Publicado em 08/02/2021 às 07:56:16
O diretor Silvio Toledo lançará no final de 2021 o filme A Vida Entre Folhas, uma produção que mistura mistério e cordel, mas ele confessa que há dificuldade em fazer cinema no Brasil. O cineasta explica que precisou do apoio de empresários para tirar o longa-metragem do papel. Com elenco de ponta, o enredo levantará o debate do analfabetismo no país.
“Trabalhar com cinema no Brasil não é muito fácil, trabalhar com arte não é fácil. É um momento muito difícil para a Cultura brasileira porque as políticas públicas eram escassas e estão sendo sabotadas e isso é muito ruim. A gente resolveu fazer esse projeto com recursos próprios, com parcerias, com apoios porque a gente não pode ficar refém do apoio cultural do governo. Então tomamos a iniciativa de financiar esse filme de outra maneira, como aqui em Bananeiras principalmente o empresariado da região entende a importância de se fazer um projeto como esse para a cidade, que é uma cidade turística muito bonita”, diz em entrevista exclusiva ao NaTelinha.
“Então através de pequenos apoios, de médios apoios, nós conseguimos levantar recursos para a realização desse filme. Também investimos um pouco de recursos próprios porque a gente espera um retorno positivo do público para esse filme porque temos um elenco excepcional e estamos trabalhando com tecnologia de ponta, com profissionais muito premiados e então estamos apostamos que iremos conseguir bom público com esse filme”, acrescenta.
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Além de reclamar da falta de apoio do governo, o cineasta também relembra que enfrentou dificuldade com a pandemia do novo coronavírus. O trabalho precisou ter adaptações para que nenhum profissional envolvido nas gravações fosse contaminado pela doença.
“Por conta da pandemia nós tivemos muita dificuldade na pré-produção e também na produção. Mas é uma história que precisava ser realizado e precisava acontecer. A gente não foi barrado pela pandemia, pelo contrário a gente se adaptou às circunstância, criou mecanismos para a prevenção, tomamos todos os cuidados. Fizemos testes com os atores na chegada, na saída, medidas de isolamento social, uso de máscaras, de luva. Todo o possível para evitar aglomeração e também contágio, então o cuidado constante com essa pandemia, mas isso realmente mudou muito a forma como executamos o filme. Começou porque tivemos que substituir os atores que estavam longe e ficaram receosos de fazer uma viagem complicada, então trabalhamos com atores que apostaram no projeto e enfrentaram esse desconforto e tivemos que nos adaptar em vários momentos para que pudéssemos executar o filme”, relata.
Silvio uniu a cultura nordestina e o mistério para chamar a atenção do público. “A Vida Entre Folha tem a fábula do Cordel acontecendo dentro dele. Na verdade são duas histórias que acontecem simultaneamente”, explica.
“É um filme que conta duas histórias, uma que se passa no nosso mundo comum e outro que se passa no mundo da fantasia e é realmente uma fábula do cordel. Essa fábula foi adaptada da obra do Bráulio Tavares, bastante conhecido aqui no Brasil, a obra se chama A Obra do Meio dia Ou.... Nós juntamos essa história com a obra original de Rita, que é uma personagem que resolve estudar na terceira idade e ela se encanta com esse livro do Cordel”, detalha.
A principal mensagem da produção é discutir a educação no Brasil. Na visão do diretor, educar a população é uma oportunidade para transformar o país em um lugar melhor. “A ideia de fazer o filme partiu que ajudar em si a melhorar a qualidade de vida no país, a gente pensou em abordar a temática da educação porque a gente sabe que a educação é transformadora”, opina.
“A escritora é professora de alfabetização de Jovens e Adultos e eu achei interessante a gente pegar a experiência dela e transferir para o projeto. Ao mesmo tempo eu gostaria de contar uma história de fábula porque eu gosto muito desse tema. Aí eu encontrei a história do Bráulio Tavares, que eu já admirava e aí eu resolvi juntar as duas histórias para poder realizar esse filme. É um filme que fala da educação na terceira idade e que tem as fábulas e a magia das fábulas da literatura do cordel porque é através da literatura do cordel que a Rita, nossa personagem central, irá aprender a escrever. O Brasil ocupa a oitava posição mundial em analfabetismo adulto, isso é um número muito ruim, fica atrás de vários países mais pobres que o Brasil, realmente a gente queria aproveitar essa oportunidade para tocar no assunto”, continua.
Oscar Magrini, Larissa Vereza, Cláudia Lira, Emiliano Ruschel e Paulo Cintura fazem parte de um elenco estrelado e premiado na TV, cinema e teatro. Contudo, aconteceram mudanças ao longo do tempo, já que houve atores que desistiram dos seus papéis.
“Dentre as dificuldades de realização por conta da pandemia, está o fato de que algumas pessoas do elenco acabaram desistindo de última hora e nos colocando em situação bastante difícil. Mas, ao mesmo tempo que um ator desistiu, imediatamente apareceu outro interessado. Algumas coisas tiveram que ser mudadas, realmente tivemos que fazer adaptações, mas todas elas foram sempre pra melhorar o filme. Então tudo o que aconteceu até agora, nos beneficiou. O filme ficou muito mais rico e muito melhor do que esperávamos”, revela.
Mas Silvio demonstra satisfação em ter ao seu lado atores de muito prestígio no cinema nacional. “Pra conseguir esse elenco tão bom, tão premiado, tão conhecido pro nosso filme houve uma série de fatores. Um deles foi a Cláudia Lira, uma atriz fantástica que já havia trabalhado conosco em outro projeto e que tinha contatos e amigos que ficaram curiosos sobre essa nossa produção e por indicação dela resolveram apostar no projeto. Também tivemos outros atores que apostaram no projeto por conta da notoriedade que temos conseguido com outros trabalhos realizados. Ano passado nós fomos indicados ao maior prêmio do cenário brasileiro, também estivemos presentes em Festivais Internacionais, no Festival de Brasília, isso nos deu um pouco mais de respeito na área e nos permitiu ter acesso a pessoas de mais nome”, acrescenta.
A Vida Entre Folha ainda segue sendo produzida e deverá ser liberado para o público apenas no final do ano. Toledo garante que o público acompanhará uma grande história e com produção de primeira qualidade.
“A previsão de lançamento é até o final de 2021, mas não dá pra ter certeza porque o filme tem muitos efeitos visuais que vamos realizar em pós-produção e esses efeitos são muito mais avançados de tudo que a gente fez anteriormente. Então a gente não pode dar uma previsão da data de lançamento, embora a gente pretenda ter o filme finalizado até o final do ano. Nós estamos negociando com alguns streamings, com distribuidoras internacionais, inclusive. Mas nesse momento, nosso foco é finalizar nosso filme”, afirma.
“Quem tiver interesse em acompanhar mais sobre o filme pode acompanhar no Instagram #VidasEntreFolhas ou no meu perfil @silviotoledo.cinema e ao longo do processo de captação, finalização, edição e lançamento do filme, nós estaremos divulgando material sempre do filme”, finaliza.
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