Publicado em 22/06/2020 às 06:43:00
A novela Explode Coração (1995), adicionada ao catálogo do Globoplay nesta segunda-feira (22), colocou Glória Perez no hall de autoras inovadoras ao tratar de temas futurísticos. A trama também marcou o início dos trabalhos do Projac, atualmente intitulado de Estúdios Globo, assim como trouxe uma grande discussão em torno de Ricardo Macchi, o Cigano Igor.
A história conta a vida de Dara (Tereza Seiblitz), uma jovem cigana prometida para se casar com Igor (Ricardo Macchi). Só que ela não quer seguir as tradições ciganas, tendo como objetivo ser uma mulher independente. Nesse meio tempo, ela conhece o empresário Júlio Falcão (Edson Celulari) por meio de um bate-papo na internet.
O uso da tecnologia no tema central de Explode Coração causou polêmica no país, porque a internet ainda era pouco difundida e os telespectadores ainda não estavam familiarizados com esse meio. Duas pessoas conversando por bate-papo era uma novidade, algo considerado uma ação de ficção científica.
Glória Perez já revelou em diversas oportunidades em entrevistas e redes sociais que, ao propor a abordagem do tema na novela, foi ridicularizada. No ar, muitos críticos especializados da época consideraram o universo criado pela autora “alucinado” e “completamente irreal”.
Mas o designer Hans Donner esteve em sintonia com a autora e “previu” algumas tecnologias ao criar a abertura da novela. Em um local futurista, um homem assiste a um show de ciganas dançando por uma SmarTV de tela plana, capturada via touch screen. Ainda há uma imagem de um tablet e a moça aparece em sua frente após o rapaz fazer um download.
Esse tipo de tecnologia só veio a aparecer no século seguinte, mas Hans Donner e Glória Perez se basearam em pesquisas da época e cientistas já apontavam uma direção de como seria o futuro com a internet.
Atualmente, Explode Coração é considerada um marco na televisão brasileira justamente por causa dos temas abordados. A autora, que deve voltar ao ar entre 2021 e 2022, anunciou nas suas redes sociais que usará novamente a internet como pano de fundo para sua nova história.
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Explode Coração também entrou na história da televisão brasileira por ter sido a primeira novela gravada do começo ao fim nos estúdios da Central Globo de Produção, o Projac, atualmente Estúdios Globo, localizados em Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro.
Lá, foi construída uma cidade cenográfica muito grande para que todos os personagens pudessem circular pelo ambiente. Na mansão de Júlio (Edson Celulari), o presidente das Organizações Globo, Roberto Marinho, bateu a claquete de inauguração do Projac, tornando-se um marco para a televisão brasileira.
O cenário da inauguração oficial ficou na memória dos apaixonados por televisão, porque permitiu a emissora que a cidade cenográfica pudesse ficar montada durante a novela inteira, algo que antes não era tão simples assim.
Glória Perez usou sua novela para realizar ação social e inseriu na trama uma campanha para falar da exploração do trabalho infantil e o desaparecimento de crianças. Ao unir ficção e realidade, a autora colocou na mesma cena as Mães da Cinelândia – mulheres que procuram seus filhos desaparecidos – com a personagem Odaísa (Isadora Ribeiro), que procurava seu filho Gugu (Luiz Claudio Júnior).
O assunto virou reportagens de programas de televisão e rádio, além de matérias em jornais e revistas. Empresas passaram a participar da campanha, fotos de crianças desaparecidas foram divulgadas pela imprensa e mais de 60 crianças foram encontradas graças à exibição na novela de depoimentos de mães e fotos de filhos desaparecidos.
“Lembro-me de que eu passava todos os dias pela Cinelândia e via aquelas mulheres, sentadas ali [na escadaria da Assembléia Legislativa do Rio], com o retratinho dos filhos nas mãos. Milhares de pessoas passam por lá todos os dias, mas ninguém presta atenção nelas”, contou Glória Perez ao livro A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo
“Um dia, passei, vi e pensei: ‘Meu Deus, isso só precisa de um pouco de divulgação. Se essas pessoas estiverem vivas, alguém deve tê-las visto”, acrescentou a autora. Ela também relatou que foi a campanha mais gratificante da sua carreira.
