Publicado em 18/08/2020 às 05:43:37
A novela Escrava Mãe retorna ao ar na Record a partir desta terça-feira (18) substituindo o fenômeno de audiência A Escrava Isaura, que termina revelando quem matou Leôncio (Leopoldo Pacheco). E a trama escrita por Gustavo Reiz e retornou à faixa das sete na emissora paulista teve muitas histórias nos bastidores, inclusive o fato de que teve muito atraso para ir ao ar, o que gerou diversas reclamações por parte do elenco.
A emissora ligada a Igreja Universal do Reino de Deus começou a cogitar a possibilidade de levar ao ar uma história que narraria os acontecimentos prévios aos que se passaram em A Escrava Isaura em 2013. O novelista Gustavo Reiz, que havia sido responsável pela nova versão de Dona Xepa, fez a proposta e a cúpula de dramaturgia da Record gostou da ideia.
Rapidamente o projeto avançou e em 2015 as gravações começaram com o canal anunciando com pompas a ousada novela que mostraria como nasceu Isaura, pegando carona no sucesso da trama original e que havia sido exibida em 2004 escrita por Tiago Santiago. Acontece que, enquanto a produção estava sendo gravada, a Record viu o sucesso de Os Dez Mandamentos, que virou uma espécie de fenômeno bíblico e a IURD passou a ter cada vez mais espaço nos bastidores.
Ao mesmo tempo, o projeto A Caminho da Liderança perdia força e a Record via os investimentos milionários diminuindo e tendo que fazer ajustes. O primeiro foi justamente a gravação de A Escrava Isaura, que deixou de ser responsabilidade total dos produtores do canal e houve a contratação da Casablanca, para tocar as gravações. A novela foi feita integralmente nos estúdios da produtora e em uma fazenda no interior de São Paulo, não tendo nenhum vínculo com o Recnov, o ousado complexo de estúdios inspirados no Projac e que depois viria a ser alugado.
Escrava Mãe foi uma novela completamente fechada, isto significa dizer que não houve qualquer mudança na estrutura narrativa da história por conta da recepção do público. Diferente de outras produções que usaram a mesma estratégia no Brasil, no caso do folhetim isso ocorreu devido aos atrasos para levá-la ao ar. Inicialmente prevista para iniciar em 2015, o produto somente foi exibido em meados de 2016.
E Gustavo Reiz deixou todos os capítulos escritos sem saber que não teria condições de verificar as opiniões dos telespectadores. Depois, a promessa da direção da casa foi de que a novela poderia estrear enquanto ainda estivesse em gravações, para substituir Os Dez Mandamentos, o que logo foi descartado para dar espaço à tramas bíblicas, que vinham fazendo sucesso.
Diante disso, não houve nenhuma ordem para interromper as gravações e a novela encerrou, sendo engavetada. Com o estrondoso sucesso das produções bíblicas, muita gente considerou que Escrava Mãe jamais estrearia na Record, mas a cúpula do canal surpreendeu e anunciou um novo horário de novelas, retornando à faixa das sete da noite, que havia sido abandonada anos antes. Diante disso, foi programado que a trama estrearia no início de 2016, mas o sucesso de Totalmente Demais voltou a adiar o projeto, que somente foi ao ar para concorrer com Haja Coração.
O adiamento da estreia da novela acabou gerando muita confusão e o elenco ficou insatisfeito. Muita gente reclamou publicamente porque ficou preso ao trabalho enquanto a Record não colocava Escrava Mãe no ar, um exemplo foi Jussara Freire.
“É muito desgastante essa situação. Legalmente, a novela é deles, mas com isso não posso trabalhar em outra emissora, mesmo estando sem contrato. Em tempos de crise, essa notícia é f…”, lamentou a atriz em entrevistas durante o período de atraso.
Depois de estrear o Recnov e garantir que faria novelas tão boas quanto as da Globo, a Record começou lentamente seu processo de recuo nos investimentos em dramaturgia e encerrou contratos com novelistas importantes da casa como Lauro César Muniz e Carlos Lombardi. O próprio Tiago Santiago, que havia trocado a emissora pelo SBT numa contratação que acabou não vingando, não recebeu convite para voltar.
Enquanto as novelas bíblicas passavam a ganhar cada vez mais espaço na programação, a emissora optou por fechar parceria com produtoras para levar suas obras ao ar e decidiu alugar o complexo. Com isso, a Casablanca utilizou seus próprios estúdios para gravar Escrava Mãe, que foi totalmente produzida em 4K, uma das principais tecnologias do áudiovisual, o que acabou acontecendo outras vezes com produções como Topíssima.
Cria da Record, Gustavo Reiz era considerado um novelista promissor e que poderia render bons frustos ao canal. Tanto que, mesmo sendo uma obra fechada, Escrava Mãe garantiu bons índices de audiência, terminando com média de 11 pontos. Diante de praticamente o fechamento completo da dramaturgia, mantendo apenas tramas bíblicas, o autor teve o contrato, levou ao ar uma espécie de Game of Thrones tupiniquim, com Belaventura (2017). Depois ele foi o responsável pela sinopse de Gênesis, considerada a novela mais ousada já feita pela casa.
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Mas com o poderio que a filha de Edir Macedo passou a ter nos bastidores da dramaturgia da Record, houve discordâncias nos rumos da história bíblica e Gustavo Reiz acabou se desligando do projeto e da emissora. Meses depois, ele foi anunciado como a nova contratação da Globo. Atualmente, Reiz está na fila para estrear uma produção no horário das sete, embora tenha apresentado projeto até para às nove.
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