Publicado em 24/05/2019 às 05:45:03
O dia era 23 de maio. O ano? 1979. A Globo levava ao ar o primeiro episódio de uma série que revolucionaria o olhar feminino na dramaturgia. Ia ao ar a estreia de "Malu Mulher", série com Regina Duarte e que tratava de um tema tão atual, mas quase esquecido à época: o feminismo.
Criada e dirigida por Daniel Filho, a série teve roteiro de conhecidos nomes da dramaturgia, como Manoel Carlos e e Euclydes Marinho e teve de esperar longas semanas para a aprovação do projeto por parte da censura prévia da Ditadura Militar. Mesmo assim, a produção conseguiu a autorização e foi ao ar lançando a namoradinha do Brasil como uma mulher independente.
Segundo o site Memória Globo, foi a própria Regina Duarte quem escolheu o nome da série. Isso depois de Boni aprovar o projeto dramático. É que Daniel Filho chegou a apresentar uma sinopse num estilo sitcom americana, mas foi reprovada pelo chefão da emissora que preferiu dar um ar mais dramático e sério ao personagem.
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A escolha do nome da série e da protagonista se deu porque Malu foi o nome da primeira personagem interpretada por Regina na TV brasileira. Em "A Deusa Vencida" (1965), da TV Excelsior, ela deu vida a sua primeira Malu.
O primeiro episódio foi exibido numa quinta-feira às 22h e no total foram exibidos 76 episódios ao longo de dois anos. A série saiu do ar em 1980 e foi considerado um grande sucesso à época. Inclusive gerando um especial de música chamado "Malu 80", reunindo grandes nomes femininos da música brasileira.
Mas a produção também sofreu nas mãos da censura. Um dos episódios escritos considerados mais fortes não foi ao ar. Escrito por Walter Negrão, o episódio mostrava Malu fazendo uma pesquisa sobre prostituição e se infiltrando, fazendo-se passar por prostituta nas ruas. A personagem acabava presa e o delegado estranhava a boa postura dela, desconfiando se tratar de uma jornalista.
Na época, todos os jornais levavam para suas capas casos de um delegado que espancava prostitutas. Por conta disso, a ditadura militar decidiu censurar o episódio que somente foi liberado quando a série já tinha todos os seus episódios gravados e a produção já estava encerrado, não sendo nunca filmado.
Quarenta anos depois, a televisão e a dramaturgia continua discutindo o feminismo e oferecendo personagens mulheres e empoderadas. A figura das mocinhas sofredoras e passivas, típicas vividas por Regina Duarte entre os anos 60 e 70 praticamente deixaram de aparecer e deram espaço para as heroínas, como Maria da Paz (Juliana Paes), de "A Dona do Pedaço" ou a Manu (Isabelle Drummond) de "Verão 90", todas elas tiveram como precursora, a protagonista de "Malu Mulher".
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