“Porque ganhou o coração de muita gente, de muitos donos de supermercados e industriais, que até hoje continuam colaborando [com fotos e anúncios nos estabelecimentos]. A campanha teve continuidade. Foi um dos poucos casos em que a novela acabou, mas a mobilização permaneceu”, revelou ao livro Autores, Histórias da Teledramaturgia.
Ricardo Macchi ganhou uma grande oportunidade ao ter papel de destaque na novela Explode Coração. Sua atuação foi massacrada pela crítica especializada da época, sendo colocado no grupo de “atores sem expressão”. Por incrível que pareça, sua atuação se tornou “icônica”, lembrada até hoje pelos brasileiros.
Mas essa lembrança não é feita de maneira positiva, pois muitos usam a expressão “Parece o Cigano Igor” para criticar uma interpretação considerada ruim de algum ator. Veículos de comunicação debateram ao longo da trama a questão do “rosto bonito” e “talento”.
Ricardo já lamentou a marca que ficou em sua carreira por conta do seu trabalho, contudo, ele agradece a oportunidade recebida por Glória Perez e Dennis Carvalho, diretor artístico da produção.
“Esse foi o meu primeiro personagem da vida. Uma obra eternizada pelo amor às tradições de um povo milenar. Reprisada diversas vezes por ser inesquecível. Explode Coração é uma das mais assistidas novelas de toda história da televisão”, comentou na sua conta do Instagram na última terça-feira (16).
Glória Perez, em entrevista ao NaTelinha em 2018, defendeu Ricardo e acredita que houve má vontade contra o ator. "Ele era novato. Foi uma escolha do Paulo Ubiratan (diretor de núcleo), que prometeu uma preparação intensiva que acabou não acontecendo. De todo modo, o cigano Igor brilhou na trama, a ponto de muita gente reclamar por ele não ter ficado com Dara", relatou.
Como dito, a abertura de Explode Coração se tornou um marco para televisão brasileira por sua criatividade e por “prever” o futuro. Por conta disso, a bailarina que dança na tela chamou atenção na época e hoje é uma das pessoas mais conhecidas do público brasileiro.
Atriz e apresentadora do É de Casa, Ana Furtado foi quem dançou na produção. Logo depois, ela veio a participar de novelas da Globo e comandou o Vídeo Show, além de ter sido repórter do Big Brother Brasil.
Ana ainda é esposa do diretor Boninho e emocionou as pessoas ao dividir com seus fãs sua batalha contra um câncer. No período em que se tratou, mostrou um pouco da sua rotina e hoje não esconde sua gratidão por ter vencido a doença.
Júlio e Tereza estavam apaixonados e uma cena de sexo entre os dois iria ser levada ao ar. Contudo, a advogada cigana Myrian Stanescon foi à Justiça pedir que a exibição da cena não fosse ao ar, porque a história era inspirada em sua vida e depreciava sua imagem e do seu povo.
Ela explicou que a tradição cigana impõe que mulheres solteiras sejam virgens. Ela conseguiu uma liminar para impedir a exibição da cena, mas a Globo derrubou com um recurso e exibiu o momento sem cortes.
Floriano Peixoto interpretou a personagem Sarita Vitti e grupos gays rejeitaram a personagem. A alegação dos movimentos LGBTQ+ na época, era que Sarita tinha um comportamento indefinido junto ao meio, pois não se caracterizava como um travesti, transformista, transexual ou drag-queen.
Mas o público mais “conservador” comprou a personagem, principalmente pelo seu jeito espontâneo. O nome dela foi uma referência às estrelas internacionais Sarita Montiel e Mônica Vitti.
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