Despedida de Solteiro

Novela pré-Mulheres de Areia teve trama macabra com mortes e estupro

Globo chegou a vetar um dos temas abordados na trama antecessora de Ruth e Raquel em 1993

Despedida de Solteiro foi exibida antes de Mulheres de Areia às 18h, entre junho de 1992 e janeiro de 1993 - Foto: Divulgação/Globo
Por Walter Felix

Publicado em 21/07/2023 às 05:39:00,
atualizado em 21/07/2023 às 14:56:46

Há 30 anos, Mulheres de Areia substituiu às 18h uma novela com premissa macabra, marcada por mortes e estupro. A antecessora no horário era Despedida de Solteiro (1992), com uma história bem diferente da trama das gêmeas Ruth e Raquel (Gloria Pires), que estão novamente no ar, com a reprise nas tardes da Globo.

Escrita por Walther Negrão, com direção de Reynaldo Boury, Despedida de Solteiro foi produzida às pressas. Em 1992, a Globo já tinha a intenção de apresentar uma nova versão de Mulheres de Areia às 18h – a primeira foi ao ar na Tupi em 1973. Por conta da gravidez de Gloria Pires, a produção foi adiada para o ano seguinte.

O autor então teve que correr para criar uma história “a toque de caixa” no prazo estabelecido para substituir Felicidade (1991) na faixa das seis. Ele teve que aproveitar, por exemplo, a cidade cenográfica já definida para uma história ambientada no interior. Só que as semelhanças entre as duas novelas param por aí.

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Logo no primeiro capítulo, os amigos João Marcos (Felipe Camargo), Pedro (Paulo Gorgulho), Paschoal (Eduardo Galvão) e Xampu (João Vitti) curtem a despedida de solteiro do primeiro, que está de casamento marcado com Lenita (Tássia Camargo). Só que a festa termina com a morte da prostituta Salete (Gabriela Alves).

O delegado e o perito vão à cachoeira onde aconteceu a algazarra e encontram o corpo de Salete. Eles constatam que a moça foi vítima de estupro antes de ser assassinada. Os quatro são presos e condenados pelo crime, que, na verdade, foi cometido por Sérgio Santarém (Marcos Paulo), apaixonado por Lenita.

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Um dos amigos, Xampu, interpretado por João Vitti, fica doente na cadeia e morre na prisão. Com isso, sua mãe, Dona Emília (Lolita Rodrigues), passa a alimentar um desejo de vingança contra Pedro, culpando-o por todo o ocorrido. Isso atrapalha o romance do rapaz com a filha da empresária, Flávia (Lúcia Veríssimo).

A princípio, Xampu seria contaminado pelo vírus da Aids, doença que se alastrava pelos presídios na época. De acordo com o site Teledramaturgia, a emissora vetou a ideia. O autor comentou em entrevista: “A Globo censurou a minha ideia, com o argumento de que o tema seria um ‘vuduzão’ para uma novela das 18 horas”.

“Em vez de ser violentado na prisão, contraindo assim o vírus da Aids, como eu havia planejado, o Xampu acabou morrendo de hepatite B depois de uma briga de faca com outro presidiário contaminado. Fiquei com pena. Até plasticamente é muito complicado mostrar um personagem depauperado pela Aids.”

Walther Negrão

Apesar do início cheio de tragédias, Despedida de Solteiro foi desenvolvida como uma típica novela das seis. Deu boa audiência e foi reprisada duas vezes: no Vale a Pena Ver de Novo, em 1996, e no canal Viva, em 2015. A abertura, que simulava jogos de videogame famosos da época, é lembrada até hoje. Confira:

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