“Tudo o que eu escrevia para um tom de comédia anárquica era dirigido de maneira suave e romântica, sem que a novela tivesse o embasamento necessário. Acabou não resultando nem em romance, nem em comédia.”
Publicado em 12/08/2024 às 15:00:00
O Globoplay disponibiliza para os assinantes nesta segunda-feira (12) a novela Pecado Rasgado, exibida às 19h entre 1978 e 1979. Foi o primeiro trabalho do autor Silvio de Abreu na emissora, do qual ele não guarda boas recordações. Em entrevista, o veterano novelista já definiu a trama como “péssima”.
Silvio de Abreu vinha do sucesso da adaptação do romance Éramos Seis para a Tupi em 1977. A elogiada produção rendeu a contratação, pela Globo, dele e do outro autor, Rubens Ewald Filho (1945-2019), que foi escrever para a faixa das 18h.
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A trama narrava a história de amor entre Teca (Aracy Balabanian) e Renato (Juca de Oliveira), que é alvo da obsessão da ex-cunhada, Estela (Renée de Vielmond). A vilã usa a sobrinha pequena em planos maquiavélicos para separar o casal.
“Pecado Rasgado era uma novela sobre turismo, que se iniciava em Paris. Depois a trama se transferia para São Paulo e Rio. Quando a maioria dos personagens embarcava em uma excursão para Buenos Aires, as histórias se entrelaçavam num navio e na capital portenha”, definiu Silvio de Abreu.
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Em entrevista ao livro Autores: Histórias da Teledramaturgia, ele comentou: “Era tudo novo, com uma narrativa que privilegiava a comédia rasgada, que ainda não tinha sido tentada em novelas. Além disso, a produção era muito complicada, e o elenco, enorme. Eu já tinha uma grande vontade de fazer comédia”.
Na época, as tramas das 19h não tinham um humor tão rasgado. “Eu queria fazer comédia mesmo, sem pudor de fazer rir”, contou Silvio. Contudo, o diretor Régis Cardoso (1934-2005) não quis arriscar a mudança e preferiu continuar no gênero romântico, marca de autor Cassiano Gabus Mendes (1929-1993) no horário.
“Tudo o que eu escrevia para um tom de comédia anárquica era dirigido de maneira suave e romântica, sem que a novela tivesse o embasamento necessário. Acabou não resultando nem em romance, nem em comédia.”
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“Foi uma experiência muito ruim, porque não saía nada do jeito que eu queria”, acrescentou. Ele disse ainda que a novela deu boa audiência porque tudo na Globo ia bem na época. Contudo, a trama não deixou marcas e acabou completamente ofuscada por Dancin’ Days (1978), exibida às 20h.
O veterano ainda pontuou: “Para ter as coisas do jeito que se quer, é necessário ter pulso forte, experiência e prestígio dentro da empresa. Uma novela é uma responsabilidade muito grande para ser colocada na mão de uma pessoa que está praticamente começando, como era o meu caso”.
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Depois de Pecado Rasgado, Silvio passou a se dedicar a outros projetos na TV. Só voltou às novelas quando Cassiano Gabus Mendes teve um infarto e o indicou para assumir Plumas & Paetês (1980). Depois, fez Jogo da Vida (1981) e se firmou como um dos principais novelistas da Globo.
No currículo, ele ainda teve sucessos como Guerra dos Sexos (1983), Rainha da Sucata (1990), A Próxima Vítima (1995), entre outros. Em 2014, virou diretor de dramaturgia da emissora, cargo do qual foi dispensado em 2020.
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