Relacionada à ditadura

13 de dezembro: Entenda a mensagem subliminar no 1º capítulo de Tieta

“Faz de conta que esse dia nunca existiu”, diz personagem da novela

Após expulsar a filha Tieta de casa, o velho Zé Esteves amaldiçoa o dia 13 de dezembro de 1968 - Foto: Reprodução/Globo
Por Walter Felix

Publicado em 02/12/2024 às 15:00:00,
atualizado em 02/12/2024 às 15:10:44

Em Tieta, depois de expulsar a filha da fictícia cidade de Santana do Agreste, Zé Esteves (Sebastião Vasconcelos) vai até o calendário de casa e tira a folhinha referente ao dia 13 de dezembro de 1968. “Faz de conta que esse dia nunca existiu pra mim!”, diz o criador de cabras.

A cena, que esconde uma mensagem subliminar, vai ao ar nesta segunda-feira (2), no primeiro capítulo de Tieta. A novela, exibida originalmente entre 1989 e 1990, volta ao ar na Globo para substituir Alma Gêmea no Vale a Pena Ver de Novo.

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O dia 13 de dezembro de 1968 foi a data de promulgação do AI-5 (Ato Institucional nº 5), que endureceu a repressão durante a ditadura militar. Segundo o site Memória Globo, o autor Aguinaldo Silva incluiu esse detalhe como referência à volta da liberdade de expressão na novela brasileira.

O AI-5 permitiu a cassação de políticos eleitos nas esferas federal, estadual e municipal. Também autorizou o presidente da República a intervir nos governos locais e permitiu a suspensão de direitos e garantias constitucionais individuais, como habeas corpus.

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O ato institucional virou símbolo do momento de maior violência contra os opositores ao regime militar. Segundo historiadores e estudiosos, foi o que permitiu a institucionalização da tortura, do assassinato e dos desaparecimentos como instrumentos de ação do Estado.

Tieta foi ao ar no período da redemocratização. O regime militar chegou ao fim quatro anos antes da novela, em 1985. Já a Censura Federal foi extinta em 1988, o que permitiu abordagens mais ousadas na TV. Ainda em 1989, o povo voltou às urnas para eleger o presidente da República.

Autor da novela, Aguinaldo Silva foi preso na ditadura

A novela é baseada no livro Tieta do Agreste, lançado por Jorge Amado em 1977. A adaptação coube a Aguinaldo Silva, que foi repórter durante a ditadura e chegou a ser preso por 70 dias, entre 1969 e 1970. Ele assinou a novela com Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares.

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A razão da prisão foi o prefácio que Aguinaldo escreveu para uma edição brasileira dos Diários de Che Guevara. Apesar de não ter sido torturado fisicamente, ele ficou incomunicável pelo longo período. Em seu livro Turno da Noite, relembrou:

“Ser preso é a pior coisa que pode acontecer a uma pessoa. Sua alma é apossada, decidem seus horários. Eu era muito jovem. Passar por isso por causa de um ato político é muito traumático.”

Aguinaldo Silva

Ele voltaria a citar 13 de dezembro de 1968 em Senhora do Destino (2004). Na primeira fase, foi esse o o dia em que Maria do Carmo (Carolina Dieckmann/Susana Vieira) chegou ao Rio de Janeiro e teve a filha roubada por Nazaré (Adriana Esteves/Renata Sorrah).

Assista à chamada da reprise de Tieta no Vale a Pena Ver de Novo:

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