fazer merchans e participar de ações comerciais?
Franz Vacek - No RedeTV! News não há merchans, mas inserções de ações comerciais no conteúdo do telejornal através da programática. A tela é dividida, mas os apresentadores não interagem com o comercial. No Esporte e em outros programas há jornalistas liberados para fazerem e não vejo problema desde que o editorial continue independente e isento em relação aos anunciantes. Sou jornalista e sempre tenho um olhar cuidadoso em relação ao assunto, mas do outro lado do balcão vejo a dificuldade em mantermos muitos empregos no Brasil em um mercado televisivo tão complexo como o nosso.
Em 2015 fui convidado pela CNN para participar de um encontro deles na Coca-Cola em Atlanta. Fiz uma pergunta: "Se um dia encontrarem um rato dentro de uma garrafa da Coca-Cola que teria afetado a saúde de consumidores e a marca sendo um dos maiores anunciantes da emissora a CNN daria a notícia? A resposta foi: "As três letrinhas 'CNN' valem mais do qualquer anunciante. Seria dada a notícia porque sem credibilidade não teríamos nenhum outro anunciante." É mais ou menos isso. Jornalismo não deve ser careta, mas também certos valores não tem preço. O meu dever é ser o guardião editorial. Acho que as marcas buscam no nosso jornalismo esse valor de isenção, independência e pluralidade. Acredito que até ajuda a vender mais. Assim como nem tudo é publicável, nem tudo é vendável.
Você chegou a negociar com a CNN uma parceria com a RedeTV! há alguns anos. O que aconteceu? Como você analisa a entrada do canal de jornalismo no país?
Franz Vacek - Não posso negar que a ideia surgiu em 2015 quando eu participei de uma formação na CNN com diretores de jornalismo do mundo todo. Quando descobri que o canal americano trabalhava com o sistema próximo de "franchising" procurei a direção de parcerias em Atlanta e perguntei: "Why not in Brazil?". A resposta foi que já havia CNN em espanhol, mas respondi que a língua portuguesa e a cultura brasileira são muito diferentes de nossos vizinhos na América Latina, e convenci que eles não poderiam ignorar o maior mercado de televisão no continente após os EUA. Daí para frente conduzi um processo longo de negociação, mas que por confidencialidade não posso dar mais detalhes.
Apesar de me considerar um pouco pai da CNN Brasil, analiso com bons olhos a chegada deles ao nosso país. Será bom para movimentar o mercado e dar uma opção a mais de informação. Concorrência faz bem. Todos ganham. Desejo boa sorte a eles. Confesso que alguns talentos que foram para lá estavam em negociação comigo, mas faz parte do jogo.
A Globo sempre buscou parcerias para dividir as transmissões do futebol na TV. É um bom negócio (comercial e de audiência) exibir, simultaneamente, a mesma partida da emissora líder no horário?
Franz Vacek - Não necessariamente se a escolha do jogo da Globo for muito mais relevante do que a do outro jogo. O ideal seria a criação de horários alternativos para que o público que curte futebol tenha escolha. Nós no confronto direto com a Globo na Copa Sul-Americana, competição que trouxemos pioneiramente em parceria com a DAZN, uma empresa de streaming, chegamos a liderar na audiência com o Corinthians. Implementamos um novo modelo de negócio e hoje oferecemos na Rede TV! futebol de qualidade em diferentes dias e horários da semana, inclusive no horário nobre. O telespectador ganha com a concorrência.
Como andam as negociações para o Campeonato Inglês?
Franz Vacek - Em relação a "Premier League" não posso falar de negociações em andamento, mas posso garantir que o inglês foi fundamental para a nossa projeção no cenário de direitos esportivos e independentemente do futuro do inglês a nossa parceria com a ESPN foi excepcional. Tenho muito carinho e admiração pelo Maluf, Palomino e o pessoal todo lá. Ter tido a última temporada da Premier League, tecnicamente um dos melhores campeonatos do mundo nos deu musculatura para fecharmos com a DAZN a Sul-Americana e o Italiano. Posso assegurar que virão ótimas novidades na área esportiva na Rede TV!. Algumas podem pintar ainda em 2019. Estamos trabalhando diuturnamente para que isso ocorra, inclusive em diferentes modalidades esportivas.
Como você analisa a decisão do DAZN de não liberar mais as partidas do Corinthians?
Franz Vacek - É uma questão contratual. Eles estão seguindo a estratégia deles de implementação no Brasil e nós estamos muito satisfeitos em sermos parceiros preferenciais em televisão aberta, o que amplia a cobertura e a dimensão da marca DAZN no país. Uma plataforma complementa a outra.
Quais são os novos projetos do jornalismo e esporte na RedeTV!?
Franz Vacek - Eu não paro de imaginar novos projetos, formatos e contratações o tempo todo. Apesar de modestamente ao lado da minha brilhante equipe e todos os funcionários da Rede TV! ter dado em cinco anos nova cara ao departamento de jornalismo, esporte e digital da emissora eu não cheguei nem a 5% do que gostaria de fazer e do meu jeito na Rede TV!. Temos um canhão na mão. Há muita gente valiosa aqui.
É preciso acreditar e fazer a diferença. Respondendo essa entrevista vejo que muito foi feito, mas só consigo olhar para frente o tanto de páginas em branco que podem ser escritas aqui e na televisão brasileira. Estou tocando pilotos. Espero que alguns possam surgir ainda em 2019, ano que a emissora que me deu oportunidades fará 20 anos. Um é totalmente fora da caixinha e mistura as linguagens de rádio e internet na televisão.
Dá para fazer muita coisa. Fui contratado para fazer diferença. Tem gente que joga contra, mas inimigos são termômetros de que estamos incomodando. Sou competitivo e não gosto de perder. Fato é que a televisão é um vírus que corre no meu sangue e não sairá. Vivo mais tempo nesse microcosmos do que ao lado da minha família e olha que esse ano serei pai pela segunda vez. Não tem feriado, nada, só dedicação e os resultados vão aparecendo.
Serei um eterno repórter de alma e está nos meus planos fazer algumas reportagens especiais. A minha única imparcialidade é ser santista roxo, mas não interfere em nada no editorial esportivo (risos). Agradeço a Deus, à Rede TV! e a minha família por todas as oportunidades. Sei que escolhi a profissão certa, vi importantes páginas da história mundial com o meu microfone e hoje aos 43 anos sou executivo de uma grande rede de televisão. É um ótimo repertório, mas quero mais, muito mais.
Para finalizar, quem pensa que a televisão está com os dias contados... No Brasil, tevê aberta é oxigênio. Ela atinge gratuitamente praticamente todos os lares brasileiros sem distinção de classe ou religião. É para todos. Vida longa!
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