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A Record não quer constranger o público nas novelas, diz diretor da emissora

Anderson Souza, diretor de dramaturgia da Record, concedeu rara entrevista ao NaTelinha

Reprodução/Record
Por Sandro Nascimento

Publicado em 21/05/2019 às 05:00:14

O diretor de teledramaturgia da Record, Anderson Souza, aposta no humor e na relação gata e rato entre Sophia (Camila Rodrigues) e Antônio (Felipe Cunha) para o sucesso da novela "Topíssima", escrita por Cristianne Fridmann, que estreia nesta terça-feira (21).

Além disso, em entrevista exclusiva ao NaTelinha, o todo poderoso conta que o diferencial dos folhetins exibidos na Record em relação aos da Globo é que em sua emissora eles não constrangem o telespectador e podem ser assistidos em família.

"Acredito que sim (ter perfil família diferente da Globo). O interessante que não é só uma questão da emissora. Nós temos nossos valores e nós queremos favorecer a família, mas foi um apelo do próprio público. Frequentemente encomendamos pesquisas na Kantar Ibope para ouvir o público. Percebemos que muitas senhoras, mães, falando que não são preconceituosas, que existe uma diversidade, que as pessoas estão aí pra isso, mas ela não quer que isso entre na casa dela de uma forma compulsória", diz Anderson Souza, em rara entrevista.

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E completa: "Se eu quero, eu vou escolher, vou sintonizar num canal que mostre especificamente aquilo. Mas eu não quero que uma TV aberta, que é uma concessão pública, me force a assistir ou meus filhos a assistirem, ou  ter que mudar o canal, tampar os olhos do filho, ou me constranger que tô com meu pai e com minha mãe assistindo um conteúdo que não seja pra família. E esse é o compromisso que a gente tem de fazer, um conteúdo pra família".

Sobre suas expectativas para "Topíssima", o diretor conta que assistiu ao primeiro capítulo e que a história possui inúmeras características de um bom folhetim. "Tem comédia e o principal é a gata e o rato entre a Camila (Rodrigues) e o Felipe (Cunha). O casal deu química. E aí tudo que gira em torno dele a respeito também da trama policial", antecipa.

Confira os principais pontos da entrevista com Anderson Souza:

 

Expectativa em torno de "Topíssima"

A gente assistiu ao primeiro capítulo e é uma novela que tem todas as características de um bom folhetim. Ela é recheada de humor, aí a gente tem o Eri Johnson e a Cristiana Oliveira  Tem drama e tem um núcleo bem pesado da Denise Del Vecchio. Tem a história de uma menina que não se conforma com a situação de viver numa comunidade e cria situações por ser infiltrada no meio dos mocinhos, dos playboys e das mocinhas. Tem comédia e o principal que essa gata é o rato entre a Camila (Rodrigues) e o Felipe (Cunha). O casal deu química e tudo que gira em torno dele a respeito também da trama policial.

Eu sou suspeito para falar mas eu gosto muito da história. As pessoas vão se identificar. A gente volta a trazer uma trama ambientada no Rio de Janeiro, atual. O Brasil inteiro gosta de ver o Rio na televisão. Então, eu acho que promete e a gente torce que o público receba bem "Topíssima".

Investimento em momento de crise

A gente está abrindo esse leque. Precisamos também que o mercado retorne para que possamos continuar firmes, com outros projetos nesse horário. Essa é a nossa intenção. Manter os dois horários: uma com bíblica e outro com novelas contemporâneas.

Perfil família diferente da Globo

Acredito que sim. Interessante que não é só uma questão da emissora. Nós temos nossos valores e nós queremos favorecer a família, mas foi um apelo do próprio público. Frequentemente encomendamos pesquisas na Kantar Ibope para ouvir o público. Percebemos que muitas senhoras, mães, falando que não são preconceituosas, que existe uma diversidade, as pessoas estão aí pra isso, mas ela não quer que isso entre na casa dela de uma forma compulsória.

Se eu quero, eu vou escolher, vou sintonizar num canal que mostre especificamente aquilo. Mas eu não quero que uma TV aberta, que é uma concessão pública, me force a assistir ou meus filhos a assistirem.

Eu ter que mudar o canal ou tampar os olhos do filho, ou me constranger que tô com meu pai e com minha mãe assistindo um conteúdo que não seja pra família. E esse é o compromisso que a gente tem,  de fazer um conteúdo pra família.

Não constranger o telespectador. As pessoas querem chegar em casa e relaxar.  Sentar na frente do sofá depois de passarem dias complexos no trabalho. No dia a dia já existe a violência do cotidiano. Eu tenho certeza que a novela bíblica faz muito isso: ela te ensina valores, ela te mostra perspectivas, te dá uma esperança pra coisas novas. E "Topíssima" vem nessa pegada também. Uma novela pra família. Apesar de tocar em assuntos de tráficos, apesar de tocar no assunto de violência, mas é uma novela leve que as pessoas podem assistir.

Investimento em novelas bíblicas continuam?

Sem dúvida. O bíblico é o nosso carro-chefe. Nós encontramos esse mercado, que é um mercado que no Brasil é aceito, e principalmente fora dele. Hoje as nossas novelas fazem muito mais sucesso fora do Brasil. "Jesus" é primeiro lugar nos Estados Unidos para o público hispânico. Então, isso é um segmento que a gente não abre mão. A ideia é que gente tenha as 20h45, o horário bíblico, e as 19h45, sempre buscando projetos contemporâneos.

Próximas produções

As próximas bíblicas são "Gênesis", que já está sendo escrita. A gente vai contar desde a criação do mundo, passando por Noé e finalizando em Abraão.  E "Atos dos Apóstolos" que a gente já tinha falado que não é uma continuidade da história de Jesus, mas continua com os apóstolos dele. Pedro continua na história e Paulo.  Essa suas as duas novelas bíblicas que a gente já está em pesquisa e trabalhando.

Terceiro horário de novela

Nesse momento ainda não. Primeiro precisa se consolidar esse novo horário para depois dar um próximo passo.

Depois de "Topíssima"

A gente está estudando alguns projetos e ainda não posso falar.  Tem algumas sinopses e alguns projetos que a gente está estudando pra tentar dar continuidade nesse horário.

Balanço da dramaturgia

Muito positivo. Acho que a Record nos últimos anos tem contribuindo para enriquecer a dramaturgia no Brasil. A gente tem gerado frentes de trabalhos e sabemos que nosso principal concorrente de dramaturgia, hoje, não tem mais aquele celeiro, liberou muita gente. 

A Record abrindo esse segundo horário vai favorecer a equipe técnica, de produção e atores que hoje estão no mercado.  A produção independente tá muito aquecida.  A gente tem procurando fazer parcerias com produtores independentes.  Eu acho muito positivo não só esse momento da Record na dramaturgia do cinema no Brasil como um todo.

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